DEMOCRACIA LIBERAL E SEU DISCURSO HISTÓRICO

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
DEMOCRACIA LIBERAL E SEU DISCURSO HISTÓRICO
Autores
  • Flávio José de Moraes junior
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 12] Memória, Narrativas e Discursos
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/107108-democracia-liberal-e-seu-discurso-historico
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Democracia, Teoria Liberal, História, Teoria Anarquista, Ciência Política
Resumo
Através de uma metodologia comparada, pretendemos analisar brevemente a ideia de democracia para o pensamento liberal sob a luz de uma crítica anarquista. Em uma abordagem cruzada, analisaremos tradições de pensamento e seu contexto histórico. Elegemos o liberalismo como objeto de estudo pois sua base teórica inspirou, pelo menos discursivamente, o atual modelo de democracia. Partindo de uma perspectiva latino-americana, a democracia na qual vivemos foi inserida pelo modelo norte-americano neoliberal (Perry, 1995) (Chomsky, 1999; 2002), inspirada em teóricos como: Bentham, Stuart Mill, Shumpeter e Huntington dentre outros teóricos da democracia que buscaram conciliar sistemas desiguais e o ideal democrático. Nos é caro ressaltar que utilizaremos como base uma teoria anarquista. A teoria dentro da pesquisa cientifica oferece uma determinada perspectiva, como uma lente. O nosso foco são os governados, os que são submetidos por leis dais quais nunca decidiram coisa alguma, em suma os que são considerados inaptos a tarefa de governar. Utilizaremos a teoria anarquista pois seus escritos nos oferecem uma crítica à autoridade e ao poder, sendo o principal referencial teórico da reivindicação da "democracia direta", tão presente em diferentes movimentos sociais que eclodiram contra o ciclo de neoliberalismo na América Latina. O que é uma democracia? Como poderíamos responder essa pergunta? O termo democracia tem sido objeto de estudo para historiadores, cientistas sociais, filósofos, economistas dentre muitos outros pesquisadores. O dicionário nos diz: “1 - Governo em que o povo exerce a soberania, direta ou indiretamente. 2 - Partido democrático. 3 - O povo (em oposição a aristocracia) ” , os professores de História não cansam de lembrar a contradição na esperança de que alguém lembre o sentido etimológico dela: “Kratos” – poder, “Demo”, povo (alguns alunos riem do fundo da sala). Os documentários dizem com sotaque inglês, em voz off, “começou na Grécia entre os séculos V e IV antes de cristo”. Há um consenso diariamente reforçado ou, para utilizar um termo de Chomsk, fabricado e entregue em todos os meios de comunicação que afirma que a democracia é algo em que vivemos, com alguns defeitos, mas ainda levando o glorioso legado de Atenas. Será? Primeiro: Por que recorrer a Grécia Antiga? Por que localizar o mito fundador nesse recorte especifico? Há incontáveis agrupamentos humanos que há milênios tomam decisões de forma igualitária por meio de consensos, reuniões ou assembleias. Nos vendem a ideia de que a origem da democracia é algo ocidental, como se a própria Grécia Antiga pudesse ser identificada como tal. Talvez seja mais estratégico historicamente para o status quo. Falar das sociedades que vivem perfeitamente sem Estado até os dias de hoje, que inclusive inspiraram autores anarquistas a pensarem um sistema igualitário, parece um tanto perigoso. Sam Mbah (2000) aponta que o anarquismo não é nenhuma utopia na África, sociedades como os Tiv, Kinkonba (África Ocidental), Dinka, Nuer e Lugbara (Africa Oriental) se organizam sem Estado e sem estruturas centralizadas. Sociedades como os Igbo na Nigéria, cuja população anterior ao processo de colonização ultrapassava sete milhões de pessoas, haviam desenvolvido uma organização descentralizada altamente sofisticada até sofrerem com a invasão europeia. Flores Magón (2003) enxergava que o anarquismo estava presente nos indígenas mexicanos muitos antes de existir o anarquismo, por exemplo. Essa alusão à Grécia Antiga é também uma fuga para não precisar mencionar as guildas europeias no período medieval, recorte histórico que muitas vezes é lido como idade das trevas, que segundo Kropotkin (2000) representa para história europeia um período de relativa liberdade, onde sociedades viviam de forma igualitária, sem Estado. E o que falar da Comuna de Paris ou da Revolução Espanhola? Por que não mencionamos esses recortes como períodos de democracia já que o critério é o povo no poder, no controle das decisões? Existem muitas perspectivas a serem analisadas a respeito do que é democracia, ela é um mecanismo jurídico? Uma ética política? Uma utopia? Diferentes pensadores colocaram a questão ao longo da história. Embora tenhamos uma gama de diferentes referências históricas democráticas, o atual modelo nos parece seguir uma definição clássica: alternância de poder, eleições, representação, capitalismo, liberdade de imprensa, liberdade de associação. Este modelo é referenciado numa tradição de pensamento bem localizada historicamente que é o Liberalismo e seus aprofundamentos como o Neoliberalismo. Quando nos deparamos com a materialidade da nossa democracia e com as teorias que legitimaram e tentaram planejar seu funcionamento, somos levados da fantasia da ágora e os filósofos da Grécia Antiga para escritórios e uma elite econômica e intelectual. A democracia é como uma foto de uma propaganda de fast food, notamos uma enorme diferença assim que nos deparamos com sua realidade material. Poderíamos facilmente propor que a democracia na América Latina é a MC democracy: exportada dos EUA, super exploradora dos trabalhadores, hierárquica, cancerígena, tóxica para todo meio ambiente incluindo os humanos, adepta ao livre mercado e sobrevive graças a propagandas milionárias. Hoje, no Brasil, vivemos uma democracia que é consequência direta de um projeto de poder norte-americano fundado em princípios neoliberais. O neoliberalismo tem sido a marca do nosso tempo. Este modelo tem consolidado uma série de processos e políticas que permitem que interesses de uma pequena minoria rica seja o principal objeto do Estado. Incorporando princípios do liberalismo clássico, o neoliberalismo aprofundou uma guerra contra os pobres, sob o lema de privatização de setores essenciais do Estado, flexibilização trabalhista ou retirada de direitos trabalhistas, diminuição - se possível, fim - de distintos benefícios sociais e, principalmente, total liberdade para corporações. Tendo em vista que o neoliberalismo é uma teoria estratégica para elite econômica, propomos um estudo que analise os referenciais teóricos da elite, afim de compreender quais sãos suas bases de pensamento e sua justificativa discursiva. E a partir disso, construir uma crítica e um pensamento que ofereça uma arma discursiva e a possibilidade de uma prática mais estratégica pautada no mapeamento ideológico dessa elite.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

JUNIOR, Flávio José de Moraes. DEMOCRACIA LIBERAL E SEU DISCURSO HISTÓRICO.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/107108-DEMOCRACIA-LIBERAL-E-SEU-DISCURSO-HISTORICO. Acesso em: 06/05/2025

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