A QUEM INTERESSA A PAUPERIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA? CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA X PROTEÇÃO SOCIAL NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
A QUEM INTERESSA A PAUPERIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA? CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA X PROTEÇÃO SOCIAL NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO
Autores
  • Ingrid Karla da Nóbrega Beserra
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 21] Trabalho e Economias
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/113106-a-quem-interessa-a-pauperizacao-da-classe-trabalhadora--criminalizacao-da-pobreza-x-protecao-social-na-era-da-gl
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Trabalho. Questão Social. Pobreza. Globalização. Proteção Social.
Resumo
O presente trabalho apresenta uma análise acerca das diferentes abordagens teóricas sobre a pobreza e das complexidades que são lançadas ao enfrentamento da mesma na era da globalização. Compreende-se que a contemporaneidade apresenta um cenário adverso no qual a criminalização tem se tornado uma das estratégias mais marcantes do Estado. Este agora se destitui da sua função social para a proteção à classe trabalhadora em detrimento da insurgência de um Estado Penal. A análise que aqui se apresenta é desenvolvida através da compreensão desses aspectos na sociedade capitalista, tomando como referência o mundo do trabalho e as suas contradições. A presente análise tem como objetivo apresentar a temática da pobreza, suas formas de mensuração, bem como as contradições do seu enfrentamento por parte do Estado e das classes sociais, tendo em vista a discussão recorrente na contemporaneidade em torno da chamada globalização. Parte-se do pressuposto que a pobreza e as desigualdades sociais são marcas históricas, que se complexificam com o desenvolvimento da sociedade capitalista e são agravadas pelas sucessivas crises econômicas, bem como pela implementação das estratégias neoliberais ou neodesenvolvimentistas que foram produzindo reformas na função social do Estado. Entende-se que à medida que o modo de produção capitalista foi se constituindo, através da exploração da classe trabalhadora, bem como da expansão de suas ideologizações, postos de trabalho foram sendo destruídos e a acumulação de riqueza foi se concentrando nas mãos de pequenas parcelas, direcionando um grande quantitativo de pessoas sem acesso aos bens socialmente produzidos. Essa lógica que produz a pobreza na mesma proporção em que produz a riqueza vem sendo analisada por diversos campos do conhecimento. Alguns estudos relacionam o fenômeno à subsistência biológica, conforme as primeiras teorias que apontavam a pobreza com base na renda necessária à sobrevivência do indivíduo, em seu aspecto físico. Em relação a isso, entende-se que estudos dessa natureza são limitados, já que consideram apenas um dos seus aspectos. Torna-se importante ressaltar, no entanto, que com o passar dos anos, foram sendo criadas novas formas de mensuração, novos indicadores explicativos para o fenômeno, bem como novas formas de enfrentamento que, em grande medida, vem sendo reatualizadas, do ponto de vista moral, e projetam um emaranhado de estratégias conservadoras que culpabilizam os sujeitos sociais pela sua condição. Entende-se que, no cenário contemporâneo, o enfrentamento à pobreza vem sendo sofrendo interferências do processo de globalização, sobretudo, nas transformações que imperam no mundo do trabalho e nas formas de proteção social. O fetichismo da globalização tem se materializado, entre outras coisas, através da desterritorialização de culturas e do incentivo dos grandes acordos globais que apresentam em seu discurso a estratégia de um desenvolvimento inautêntico, com apoio do Estado. A discussão de pobreza e desigualdade social tem sido recorrente nos estudos das ciências sociais. Acerca do assunto, pode-se observar que existem diversas compreensões e significados, bem como heterogeneidades que marcam as complexidades do seu entendimento e do seu enfrentamento. Destarte, compreende-se que é um fenômeno analisado sob diferentes perspectivas, de acordo com o desenvolvimento histórico e de ideologizações que permeiam as relações sociais. Além das formas de mensuração, torna-se importante entender que na sociedade moderna, na qual a renda se torna uma variável importante e necessária para definir o lugar de cada sujeito nas relações sociais, existe também a linha de pobreza que se estabelece para distinguir os grupos em situações de vulnerabilidades: aqueles que estão na linha de pobreza e aqueles que são considerados indigentes. Observa-se que na atualidade da discussão em torno da pobreza apresenta profundas complexidades. As estratégias do mercado, aliadas a função do Estado e ao processo de globalização, colocam para a classe trabalhadora, novos dilemas e precarizações de ordens objetivas e subjetivas, além de dimensionar o aprofundamento do fenômeno e das formas de enfrentamento. Estas formas caracterizadas cada vez mais pelo imediatismo e pela moralização dos sujeitos. Nessa discussão, entende-se a globalização como um processo sócio-histórico que direciona transformações nas relações sociais, nos processos de trabalho e no ideário dos sujeitos sociais em todas as partes do mundo. A sua conceituação apresenta perspectivas muldimensionais. Os efeitos da crise do capitalismo se escondem no manto da globalização para sucumbir as suas contradições e suas consequências mais drásticas, com apoio ideológico das estratégias neoliberais e neodesenvolvimentistas. Torna-se claro, dessa forma, que a pobreza, bem como outras formas de expressão da questão social, não foi eliminada com o ideário da globalização, justamente porque essa processualidade se estabelece em um sistema cujas bases de funcionamento são dependentes do desemprego, da pauperização da classe trabalhadora, bem como da sua exploração. A globalização se expandiu por territórios, através de investidas ideológicas que se projetam através do discurso de superação das desigualdades sociais, da exclusão e da pobreza. Somam-se ideários da construção de uma sociedade alternativa e inclusiva dentro do próprio sistema do capital, com apoio estratégico do solidarismo de classes. As ideologizações que se pautam nesses elementos desconsideram as contradições e a própria estrutura de funcionamento do sistema capitalista e a sua lógica exploratória. Em relação a isso, torna-se importante lembrar quando Engels (2010) afirma que nos domínios da burguesia é simulado um humanismo sem limites, quando isso lhe é exigido e é do seu próprio interesse. A partir dos elementos discutidos, entende-se que a globalização se torna apenas mais um elemento inserido dentro da lógica de fetichização das relações sociais, já que a estratégia do capitalismo sempre foi de expandir, criar novos mercados e novas formas de exploração da mão de obra. Essa lógica vem, no entanto, ganhando força sob a hegemonia da estratégia de reestruturação produtiva e do capital financeiro que encontra no apoio do Estado o elemento perfeito para obscurecer o projeto da classe trabalhadora.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BESERRA, Ingrid Karla da Nóbrega. A QUEM INTERESSA A PAUPERIZAÇÃO DA CLASSE TRABALHADORA? CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA X PROTEÇÃO SOCIAL NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/113106-A-QUEM-INTERESSA-A-PAUPERIZACAO-DA-CLASSE-TRABALHADORA--CRIMINALIZACAO-DA-POBREZA-X-PROTECAO-SOCIAL-NA-ERA-DA-GL. Acesso em: 18/06/2025

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