AS MULHERES TENTANTES E SUAS VIVÊNCIAS COMPARTILHADAS NO YOUTUBE

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
AS MULHERES TENTANTES E SUAS VIVÊNCIAS COMPARTILHADAS NO YOUTUBE
Autores
  • Roberta Espote
  • Marta Fuentes-Rojas
  • Rafael de Brito Dias
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 15] Narrativas Midiáticas, Representação e Tecnologia
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/108499-as-mulheres-tentantes-e-suas-vivencias-compartilhadas-no-youtube
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Tentantes, Youtube, Não-maternidade.
Resumo
A questão da gestação e da maternidade sofreu inúmeras mudanças com o decorrer da história, porém sempre esteve presente na vida em sociedade e no imaginário coletivo, suscitando as mais diversas fantasias e sentimentos. Com novas possibilidades de configuração dos arranjos familiares, a diminuição do número de filhos, a inserção da mulher no mercado de trabalho, avanços tecnológicos da medicina, e o maior controle da reprodução possibilitaram à mulher uma escolha mais reflexiva com relação à maternidade, deixando de ser considerada apenas como instintivo e único destino possível para a mulher (VARGAS, 2012; SCAVONE, 2001; OLIVEIRA, 2007; NEGREIROS; FÉRES-CARNEIRO, 2004;). Porém, ainda é possível identificar forte influência social e cultural onde é esperado que a mulher queira ter filhos (BADINTER, 1985; COELHO, 2009; TOURINHO, 2006). Sendo assim, a experiência de ter frustrada a expectativa de uma gestação pode suscitar diversas questões emocionais, principalmente considerando mulheres que têm o desejo de engravidar, porém não o realizam por algum impedimento. Algumas mulheres nessas condições se denominam “Tentantes”, termo que se refere a mulheres que querem engravidar e por qualquer motivo não conseguem. O movimento das Tentantes foi evidenciado através do Youtube, onde a maioria dos vídeos são caseiros e referentes a relatos da vida pessoal, este meio permite que pessoas comuns ganhem visibilidade (SILVA 2016; SILVA; SALES, 2015). Percebe-se que essas mulheres se sentem à vontade para compartilharem aspectos relacionados às suas vivências e para trocar experiências sobre elas. É possível perceber que a rede virtual tem servido como espaço para lidar com um assunto de caráter íntimo e pessoal já que falar sobre a dificuldade para ter filhos envolve muitos sentimentos como vergonha e frustração. (DELGADO, 2007; FARIA, 1990; TRINDADE; ENUMO, 2002). OBJETIVO: A pesquisa pretende compreender os motivos que levam as mulheres a se denominarem Tentantes conferindo particular atenção à exposição de suas vivencias no ambiente virtual, por meio de vídeos no Youtube. METODOLOGIA: Considerando o objetivo de compreender melhor o fenômeno, foi feita uma pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva-explicativa, utilizando dos preceitos da netnografia, por ter como campo a internet (KOZINETS, 2006; MINAYO, 2010; TURATO, 2003). Foi realizada uma fase de pré-campo que permitiu a criação de hipóteses e definição do problema conforme proposto por Hine (1994), Minayo (2010) e Silva (2016). Na coleta de dados foram identificados e selecionados no Youtube 50 vídeos de mulheres que se denominam Tentantes, nos quais apresentavam relatos sobre a sua vivência. Foi feita posteriormente uma análise de conteúdo, como proposto por Bardin (2011) sendo que as categorias foram formuladas através da apreciação do discurso presentes nos vídeos assistidos e pela análise sistemática do conjunto de informações coletadas. As anotações do diário de campo foram utilizadas como complemento dos dados para análise. Mesmo sendo utilizados dados de domínio público e de acesso irrestrito, foram tomados todos os cuidados éticos necessários. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O que é ser Tentante, como essas mulheres compartilham suas experiências na internet e que tipo de orientações são mais frequentemente compartilhadas? Essas são algumas das principais questões sobre as quais temos refletido no contexto desta pesquisa. Até o momento foi possível identificar 3 categorias temáticas: 1. O que é ser tentante; 2. Tentantes na internet; 3. Orientações compartilhadas. Entende-se que o que caracteriza ser tentante é a grande expectativa com relação a gestação de um filho biológico, conforme Delgado (2007) e Vargas, Russo, Heilborn (2010) apontam, não é só o desejo de ter um filho, mas também o desejo pelo processo de gestação da maneira considerada natural. Outro fator que as une é o intenso sofrimento em decorrência de não conseguirem engravidar, além disso Delgado (2007) reforça o estigma social, ainda presente, frente a mulher sem filhos, o que parece intensificar o sofrimento da não gravidez. Cabe ressaltar que o movimento das tentantes surge no ambiente virtual (Youtube), isto pode ser visto como um ambiente que oferece a possibilidade de um indivíduo comum ser observado e ganhar visibilidade (MOTA, 2009). Segundo Primo (2006) e Azevedo (2007) a internet possibilita formar pequenas redes com pessoas interessadas no mesmo assunto. Este meio permite que as pessoas que vivenciam essa mesma situação se encontrem e dividam suas angustias e ao mesmo tempo se sintam confortadas. Muitos autores defendem que as relações estabelecidas pela internet não são menos reais, sendo possível criar um sentimento verdadeiro de intimidade e propiciar sentimentos de pertença ao grupo servindo como suporte emocional (LEITÃO; NICOLACI-DA-COSTA, 2005; PRIMO, 1997; RECUERO, 2009). Nos vídeos observou-se relações de identificação apoiada em vínculos de companheirismo e solidariedade, e ao mesmo tempo, compartilhamento de informações e ou orientações. Para alguns autores, a web 2.0 permite que qualquer pessoa assuma uma participação ativa e efetiva na viabilização e produção do conhecimento (ARRUDA, 2011; LEITÃO; NICOLACI-DA-COSTA, 2005; SILVA; SALES, 2015), com isso, se observou que algumas Tentantes se apropriam de conhecimentos sobre vários assuntos pertinentes à vida de uma mulher que tenta engravidar, mostrando muitas das vezes com autoridade conhecimento sobre o tema. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Com relação ao objetivo da pesquisa, entende-se que este estudo foi capaz de fornecer alguns subsídios para a melhor compreensão de como é construída a identidade das mulheres Tentantes. É possível entender que sua constituição ocorre em paralelo a sua exposição na internet, considerando ser esse um fenômeno que apareceu no Youtube. Além disso, é possível entender o quanto a pressão social, seja pelo ainda presente discurso da maternidade como aspecto identitário da mulher, ou pela concepção que prega ser possível conseguir tudo aquilo que se quer influencia diretamente no sofrimento relatado por elas. Espera-se que a partir disso sejam pensados outros estudos que possam compreender melhor a posição ocupada pelas Tentantes em uma sociedade que defende a liberdade de escolha, mas ainda as pressiona com relação à maternidade.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ESPOTE, Roberta; FUENTES-ROJAS, Marta; DIAS, Rafael de Brito. AS MULHERES TENTANTES E SUAS VIVÊNCIAS COMPARTILHADAS NO YOUTUBE.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/108499-AS-MULHERES-TENTANTES-E-SUAS-VIVENCIAS-COMPARTILHADAS-NO-YOUTUBE. Acesso em: 17/07/2025

Trabalho

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