ACORDOS E CONFLITOS, ENTRE VISITANTES E VISITADOS, NA APROPRIAÇÃO DE ESPAÇOS TURISTIFICADOS EM BAIRROS POPULARES, A PARTIR DE PRÁTICAS DE TURISMO.

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
ACORDOS E CONFLITOS, ENTRE VISITANTES E VISITADOS, NA APROPRIAÇÃO DE ESPAÇOS TURISTIFICADOS EM BAIRROS POPULARES, A PARTIR DE PRÁTICAS DE TURISMO.
Autores
  • Luiz Alexandre Lellis Mees
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 22] Turismo, Hospitalidade e Lazer: memória e etnossaberes
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113188-acordos-e-conflitos-entre-visitantes-e-visitados-na-apropriacao-de-espacos-turistificados-em-bairros-populares
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
turismo, bairros populares, espaço turístico, visitantes e visitados.
Resumo
As práticas de turismo em bairros populares, muitas vezes surgem de maneira espontânea, não-planejada, incentivada por elementos como a “autenticidade”, a construção de infraestruturas de mobilidade urbana inovadoras ou a curiosidade pelo que vai além da construção turística tradicional de uma cidade. Nesta perspectiva situam-se casos como os de algumas favelas da cidade do Rio de Janeiro e, especialmente, os de bairros populares que compõem as Comunas 01 e 13 da cidade de Medellín, Colômbia. Na dinâmica dessas práticas, espaços de interesse turístico são construídos ou apropriados, envolvendo, voluntária ou compulsoriamente, diferentes atores sociais como moradores, comércio local, instituições públicas e privadas e o próprio turista. São estabelecidos acordos e conflitos, relações de hospitalidade ou de hostilidade que marcam interesses diversos. Dito isso, este trabalho se propõe a evidenciar acordos e conflitos, especialmente entre visitantes e visitados, em bairros populares, nas dinâmicas de apropriação dos espaços que conformam um roteiro turístico. Um dos pressupostos utilizados é o de que o espaço turistificado constrói “espaços seguros” que, no jogo de interesses entre turistas e moradores envolvidos nas atividades de lazer pelo turismo, as relações de hospitalidade e entendimento se sobressaem às de hostilidade e conflito que, muitas vezes, permanecem veladas. Comprar e participar de um roteiro turístico são práticas comuns pertencentes à atividade turística. Participar de um roteiro é uma forma de plasmar geograficamente a experiência de uma viagem. Um roteiro turístico oferecido por uma agência, por um guia ou proposto por um impresso turístico, leva em conta, em geral, a realização de um percurso anteriormente traçado e planejado, considerando determinado espaço físico e social e que apresenta uma duração de tempo limitada. Quando acompanhados por um guia de turismo ou monitor qualificado, podemos dizer, baseados nas ideias de Michel de Certeau (1994) que este personagem, se torna o encarregado de revelar, ao participante do roteiro, os espaços percorridos, construindo uma narrativa sobre o que se vê, e um imaginário do lugar visitado, mediando a expectativa construída anteriormente, com a realidade observada. Na ausência da pessoa responsável pelo guiamento, o visitante ou turista, recorre, geralmente, a suportes materiais como formas de orientação tais como guias impressos, mapas ou aplicativos tecnológicos que podem ser executados em smartphones ou similares. Estes suportes também selecionam determinados espaços e induzem o seu portador a dar atenção a este ou aquele elemento, em detrimento de outros, construindo, assim, o caráter turístico de um local que envolve seleções onde “alguns elementos são iluminados enquanto outros permanecem na sombra” (CASTRO, 1999, p. 81). Para Michel de Certeau (1994), no entanto, o espaço é a prática do lugar, ou seja, os sujeitos o transformam a partir de suas ocupações, apropriações e vivências; simbolizam o espaço percorrido a partir de interferências corporais ou cognitivas. Comumente