O NEOLIBERALISMO E SUAS IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO, NO TRABALHO E NA FORMAÇÃO DE NOVAS CONDUTAS

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
O NEOLIBERALISMO E SUAS IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO, NO TRABALHO E NA FORMAÇÃO DE NOVAS CONDUTAS
Autores
  • Ana Carolina Welter
  • Patricia Kozuchovski Daré
  • Sandra Caponi
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 21] Trabalho e Economias
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/108803-o-neoliberalismo-e-suas-implicacoes-na-educacao-no-trabalho-e-na-formacao-de-novas-condutas
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Neoliberalismo, Educação, Trabalho, Subjetivação
Resumo
Este trabalho expõe reflexões acerca da educação enquanto espaço de produção de novas condutas, tomando como ponto central as perspectivas neoliberais e a teoria do Capital Humano. Tratamos o neoliberalismo como um fenômeno que estende sua influência promovendo a incorporação da lógica do mercado a todas as esferas da vida. Prevê um projeto político iniciado nos anos 1930, que tem como base nuclear a identificação do mercado com outras esferas da vida, e “tem como característica principal a generalização da concorrência como norma de conduta e da empresa como modelo se subjetivação” (DARDOT; LAVAL, 2016, p.17), que se tornou capaz de orientar práticas de governo, promovendo implicações no campo da educação. Segundo Frigotto e Ciavatta (2003), a entrada marcante do neoliberalismo na educação foi nos anos 1990, registrado pela forte presença de organismos internacionais, atuando como protagonistas organizacionais e pedagógicos, com vistas a uma reforma voltada à capacitação profissional, com o desenvolvimento de capacidades, de superar os desafios sociais e econômicos, aproximando-se dos ideários da teoria do capital humano. Esta última considera o indivíduo como resultado dos investimentos em si mesmo, por meio da educação, cuja finalidade é a busca por uma melhor capacitação para a execução técnica de seu trabalho, com potencial de geração de renda (VELANI, 2013). O capital humano adquirido poderia tornar os indivíduos mais produtivos, capazes de aumentar riquezas pessoais e gerais, que elevariam também os lucros dos capitalistas, com melhorias para a economia (VIANA; LIMA, 2010). A economia passa a se ocupar “da análise da programação estratégica da atividade dos indivíduos”. A economia política toma como seu objeto o comportamento humano, a racionalidade interna que o anima, os modos de produção e acumulação de capital humano (GADELHA, 2013). No Brasil as reformas educacionais se sustentaram no Consenso de Washington, com ajustes fiscais, com profundas mudanças no Estado brasileiro, cujo objetivo de “tornar o Brasil seguro para o capital” (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2003, p.105). Era necessário diminuir polaridades, lutas de classes, ideologias e ideias igualitárias, bem como políticas de Estado pautadas nestas perspectivas. Os direitos adquiridos deveriam ser suprimidos para que as regulações naturais do mercado pudessem agir por si. Entramos em uma ótica individualista e fragmentária, formando um pensamento pedagógico hegemônico que deverá servir aos empresários e suas necessidades mercadológicas (FRIGOTTO; CIAVATTA, 2003, p.107). Esta governamentalidade busca programar os comportamentos dos indivíduos por meio de tecnologias de gerenciamento, dinâmicas de gestão de grupo, propaganda, publicidade, marketing e literatura de autoajuda. Como aponta Gadelha (2013), os princípios econômicos e normativos da sociedade convertem a sociedade de consumo para uma sociedade empresa, estimulando os indivíduos a transformarem as suas auto percepções de vida, de modo que produzam maiores relações de concorrência, evidenciando a pretensão da governamentalidade neoliberal de comercializar as relações humanas mediadas pela inclusão das relações concorrenciais. A educação passou a ser baseada nos princípios econômicos, que se deslocaram do campo da economia para outras esferas da vida social, ganharam força e se tornaram capazes de instituir processos e políticas de subjetivação que objetivam transformar um sujeito de direito em sujeito empreendedor (GADELHA, 2013). Desenvolve-se a cultura do empreendedorismo por meio da reformulação neoliberal da economia política, gerou-se um cardápio de explicações da realidade, que se espelham na figura do executivo, como exemplo de conduta que deve ser replicada para a sociedade, fundada não na satisfação e no desejo, mas sim no investimento e na exclusiva vontade de produção de riqueza. Dedica-se a vida ao ganho como obrigação do homem moderno, incorporando a lógica do capital (LÓPEZ-RUIZ, 2007). As competências que devem ser adquiridas se vinculam a teoria do Capital Humano e a cultura do empreendedorismo, onde o status e o mérito são determinados pela qualidade de capital humano acumulado (GADELHA, 2013). O empreendedorismo tornou-se “uma maneira de ser”, gerando relações fragmentadas, pois cada um se torna responsável apenas por si mesmo. Tornamo-nos inseguros e entorpecidos por políticas e processos de subjetivação que as serializam e homogeneizam, levadas então a passividade política e ao adoecimento psíquico (GADELHA, 2013). Segundo Dardot e Laval (2016, p. 09), “[ ] a ação coletiva se tornou mais difícil, porque os indivíduos são submetidos a um regime de concorrência em todos os níveis. As formas de gestão na empresa, o desemprego e a precariedade, a dívida e a avaliação, são poderosas alavancas de concorrência interindividual e definem novos modos de subjetivação”. Como descrevem Dardot e Laval (2016), esta nova forma de conduzirmos nossas vidas produzem uma nova forma de existência, do qual emerge um novo sujeito, assim como novas patologias psíquicas. As dificuldades e fracassos associados à produção e ao êxito profissional podem ser remodelados ou nomeados como patologias psíquicas. Assim, podemos pensar o problema da medicalização da vida e das sociedades como objeto de investigação interdisciplinar, onde as produções de modos de subjetividade que acabam por impactar no processo de saúde e doença, se inserem em um contexto biopolítico (CAPONI et al, 2013), onde o mercado e suas implicações na vida dos indivíduos passam a ditar regras que são legitimadas pela sociedade e se deslocam para as diversas áreas. Os postulados neoliberais enfatizam a “eficácia produtiva, o dinamismo, a inovação, que desqualifica a acomodação, os erros de investimento e os desperdícios” (NETO, 2008, p.58), condicionando a desempenho dos resultados econômicos às performances individuais. Segundo Neto (2008), o princípio de inteligibilidade que segue as normas do mercado produz comportamentos individuais e sociais que podem ser controlados pelas variáveis econômicas. Neste sentido, “governar a população é fazer com que todo fenômeno social seja também uma atividade econômica” (p. 59). A noção de saúde se desloca e se associa a felicidade, ao bem-estar e a otimização da vida, observando-se uma busca implacável pela alta performance em todas as esferas da vida. A felicidade passa a ser obrigação e os que não se enquadram neste coeficiente de produtividade tendem a frustração. O mercado se constitui como uma base hegemônica capaz de produzir individualizações suscetíveis aos apelos da economia, levando o indivíduo a uma condução de si para a transformação em um agente econômico (JORGE, 2015).
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

WELTER, Ana Carolina; DARÉ, Patricia Kozuchovski; CAPONI, Sandra. O NEOLIBERALISMO E SUAS IMPLICAÇÕES NA EDUCAÇÃO, NO TRABALHO E NA FORMAÇÃO DE NOVAS CONDUTAS.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/108803-O-NEOLIBERALISMO-E-SUAS-IMPLICACOES-NA-EDUCACAO-NO-TRABALHO-E-NA-FORMACAO-DE-NOVAS-CONDUTAS. Acesso em: 02/05/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes