UM ESTUDO SOBRE A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO DA SEXUALIDADE, A PARTIR DA OBRA “A HISTÓRIA DA SEXUALIDADE – A VONTADE DE SABER” DE MICHEL FOUCAULT

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
UM ESTUDO SOBRE A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO DA SEXUALIDADE, A PARTIR DA OBRA “A HISTÓRIA DA SEXUALIDADE – A VONTADE DE SABER” DE MICHEL FOUCAULT
Autores
  • Luciana Pimenta Borges
  • Maria da Luz Alves Ferreira
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 09] Estudos de gênero, sexualidades e corporalidades
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113209-um-estudo-sobre-a-construcao-do-discurso-da-sexualidade-a-partir-da-obra-a-historia-da-sexualidade--a-vontade-
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Sexualidade, discurso, relações de poder
Resumo
Este estudo se configura como um incipiente ensaio com vistas a discutir sobre o dispositivo da sexualidade enquanto discurso científico, bem como a história do sexo a partir das relações de poder. O olhar diferenciado de Foucault, sobretudo sobre essa temática, fez com que, em seus estudos, ora fosse arqueólogo, ora genealogista, no sentido de desconstruir e reconstruir ideias, numa intensa e constante busca pela verdade. Podemos considerar o estudo da sexualidade como algo amplo, que envolve inúmeras instâncias, mas que, concomintatemente, nos parece algo particular, único e intimo em cada indivíduo. Faz-se interessante assim, observar os conceitos acerca dessa temática, no sentido de visualizarmos as influências deixadas para a sua concepção atual. É partindo desse pressuposto que o estudo da obra supracitada de Foucault será aqui tomada como referência. Lançaremos mão do seu olhar filosófico e crítico face o discurso da sexualidade humana. Foucault inicia seus escritos pontuando o conceito da sexualidade ocidente, dando ênfase ao século XIX, período marcado pela intensa produção de teorias acerca da sexualidade, em que o autor realiza um contraponto a hipótese da repressão. Para tratar sobre a História da Sexualidade, Michel Foucault nos apresenta A Vontade de Saber, obra cuja qual trata a sexualidade enquanto discurso, que encontra-se subjugada às relações de poder. No primeiro volume, Foucault apresenta de modo mais amplo e geral o panorama em que suas ideias e críticas estão inseridas, e que serão, a posteriori, desenvolvidas. O autor nos apresenta uma nova ótica de pensar a sexualidade, elucidando contextos e percursos históricos, que se caracterizam ora pela proliferação, ora pela repressão dos discursos. Um dos pontos relevantes dessa obra, é que, Foucault nos induz a pensar a sexualidade na sua relação com o poder. Para esse filósofo, a sexualidade está imbricada em relações de poder, e que os discursos, bem como a construção de arranjos inerentes às práticas da sexualidade, oriunda dessas mesmas relações, ou seja, a constituição de um saber sobre o sexo germina das relações desiguais de poder. Partindo dos pressupostos de Foucault, percebemos o quão necessário se faz compreender a sexualidade dentro dos diversos contextos históricos, bem como a sua interligação com as relações sociais estabelecidas entre os sujeitos. Uma das principais contribuições de Foucault foi evidenciar, a partir de seus métodos de análise, que os saberes, que até então, concebemos e julgamos como verdades, são advindas das relações de poder, atestando que não há conhecimento sem intenção ou despretensiosos. Assim, o saber sobre a sexualidade também não se encontra isento dessas relações de interesse e poder, podendo este ser tomado como exemplo de um saber constituído e legitimado por mecanismos de poder. Por isso, a defesa de Foucault em relação a construção do discurso da sexualidade. Quando Foucault apresenta, de forma peculiar, a relação entre poder e saber, inclusive no campo da sexualidade, o mesmo tende a provocar nos leitores um sentimento de desconstrução de verdades outrora tomadas como eternas, reporta-nos para uma análise crítica e questionadora face ao conhecimento concebido como padrão, legítimo, científico. As análises de Foucault apontam que a ciência moderna é fomentada e financiadas pelos que detêm o poder, moldando os interesses e necessidades das massas que não estão no poder. Nessa perspectiva, Foucault propõe uma análise que ultrapasse a linha do convencional, daquilo que é aceito como verdade científica, inclusive sobre o assunto da sexualidade. Em virtude de tal pretensão é que Foucault utiliza a genealogia enquanto instrumento de investigação. Foucault pretende com seus estudos realizar uma análise questionadora sobre o que se conhece e se relata historicamente sobre sexualidade. Busca nesse sentido, pensar a sexualidade com outra perspectiva, além das teorias já existentes, que advogam a favor da ideia de que a repressão paira sobre o sexo, impedindo-o de circular, tornando-o o indivíduo distante de uma liberdade sexual. O autor propõe pensar o discurso da sexualidade em interface com as relações de poder, sendo a primeira constituída pela segunda, respectivamente. É nessa direção que a abordagem de Foucault se movimenta, na tentativa de se desvencilhar do convencionalismo, buscando uma ruptura com os padrões estabelecidos pela ciência e moral, no sentido de encontrar a verdade sobre a questão do sexo. A sexualidade é tratada por Foucault como um dispositivo, que, em linhas gerais, pode ser traduzido com um conjunto de funções que conduzem os indivíduos a partir de interesses. Esse discurso é fomentado pelas relações de poder, não isentas de intencionalidades e pretensões. Observa-se que os discursos emergentes acerca da sexualidade são fabricados no campo da ciência, ora, ciência é o lugar das verdades, e isso não seria diferente quanto ao assunto do sexo. Por isso, a assertiva de Foucault de que a sexualidade é um discurso construído através da ciência, ciência que possui forte influência sobre os indivíduos, com grande capacidade de sujeitá-los às verdades que lhe são apresentadas. Nesse sentido, é que tal filósofo nos remete para a necessidade de revisão quanto ao que se concebe sobre sexualidade, haja vista que a mesma é um lócus em que se articulam diferentes poderes e saberes. Ora, se o discurso do sexo nos é acessível, isso não é gratuitamente, trata-se de um discurso oportuno, com vistas a garantir o poder e controle de quem o criou. O fundamento da obra de Foucault é nos fazer pensar que os discursos são produto de articulações de poder, que sugerem e determinam o que devemos aceitar como verdade.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BORGES, Luciana Pimenta; FERREIRA, Maria da Luz Alves. UM ESTUDO SOBRE A CONSTRUÇÃO DO DISCURSO DA SEXUALIDADE, A PARTIR DA OBRA “A HISTÓRIA DA SEXUALIDADE – A VONTADE DE SABER” DE MICHEL FOUCAULT.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113209-UM-ESTUDO-SOBRE-A-CONSTRUCAO-DO-DISCURSO-DA-SEXUALIDADE-A-PARTIR-DA-OBRA-A-HISTORIA-DA-SEXUALIDADE--A-VONTADE-. Acesso em: 06/05/2025

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