práticas de turismo se apropriam de determinados lugares, instalando neles o fenômeno turístico. A partir daí, é comum observarmos dentro de um espaço turistificado, que, a presença do estrangeiro se torna mais “familiar” do que em espaços, mesmo que próximos, que são alheios à atividade turística. Em outras palavras, não-turistificados. Assim, defende-se que a turistificação e a elaboração de roteiros, promovem a construção de “espaços “seguros” para as práticas do turismo, controlados, onde a população local convive – ou é obrigada a conviver – com práticas cotidianas, onde as do turismo passam a ser familiares. Na dinâmica dessa convivência inventa-se uma comunidade local e uma comunidade turística que são tomadas como generalizações, pois, ao se estudar práticas de turismo em sociedades complexas ou em grandes cidades, também aparecem relações diferentes, entre as diferentes comunidades da sociedade analisada e entre os diferentes turistas que a visitam (BARRETTO, 2007, p. 56). Favelas do Rio de Janeiro, Brasil, como Santa Marta e Cantagalo, e bairros populares que fazem parte das Comunas 01 e 13 da cidade de Medellín, Colômbia, são exemplos de sociedades complexas que sofreram - de maneira espontânea ou planejada - um processo de turistificação, a partir da construção de infraestruturas urbanas simbólicas, resultado de políticas públicas urbano-regionais. Nas favelas, o plano inclinado com o “bondinho” no Santa Marta e o elevador ligando o asfalto de Ipanema ao alto do Cantagalo; nos bairros populares da Comuna 01, a primeira linha de teleférico usado como meio de transporte de massa e na Comuna 13 uma escada rolante que liga a parte baixa ao alto do bairro Las Independencias. O interesse de visitação a estes lugares, levou em conta, também, outros elementos como a “autenticidade”, e a curiosidade por espaços que vão além da construção turística tradicional das duas cidades. O método da pesquisa leva em conta trabalho de campo de base etnográfica, registros fotográficos, levantamento bibliográfico e observação participante. Os pressupostos teóricos principais utilizados são as teorias sobre espaço turístico de Jean Remy Knafou (apud FRATUCCI (2008)) e Fernando Vera (2013), as de práticas do espaço de Michel de Certeau (1994), e as de relações entre visitantes e visitados de Margarita Barreto (2007) e Valene Smith (1989), que remetem a reflexões sobre hospitalidade e hostilidade. A hipótese principal trabalhada é a de que no jogo de interesses entre visitantes e visitados, envolvidos nas atividades de lazer pelo turismo, as relações de hospitalidade e entendimento se sobressaem às de hostilidade e conflito que, muitas vezes, permanecem veladas. Entende-se, ainda, que são apenas trechos do espaço que são recortados para que a atividade turística ali aconteça. É um recorte dinâmico, mas moldado pelo interesse do turista ou pelo poder público. O turista pode ser, muitas vezes, visto como intruso em espaços não-turistificados e, nestes, os conflitos entre a população local e os visitantes podem ficar muito mais evidenciados. Variada é a natureza dos conflitos que podem se dar num espaço turístico: entre turistas e comunidade local, entre turistas e trade turístico, entre membros da mesma comunidade que são “a favor” ou “contra” a atividade turística, ou entre comunidade local e grupos sociais externos, interessados na “exploração” do turismo.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MEES, Luiz Alexandre Lellis. ACORDOS E CONFLITOS, ENTRE VISITANTES E VISITADOS, NA APROPRIAÇÃO DE ESPAÇOS TURISTIFICADOS EM BAIRROS POPULARES, A PARTIR DE PRÁTICAS DE TURISMO... In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113188-ACORDOS-E-CONFLITOS-ENTRE-VISITANTES-E-VISITADOS-NA-APROPRIACAO-DE-ESPACOS-TURISTIFICADOS-EM-BAIRROS-POPULARES. Acesso em: 17/05/2025

Trabalho

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