POLÍTICAS CULTURAIS NO BRASIL E NO MÉXICO: O MODERNISMO E A ARTE MURAL

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
POLÍTICAS CULTURAIS NO BRASIL E NO MÉXICO: O MODERNISMO E A ARTE MURAL
Autores
  • Lícia Gomes
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 04] Cultura e Desenvolvimento
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/108726-politicas-culturais-no-brasil-e-no-mexico---o-modernismo-e-a-arte-mural
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Modernismo, Memória Política, Políticas de Cultura, Muralismo
Resumo
A primeira metade do século XX é marcada por movimentos artísticos modernistas que se constituíram como um marco estético e ideológico na América Latina, tendo como característica geral o desenvolvimento de traços particulares de seus países, numa tentativa de criar artes nacionais que não seguissem os padrões ditados pelo velho continente. No Brasil, com a Semana de Arte Moderna de 1922 e o Manifesto Antropofágico, e no México, com o Movimento Muralista, artistas tornaram-se importantes atores da história política em seus países. Contudo, os agenciamentos governamentais que utilizaram a arte como ferramenta sócio-político-educacional foram significantes para o futuro desses movimentos. Assim sendo, é possível observar algumas aproximações entre os países escolhidos, ainda que também existam distanciamentos, seja na questão estética, político-ideológica ou governamental. No México, José Vasconcelos, principalmente na década de 1920, foi o principal responsável por tornar a arte uma política pública de educação, como secretário de Educação, agenciando artistas e sendo um dos responsáveis pelo nascimento do Movimento Muralista. No Brasil, Juscelino Kubitschek, também foi personagem relevante para o desenvolvimento do modernismo no Brasil. O presente artigo sinaliza a participação da arte na construção da memória política, por meio de políticas de cultura, apresentando três diferentes trabalhos de artistas contratados por Vasconcelos, no México, e JK, no Brasil, salientando como as propostas governamentais em cada um dos casos, analisando suas aproximações e seus distanciamentos de contexto político e trajetórias dos artistas. Para isso, é feita uma análise de três pinturas murais: “Cânticos à terra e aos que trabalham e libertam” na Capela de Chapingo, no México, de Diego Rivera, “Via sacra” na Catedral de Brasília, de Emiliano Di Cavalcanti e o painel da Igrejinha da Pampulha, em Minas Gerais, de Cândido Portinari. Os fatores que se deram para a escolha das pinturas são: a especificidade dos locais das obras escolhidas, três igrejas; a contratação por parte de órgãos do governo; e as aproximações ideológicas dos artistas. Um evento importante que marca a diferença na formação do Brasil e do México no início do século é a Revolução Mexicana de 1910, que influenciará a arte mexicana em direção ao que foi a primeira fase do Muralismo Mexicano, cuja presença do Estado foi vital para o seu surgimento, pois o governo pós-revolucionário tinha na pintura seu principal alicerce educacional. No Brasil, décadas mais tarde, também se observou a participação governamental na arte, mas sem uma revolução de fato. Neste artigo pretende-se relacionar os casos brasileiros e mexicano nos quais o governo, principalmente por meio dos políticos Juscelino Kubitschek, no Brasil, e José Vasconcelos, no México, de modo a observar a relação de políticas culturais e pretendendo ser uma perspectiva que colabore com a discussão dos desafios das políticas culturais na atualidade. Arte, no artigo, será entendida como uma política pública de cultura que visa o desenvolvimento social. A forma de participação dos atores do governo são fundamentais na análise de como algumas políticas foram usadas para a produção artística nesses países. No México, houve oficialmente um programa de governo em que a arte fazia parte, tendo sido implementando por José Vasconcelos, que já havia sido reitor da Universidade Nacional do México e, durante o governo do presidente Álvaro Obregon, na década de 1920, fundou a Secretaria de Educação Pública, sendo também o primeiro secretário a ocupar este cargo. Durante sua vida pública, Vasconcelos foi um dos responsáveis pela formação de Rivera, concedendo-lhe bolsas de estudos na Europa, por mais de uma oportunidade e, quando secretário, convidando-o para retornar ao território mexicano, com várias contratações para fazer murais pelo país. Dentre esses trabalhos, está a Capela de Chapingo, onde Diego Rivera foi solicitado que fizesse murais para cobrir seu interior. No Brasil, Juscelino Kubitschek, durante seu governo como prefeito de Belo Horizonte, na década de 1940, teve como um de seus projeto o complexo da Pampulha, onde está localizada a Igrejinha da Pampulha ou Igreja de São Francisco de Assis. Para o interior dela, Portinari foi escolhido como o artista que faria o mural central que ocupa toda a parede de fundo. Mais tarde, como presidente do Brasil, na década de 1950, no período da construção da nova capital, contratou Di Cavalcanti para pintar a Via Crucis na Catedral de Brasília. Esta análise comparativa entre Brasil e México pretende fortalecer o campo do estudo das políticas culturais, bem como o da memória política, com foco na América Latina, mas entendendo que a contribuição para as discussões sobre o tema podem ir além, visando também a possibilidade de colaborar com a prática da mesma. Uma das razões da importância do tema geral, está na observação de ações políticas no Brasil que correm contra o desenvolvimento da cultura, como cortes governamentais ao seu desenvolvimento e cancelamento de editais e corte de verbas destinadas para o fomento da arte. Outro motivo importante, é um crescente discurso sobre a participação governamental no âmbito artístico, que divide opiniões e pode ser observado graças a grande participação das pessoas em mídias sociais.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GOMES, Lícia. POLÍTICAS CULTURAIS NO BRASIL E NO MÉXICO: O MODERNISMO E A ARTE MURAL.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/108726-POLITICAS-CULTURAIS-NO-BRASIL-E-NO-MEXICO---O-MODERNISMO-E-A-ARTE-MURAL. Acesso em: 01/06/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes