FAKE NEWS E PÓS-VERDADE: REFLEXÕES SOBRE NOTÍCIAS FALSAS NA INTERNET

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
FAKE NEWS E PÓS-VERDADE: REFLEXÕES SOBRE NOTÍCIAS FALSAS NA INTERNET
Autores
  • Juliana Marinho dos Santos
  • Karine Lobo Castelano
  • Fermín Alfredo Tang Montané
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 11] Informação, educação e tecnologias
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/107081-fake-news-e-pos-verdade--reflexoes-sobre-noticias-falsas-na-internet
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Fake News, Pós-verdade, Redes Sociais Digitais, Jornalismo
Resumo
Em 1999, Lévy sinalizou que o ciberespaço se tornaria “[...] o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade a partir do início do próximo século” (p. 93). Assim aconteceu. A década de 2000 trouxe profundas transformações impulsionadas pelas inovações tecnológicas. Os recursos da Internet permitiram que a comunicação se tornasse livre de limites físicos e geográficos. É possível ter acesso à informação, uma das necessidades primordiais do ser humano, a qualquer hora e em qualquer lugar. Assim, a cibercultura se consolida como um “[...] conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY, 1999, p. 17). Lemos (2003) reforça que não é algo futuro, mas sim presente, e que a cibercultura é marcada pela ubiquidade e instantaneidade, “podemos estar aqui e agir à distância” (p. 3). Passa-se a falar em Nativos Digitais e Imigrantes Digitais (PRENSKY, 2001), uma diferenciação entre as gerações a partir do uso dos aparatos tecnológicos. A Internet ganha dinamismo e recursos interativos que permitem a participação do usuário. O ambiente é propício para a criação das redes sociais digitais, definidas por Recuero (2009) como sendo um conjunto dos elementos atores (indivíduos ou nós da rede) e suas conexões (interações ou laços sociais). Plataformas como o Facebook, Twitter, Instagram, YouTube, dentre outras, agregam bilhões de perfis que disseminam informações a todo o tempo, de acordo com suas motivações. O usuário é um produtor de conteúdo e não mais espectador passivo. Nesse contexto, cresce intensamente o volume de notícias, dentre elas as falsas notícias – fake news –, criadas a partir de diferentes intenções. Tendo em vista esse cenário, este trabalho tem o objetivo de levantar reflexões sobre as fake news, trazendo uma revisão de literatura com recentes pesquisas na área, apontamentos a respeito de casos que repercutiram na mídia e medidas adotadas para incentivar o uso das redes a favor da informação. Como ponto de partida, procuramos lembrar que as notícias falsas não nasceram junto com as redes sociais digitais; elas estão presentes na humanidade há muito tempo. Darnton (2017) afirma que, já no século VI, Procópio de Cesareia teria escrito um texto conhecido como “Anékdota”, que continha informações duvidosas sobre o império romano de Justiniano, a fim de manchar sua reputação. Em 1522, Pietro Aretino escrevia sonetos com difamações sobre os candidatos da eleição pontifícia, com o objetivo de manipular o processo, e os colava na estátua Pasquino, em Roma. “O ‘pasquinade’ então se transformou em um gênero comum de difusão de notícias desagradáveis, a maioria delas falsas, sobre figuras públicas” (DARNTON, 2017, on-line). Alguma semelhança com o que vemos hoje na Internet? Apesar de as notícias falsas não serem uma novidade, os recursos digitais e toda essa conectividade disponível impulsionam a disseminação dessas informações com maior facilidade e velocidade. Quando essas notícias são amplamente compartilhadas sem que haja a devida checagem, as consequências podem ser desastrosas. As pesquisas na área ainda são poucas, mas tentam investigar essas questões de forma interdisciplinar. O dicionário Oxford elegeu o termo pós-verdade como a palavra do ano de 2016, devido ao seu frequente uso durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos e a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit. Segundo o dicionário, pós-verdade “[...] se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e crenças pessoais” (on-line). As fake news são fabricadas para parecerem reais e apelam para o aquilo que o público já acredita, visando uma grande quantidade de cliques, novos adeptos e lucro. Quando somos expostos somente ao que nos interessa e ao que vem confirmar nossos valores e crenças, ficamos presos na “nossa bolha”, na “zona de conforto”, como explica Ferrari (2018, p. 35). No prefácio do livro, escrito por Lucia Santaella, a autora destaca que assim são criadas as “monoculturas” e “[...] pior do que isso é quando as crenças conduzem os indivíduos à prática inadvertida ou deliberada de espalhar notícias falsas como retroalimentação de suas crenças mal-fundadas” (p. 21). As fake news, então, se mantêm em circulação porque há uma necessidade de consumo de notícias, sejam elas falsas ou reais. Podemos observar um avanço em iniciativas para combater a disseminação dessas falsas informações, como foco na instrução da sociedade. A Lupa, por exemplo, é a primeira agência fact-checking brasileira que atua na checagem de notícias, buscando o grau de veracidade das informações que circulam pelo país. O projeto First Draft News, do qual a Lupa faz parte junto com mais de 40 plataformas digitais de jornalismo e checagem, também é voltado para a essa especialidade, com a proposta de orientar sobre como encontrar, verificar e publicar conteúdo proveniente da web social. Wardle (2017) explica ser necessário entender três elementos para o combate às fake news: os diferentes tipos de conteúdo; as motivações para criação; e as maneiras de disseminação. Lewandowsky et al. (2017) consideram os contextos político, tecnológico e social para levantar algumas razões que levam as pessoas a acreditarem nas fake news. Os autores trazem uma provocação a respeito de um mundo em que o conhecimento científico não mais importa, e sim o poder das mídias sociais. “Quão próximos estamos deste futuro distópico? Nós podemos não estar lá (ainda), embora existam motivos para nos preocuparmos com a nossa trajetória” (LEWANDOWSKY et al., 2017, p. 2, tradução nossa). De fato, esse futuro parece preocupante, principalmente ao refletimos sobre casos recentes, como o do linchamento de Fabiane Maria de Jesus, em 2014, confundida com um retrato falado publicado no Facebook, e a enxurrada de informações equivocadas que circularam nas redes após o assassinato de Marielle Franco (2018). O combate às fake news é um desafio. Espera-se, com esta pesquisa, contribuir para um lócus de discussão sobre o tema no meio acadêmico, destacando a importância de se refletir sobre o acesso à informação com qualidade e sobre o conhecimento da verdade, direitos de todo cidadão.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SANTOS, Juliana Marinho dos; CASTELANO, Karine Lobo; MONTANÉ, Fermín Alfredo Tang. FAKE NEWS E PÓS-VERDADE: REFLEXÕES SOBRE NOTÍCIAS FALSAS NA INTERNET.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/107081-FAKE-NEWS-E-POS-VERDADE--REFLEXOES-SOBRE-NOTICIAS-FALSAS-NA-INTERNET. Acesso em: 12/07/2025

Trabalho

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