REFLEXÕES SOBRE IDENTIDADE E ALTERIDADE PARA UMA PRÁXIS EDUCACIONAL INTERCULTURAL

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
REFLEXÕES SOBRE IDENTIDADE E ALTERIDADE PARA UMA PRÁXIS EDUCACIONAL INTERCULTURAL
Autores
  • Jean Carlos Barbosa de Sousa
  • Ivan Maia de Mello
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 05] Diversidade e políticas de afirmação
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/108638-reflexoes-sobre-identidade-e-alteridade-para-uma-praxis-educacional-intercultural
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Mestiçagem, Interculturalidade, Educação
Resumo
Ao tratar das questões étnico-raciais brasileiras, pode-se encontrar em seu cerne uma história de tensões e contradições que refletem xenofobias, etnicismos, preconceitos, segregacionismos, racismos e intolerâncias que foram se multiplicando ao longo dos séculos. Neste sentido, objetiva-se com esta pesquisa trazer reflexões interdisciplinares acerca das relações entre as identidades e as alteridades na práxis educacional dentro do contexto brasileiro, dialogando com os pensamentos de Boaventura de Sousa Santos, Stuart Hall e Emmanuel Levinas. A presente pesquisa configura-se como um estudo analítico-descritivo, desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica. Verificou-se que, dentro de um contexto multiétnico e pluricultural, a problemática da mestiçagem surge para ressignificar as identidades e novas práticas educacionais a partir de uma perspectiva intercultural tornaram-se necessárias. Em pleno século XXI, a “democracia racial” freyreana, mesmo sendo merecedora de profundas críticas, ainda influencia consideravelmente as práticas pedagógicas brasileiras. Isso denuncia a possibilidade de a escola ser mais uma ferramenta de difusão das ideias aceitas pelas classes dominantes, que desprezam as contradições e as diversidades culturais evidentes em professores e alunos. Diante da problemática de encarar a pluralidade cultural e a multietnicidade dentro das escolas brasileiras, os professores devem estar cônscios das desigualdades sociais e raciais, e buscar instigar os estudantes a terem uma visão crítica sobre tais questões que permeiam suas relações interpessoais e suas concepções de mundo. Essa tarefa árdua exige um rompimento com a visão eurocêntrica e monocultural do currículo escolar - que é baseada na homogeneização e simplificação das práticas pedagógicas a partir do reconhecimento da superioridade do modelo europeu de racionalidade e da universalização dos conhecimentos e saberes sob a visão ocidental. O multiculturalismo, como orientação pedagógica que reconhece a alteridade e as marcas identitárias das diversas etnias como determinantes de desigualdades sociais no Brasil, pode contribuir com a superação do eurocentrismo no cotidiano escolar. Daí surge o objetivo desta pesquisa em contribuir com reflexões interdisciplinares sobre os diálogos entre as identidades e as alteridades no ambiente escolar brasileiro perante as especificidades das diferenças étnico-raciais dentro de uma coletividade. Os debates sobre identidade na contemporaneidade surgem como elemento necessário para desenvolvimento de práticas educacionais em países como o Brasil, que tem composição multiétnica e pluricultural, e encontra-se inserido no fenômeno mundial da globalização Segundo Santos (1999), as identidades culturais, embora pareçam sólidas, são mutáveis e flexíveis, sendo resultados efêmeros de processos de identificação em curso. Já Stuart Hall (2005) aponta para um declínio das “velhas identidades”, o que gerou novas identidades que romperam e fragmentaram o indivíduo moderno, tido como sujeito unificado até então, e com isso houve ainda mais instabilidade nas referências sociais que norteavam os indivíduos. Tendo em vista que as relações dialéticas estabelecidas entre o eu e o outro que produzem as identidades são dotadas de conflitos, então, ao falar de igualdade também devemos tratar de diferenças e alteridade. Santos (2003) defende um imperativo transcultural em que tanto as diferenças sejam reconhecidas quanto a alteridade seja respeitada de forma igualitária. Em uma época de sociedades globalizadas, tratar de questões das diferenças culturais, étnicas, sociais, econômicas, entre outras, é defrontar-se com práticas políticas e educacionais que buscam criar modelos homogêneos e universalizantes. O sujeito humano, que desde a filosofia clássica até a modernidade era definido a partir da egolatria do eu, segundo Levinas, deve ser desconstruído, pois tal sujeito mantém-se encerrado em si mesmo, desejoso por uma liberdade de ser independentemente dos custos necessários para obtê-la, mesmo que para tanto o outro seja sacrificado. E para tal, ele sugere o rompimento com a totalidade a partir da experiência da alteridade, procurando as multiplicidades do outro e, por conseguinte, em busca da humanidade (apud GOMES, 2008). A presente pesquisa configura-se como um estudo analítico-descritivo, desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica, focando-se nos pensamentos de Santos, Hall e Levinas sobre identidade e alteridade à luz da Pós-Modernidade, e diante da problemática da mestiçagem dentro de um contexto multiétnico e pluricultural. Buscou-se, dessa maneira, encontrar as bases teóricas e conceituais necessárias para a devida compreensão do processo de ressignificação das identidades a partir do rompimento com as práticas pedagógicas eurocentradas e ligadas a uma epistemologia colonial. O discurso dominante sobre educação encara a escola, enquanto espaço disciplinar, como local em que se realiza difusão de saberes e de práticas de poder próprias do pensamento moderno ocidental capitalista, no qual existe a primazia da uniformidade e da homogeneidade, tidas como constituintes do universal. Por este prisma, as diferenças e a alteridade absoluta do outro são consideradas uma ameaça à identidade monocultural. Romper com esse discurso, reconhecendo as identidades e a alteridade absoluta do outro em um país multiétnico e pluricultural como o Brasil, desconstruindo a colonialidade do saber, é um grande desafio tanto para o campo da didática quanto para a formação dos profissionais da educação. Exige-se o desenvolvimento de uma nova consciência, um novo posicionamento, que proporcione uma reinvenção do modelo de escola, e que reconheça as diferentes culturas que se mesclam no universo escolar. Debruçar-se sobre a análise da construção de identidades também é analisar como estas foram construídas a partir do encontro com o diferente, com o outro, com a alteridade, e, em especial, como tais identidades podem ser ressignificadas a partir da abordagem da questão da mestiçagem. Assim sendo, é possível tomar o fenômeno da mestiçagem ocorrida no Brasil entre os povos indígenas, africanos e europeus como caso que pode servir de exemplo de diálogo entre as várias culturas que participaram ativamente da formação do que se passou a chamar de povo brasileiro. Dentro do contexto multiétnico e pluricultural das comunidades coabitantes do mesmo espaço nacional, romper com as práticas pedagógicas ligadas a uma epistemologia colonial de base eurocêntrica torna-se uma necessidade emergente. Tal movimento de ruptura é um desafio que pode ser superado a partir de uma perspectiva intercultural, que proporcione um espaço de abertura para o cruzamento de culturas, para o reconhecimento da alteridade absoluta do outro e para o diálogo entre diferentes grupos sociais.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SOUSA, Jean Carlos Barbosa de; MELLO, Ivan Maia de. REFLEXÕES SOBRE IDENTIDADE E ALTERIDADE PARA UMA PRÁXIS EDUCACIONAL INTERCULTURAL.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/108638-REFLEXOES-SOBRE-IDENTIDADE-E-ALTERIDADE-PARA-UMA-PRAXIS-EDUCACIONAL-INTERCULTURAL. Acesso em: 02/06/2025

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