REIVINDICAR PARA SUBVERTER: AS (DES/RE)CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS EVOCADAS PELO TERMO ATINGIDO NO CASO DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO, MARIANA/MG

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
REIVINDICAR PARA SUBVERTER: AS (DES/RE)CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS EVOCADAS PELO TERMO ATINGIDO NO CASO DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO, MARIANA/MG
Autores
  • Debora Viveiros
  • José Márcio Barros
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 12] Memória, Narrativas e Discursos
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/110171-reivindicar-para-subverter---as-(desre)construcoes-identitarias-evocadas-pelo-termo-atingido-no-caso-do-rompimen
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
atingido, memória, afeto, jornal, narrativas
Resumo
Este trabalho propõe a análise dos processos de "des" e "re" construção identitária dos atingidos pela Barragem de Fundão a partir da análise do uso do termo “atingido” como um relevante ponto inicial de discussão para o entendimento dos múltiplos discursos que atravessaram o rompimento da Barragem de Fundão em 05 de novembro de 2015 e suas múltiplas e complexas consequências. Para tanto, optou-se pela análise do uso do termo tanto pela grande mídia nas primeiras horas da tragédia, quanto pelo jornal A Sirene, criado posteriormente “pelos atingidos para os atingidos” e que visa falar a partir do ponto de vista das pessoas que vivenciaram o desastre tecnológico. Após o desastre tecnológico, a cobertura dada pela imprensa, com um enfoque sensacionalista, tomou conta do noticiário brasileiro, enquanto as empresas envolvidas no desastre tecnológico optaram pela não utilização de termos tais como “atingido”. Em fevereiro de 2016, com o surgimento dA Sirene, composto por uma equipe técnica e por atingidos, estes tiveram a oportunidade de participar da construção de uma narrativa condizente com suas experiências e vivências, desde a transformação ocorrida nos sujeitos (de moradores a atingidos) até o que ser atingido significa para essas pessoas. A proposta do jornal pode ser entendida, dessa forma, como uma reivindicação do “termo atingido”, propondo uma multiplicidade de sentidos que subvertem o imaginário em torno do uso da palavra e das pessoas a ela atribuídas. Assim, por meio de relatos transcritos, fotografias, questionamentos, colocando-se desde a Edição Zero como “Mais uma ferramenta de apoio para que a comunicação e a preservação das suas memórias se tornem seus patrimônios. Um convite a todos para não esquecer”, o jornal é editado mensalmente, trazendo pautas, entrevistas, textos, relatos, provocações e alertas dos atingidos para os próprios atingidos. Desse modo, a hipótese discutida aqui gira em torno da seguinte questão: será possível ressignificar fatos, locais ou alcunhas ao atribuir-lhes definições subjetivas? Perpassando pelas análises dos enunciados de manchetes da grande mídia e dos pronunciamentos das empresas envolvidas logo após o rompimento da barragem, este trabalho discute brevemente os poderes envolvidos nas narrativas a partir dos conceitos de Foucault e Mbembe sobre “biopoder” e “necropoder”, ao mesmo tempo em que evoca o uso do afeto (Spinoza) e das subjetividades (Pelbart) como instrumentos de resistência e ressignificação das formas de estar no mundo, subvertendo o esvaziamento proposital do termo pela grande mídia e culminando na análise do trabalho realizado pelo jornal A Sirene, feito "pelos atingidos para os atingidos". Ao trazer as subjetividades da vida humana à tona, o jornal subverte o uso do termo estereotipado, transformando-o em resistência por meio do uso das memórias e do afeto. Assim, o jornal A Sirene não apenas propõe novas narrativas, mas também se coloca como o porta-voz de um “contra-discurso” frente às coberturas midiáticas dos grandes meios de comunicação que, no caso específico do rompimento da Barragem de Fundão, foram descritas pelos próprios atingidos como: “1. distorção e manipulação 2. informação, aproveitando da situação para elevar o nível de audiência sem pensar em quem foi atingido 3. algumas verdades, algumas mentiras, porém, foi de muita validade e está sendo, não deixando que a gente fique no esquecimento, nós achamos de muita importância 4. algumas manipuladoras e oportunistas e outras a favor da verdade e da realidade.”. A SIRENE. Sobre Nós. Disponível em: http://jornalasirene.com.br/sobre. Acesso em: 07/2018. FOUCAULT, Michel. Aula de 17 de março de 1976. In: Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 285-315. HALL, Stuart. A identidade em questão. In: A identidade cultural na pósmodernidade. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2006. p. 7- 22. JESUS, Paula Bettani M. Considerações acerca da noção de afeto em Espinosa. In: Cadernos Espinosanos: estudos sobre o século XVII, n. 33. São Paulo: USP, 2015. p. 161-190 MBEMBE, Achille. Necropolítica. In: Arte & Ensaios - Revista do PPGAV/EBA/UFRJ, n. 32. Rio de Janeiro: UFRJ, dez/2016. 122-151. MENDES, Paulo Henrique A.; MENEZES, William A. Discurso, cognição e formas de empoderamento: uma análise do jornal A Sirene. In: Revista de Estudos da Linguagem. Belo Horizonte, v. 26, n. 3, 2016. p. 1047-1073. PELBART, Peter Pál. Da claustrofobia contemporânea. In: A vertigem por um fio. Políticas da subjetividade contemporânea. São Paulo: Iluminuras Ltda, 2000. p. 29- 42. SAID, Edward W. O âmbito do orientalismo. In: Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Schwarcz Ltda, 1996. p. 41-59. SANTIAGO, Silviano. O entre-lugar do discurso latino-americano. In: Uma literatura dos trópicos: ensaios sobre a dependência cultural. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. p. 9-26.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

VIVEIROS, Debora; BARROS, José Márcio. REIVINDICAR PARA SUBVERTER: AS (DES/RE)CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS EVOCADAS PELO TERMO ATINGIDO NO CASO DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE FUNDÃO, MARIANA/MG.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/110171-REIVINDICAR-PARA-SUBVERTER---AS-(DESRE)CONSTRUCOES-IDENTITARIAS-EVOCADAS-PELO-TERMO-ATINGIDO-NO-CASO-DO-ROMPIMEN. Acesso em: 25/07/2025

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