FRONTEIRAS DAS DIFERENÇAS: INTERSECÇÃO RAÇA E GÊNERO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA-UFBA

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
FRONTEIRAS DAS DIFERENÇAS: INTERSECÇÃO RAÇA E GÊNERO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA-UFBA
Autores
  • angela ernestina cardoso de brito
  • Jamile Santos Brito
  • Josiele do Carmo Gonçalves
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 10] Gênero, Violências, Cultura - Interseccionalidade e(m) Direitos Humano
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/112137-fronteiras-das-diferencas--interseccao-raca-e-genero-na-universidade-federal-da-bahia-ufba
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Gênero, Raça, Educação Superior, Desigualdade.
Resumo
O trabalho analisou a composição racial de homens e mulheres negros, do Ensino Superior, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), entre os anos de 2016-2017. O mapeamento foi realizado nas áreas de conhecimento I, II, III, IV, V e BI. A preocupação com o recorte racial esta visivelmente ausente na recente literatura sobre gênero e docência do ensino superior. Brito (2018) destaca que no Brasil, inexistem pesquisas integradas sobre gênero e raça que destaquem a entrada dos (as) negros (as) no ensino superior, na posição de docentes, por meio de concurso público. A inexistência de estudos sobre raça e gênero mostra que as experiências de vida das mulheres negras não são levadas em consideração. “Uma consequência disso é a falta de estudos teóricos ou empíricos sobre como o privilegio de “ser branca” opera nas vidas de mulheres brancas no Brasil” (Caldwell, 2000, p.95). Além disso, admite (Caldwell, 2000. p.96), (...) “a ausência da raça na maioria dos estudos sobre mulheres brasileiras parece ter refletido o posicionamento e as prioridades de pesquisadoras brancas”. Brito (2014) em estudos realizados com docentes negras na Unimontes, apresentou dados qualitativos referentes às situações envolvendo diversas formas de discriminação racial, vivenciadas por professoras negras naquela universidade. Os relatos da pesquisa desenvolvida por Brito mostraram as diferentes experiências e as diferentes formas de discriminação vivenciadas pelas docentes negras da Unimontes. Disparidade de gênero e raça entre docentes UFBA. Estudos demonstram que mesmo com inserção das mulheres negras na academia, ainda há uma disparidade no que tange o percentual de homens brancos e negros, bem como o de mulheres brancas na docência. Queiroz (2001) destaca que a inserção das mulheres no ensino superior ocorre tardiamente no país, “somente a partir do final do século XIX, as mulheres brasileiras adquirem o direito de ingressar no ensino superior.” (p.134). A mesma autora pontua que à produção brasileira em pesquisas voltada para mulher e educação ou sobre gênero e educação anterior a 1975 são incipientes. No caso brasileiro, a baixa diversidade na composição do corpo discente e docente do ensino superior não tem sido suficientemente problematizada em termos dos resultados de uma política educacional equânime e justa, considerando as diferentes áreas de produção de conhecimento, da tecnologia e da ciência. Os indicadores sociais demonstram a desigualdade racial. A diversidade étnica/racial tem aparecido mais fortemente como valor agregado no plano da cultura e menos no campo do desenvolvimento científico e tecnológico. Scott (1989) salienta “que inscrever as mulheres na história implica necessariamente a redefinição e o alargamento das noções tradicionais do que é historicamente importante” (Scott: 1989, p.3) logo, a intelectualidade da mulher deve ser redimensionada e enaltecida. Neste ponto destaca-se raça, gênero e classe como categorias centrais de suporte teórico deste trabalho, pois a partir das intersecções tem-se percepção ampliada a cerca da trajetória destas docentes. Hooks (1995) afirma que pouco se fala ou se produz sobre a intelectualidade da mulher negra; intelectuais estas que estão inseridas em universidades e/ou em espaços de poder, produzindo muito cientificamente, mas sem o devido reconhecimento. Trata-se de um estudo censitário e descritivo, a metodologia utilizada foi a pesquisa quantitativa e exploratória, inicialmente realizada por meio da Pesquisa de Campo, com uso do diário de campo, seguida da Pesquisa Documental: consultas aos sites da Superintendência de Administração Acadêmica (SUPAC), da Pró-Reitoria de Desenvolvimento de Pessoas (PRODEP/PROPLAN), do Sistema Integrado de Pessoal (SIP) da UFBA, contatos telefônicos, envio de e-mails e visitas sistematizadas às coordenações e chefias de todos as carreiras das 4 áreas de conhecimento investigadas. Outro método utilizado foram conversas informais com porteiros das unidades, professores (as), estudantes e funcionários (as) dos departamentos e colegiados dos respectivos cursos. Durante as visitas sistematizadas apresentávamos a lista com os nomes dos professores (as) aos respondentes, junto com uma tabela com as classificações utilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para que o/a participante apontasse, por meio da heteroclassificação, sua opinião sobre o professor (a) indicado (a). A partir da heteroclassificação dos (das) professores (as) como pardos(as) ou pretos(as) iniciou-se a pesquisa documental, através de análise nos currículos Lattes dos docentes. Todas as informações foram sistematizadas por meio de tabela com critérios baseados em sexo, raça/etnia, área de conhecimento e curso. Os professores heteroclassificados(as) foram contatados(as) para que informassem a autodeclaração, utilizando-se as mesmas categorias do IBGE. Utilizou-se para análise dos dados quantitativos o índice de paridade racial (IPR) e o índice de paridade de gênero (IPG). Um IPR é utilizado para indicar a disparidade entre negros e brancos, o mesmo critério aplica-se ao IPG que indica disparidade entre mulheres e homens. O estudo considerou que dos 2143 professores participantes da pesquisa 880 são homens brancos, 819 mulheres brancas; 218 homens negros, incluindo pretos e pardos; 226 mulheres negras, incluindo as pretas e pardas. O estudo aponta que as mulheres brancas estão conseguindo inclusão em várias áreas do conhecimento antes ocupadas apenas por homens brancos, mas que presença de mulheres negras e homens negros ainda é pontual, residual, indicando que o sexismo e o racismo atuam como ferramenta de exclusão social.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BRITO, angela ernestina cardoso de; BRITO, Jamile Santos; GONÇALVES, Josiele do Carmo. FRONTEIRAS DAS DIFERENÇAS: INTERSECÇÃO RAÇA E GÊNERO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA-UFBA.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/112137-FRONTEIRAS-DAS-DIFERENCAS--INTERSECCAO-RACA-E-GENERO-NA-UNIVERSIDADE-FEDERAL-DA-BAHIA-UFBA. Acesso em: 18/06/2025

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