O TEXTO FICCIONAL E SUA RELAÇÃO INTRÍNSECA COMO A HUMANIZAÇÃO E DESUMANIZAÇÃO

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
O TEXTO FICCIONAL E SUA RELAÇÃO INTRÍNSECA COMO A HUMANIZAÇÃO E DESUMANIZAÇÃO
Autores
  • Andressa Teixeira Pedrosa Zanon
  • Profª. Drª. Eliana Crispim França Luquetti
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 08] Ensino e aprendizagem de língua materna
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/112736-o-texto-ficcional-e-sua-relacao-intrinseca-como-a-humanizacao-e-desumanizacao
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
texto literário, humanização, distopias, desumanização.
Resumo
O texto literário possui particularidades que o diferencia dos demais textos, já que em sua construção são utilizados jogos de palavras, figuras de linguagem, duplos sentidos, entre outros recursos que fazem com que ele seja único no processo de construção da significação. Diversos autores já apontaram a relevância do texto literário para o pleno desenvolvimento cognitivo e social de um indivíduo. Orlandi (1999) define que apenas o contato com esses textos completos permite a transformação de um nível de leitura inferior, chamado de leitura parafrástica, para um nível superior e completo, denominado leitura polissêmica. De acordo com essa autora, portanto, o texto literário é de suma importância para efetivar uma plena relação do leitor com os significados textuais mais complexos. Entender o ser humano, em sua complexidade e mutabilidade, requer esforços constantes engenhados pelos estudiosos de diferentes tempos, nas mais variadas áreas de conhecimento. Muito intriga e instiga os pesquisadores a entender de que maneira os humanos organizaram-se durante o decorrer dos séculos, de que modo se instituíram, como estabeleceram organização social, cultural e linguística eficientes. Todos esses questionamentos movem investigações que se prestam a justificar como a vida como entendemos hoje foi possível. Nos estudos da linguagem, língua e literatura isso não é diferente. Estamos preocupados em entender quando e de que modo os homens deram passos definitivos para consolidar essa complexidade comunicativa vista por nós. Para vislumbrar esse caminho evolutivo da espécie humana temos que nos remeter aos primórdios de sua existência, a fim de compreender alguns aspectos. O Homo sapiens foi protagonista de três grandes revoluções que alteraram profundamente a forma de se relacionar com o ambiente e com os seus companheiros, a saber, a Revolução Cognitiva, há 70 mil anos; Revolução Agrícola, há 12 mil anos e, por fim, a revolução Científica, que começou há 500 anos. A Revolução Cognitiva é a que mais nos interessa, na medida em que tentamos entender de que maneira o ser humano tornou-se esse complexo linguístico, cultural e social. As teorias históricas mais recentes mostram que não havia nada de especial nos humanos, pois as outras espécies contemporâneas apresentavam comportamentos bastante semelhantes aos seus. O mais relevante a considerar sobre os humanos pré-históricos é que eles eram animais insignificantes, que não impactavam o ambiente mais do que qualquer outra espécie com que convivia. O desenvolvimento de uma linguagem complexa foi o diferencial da espécie humana, uma vez que outras espécies também apresentam algum tipo de linguagem, menos interativa e menos complexa. Essa capacidade de criar interações mais específicas permitiu que não só se apresentasse a localização exata de um leão, como também a criação de estrutura interacionais mais eficientes. Nossa espécie teve a capacidade de transmitir informações sobre coisas que não existem. Até onde sabemos, só os sapiens podem falar sobre tipos e mais tipos de entidades que nunca viram, e nunca tiveram contato. Desde a Revolução Cognitiva, os sapiens vivem uma dupla realidade, a objetiva e a imaginada. Com o passar do tempo, a realidade imaginada tornou-se ainda mais poderosa, dependendo dela a existência da realidade objetiva. A história mais bem contada será capaz de convencer o maior número de pessoas, que acabam se tornando colaboradores da criação ou conservação dessa realidade. Como podemos perceber, a linguagem está impregnada em nós, ela foi capaz de nos tornar o que somos hoje, inclusive vencendo as barreiras predatórias que pareciam impossíveis para o homem pré-histórico. Mais do que isso, é importante entender como a ficção ajudou a construir o mundo como conhecemos hoje, moldando nossas práticas e interações sociais. Muitas pessoas hoje consideram a ficção como um passatempo que serve apenas para divertir o ser humano, mas a reflexão acima nos mostra que seu papel é muito maior, ela foi responsável, de maneira decisiva, para a sobrevivência da nossa espécie. Além disso, ela permitiu que nos destacássemos nos moldes de vida que conhecemos hoje. Dessa maneira, precisamos, mais uma vez, destacar a importância da linguagem e, principalmente, da criação de ficção como uma necessidade vital do ser humano. Muito além de divertir, os textos ficcionais, orais ou escritos, são responsáveis pela formação do homem como hoje conhecemos. Não podemos, então, delegar um lugar coadjuvante para nossa complexidade comunicativa, precisamos ventilar, a partir das reflexões feitas, que a linguagem e a existência dos textos ficcionais ajudaram na formação do ser humano e devem continuar auxiliando nesse processo evolutivo. Renegar o texto ficcional seria renegar nossa própria humanidade e os modos como ela foi construída. A ficção deu ao homem a capacidade de interagir em grupo, coletivamente, criar realidades capazes de proporcionar unidade e segurança ao grupo. Sem essa realidade criada, sem desenvolvimento dessa complexa rede de linguagem, seria possível que o homem fosse extinto, como outras espécies que conhecemos, pois nunca fora o mais forte em um ambiente onde força significava sobrevivência. O homem, sem ter força suficiente para concorrer nesse mundo selvagem, usou outras armas, conseguiu estabelecer seu desenvolvimento cognitivo, principalmente pela linguagem complexa e manipulação da ficção. A Literatura é mais uma expressão dessa realidade ficcional criada pelo homem. Ela não é apenas um recurso de passatempo ou lazer, como as vezes a julgam. A criação e consumo de textos ficcionais segue essa necessidade vital do homem, apresentada desde os primórdios da vida. As reflexões feitas até agora comprovam essa ligação visceral e vital do homem com a ficção, então, é possível pensar que qualquer tentativa de desumanização do homem deva passar também pela manipulação do texto ficcional. Como apresentamos a humanização através da ficção, mostraremos como essa desumanização também pode acontecer e necessita passar pelo processo de retirada de textos e da capacidade de refletir e criar ficção. As obras escolhidas para a exemplificação são: 1984, de George Orwell (2009); Admirável mundo Novo, de Aldous Huxley (2014); Fahrenheit 451, de Ray Bradbury (2007) e O Conto da Aia, de Margaret Atwood. Nas quatro distopias vemos a criação de um mundo bastante diferente, no que se refere a liberdade e a formação humana.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ZANON, Andressa Teixeira Pedrosa; LUQUETTI, Profª. Drª. Eliana Crispim França. O TEXTO FICCIONAL E SUA RELAÇÃO INTRÍNSECA COMO A HUMANIZAÇÃO E DESUMANIZAÇÃO.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/112736-O-TEXTO-FICCIONAL-E-SUA-RELACAO-INTRINSECA-COMO-A-HUMANIZACAO-E-DESUMANIZACAO. Acesso em: 27/05/2025

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