SEXUALIDADES, EM NARRATIVAS: CARTOGRAFIAS QUEER DA VIDA E DA ARTE

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

DOI
10.29327/163912.7-10  
Título do Trabalho
SEXUALIDADES, EM NARRATIVAS: CARTOGRAFIAS QUEER DA VIDA E DA ARTE
Autores
  • Kris Herik de Oliveira
  • Carolina Cantarino Rodrigues
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 09] Estudos de gênero, sexualidades e corporalidades
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/106546-sexualidades-em-narrativas--cartografias-queer-da-vida-e-da-arte
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
(Homo)Sexualidades, Cartografia, Narrativas biográficas, Teoria Queer, Interdisciplinaridade
Resumo
Esta comunicação oral apresentará a abordagem teórico-metodológica interdisciplinar – que relaciona cartografia, teoria queer e narrativas biográficas – delineada na pesquisa de mestrado do primeiro autor, a qual versa sobre as enunciações das (homo)sexualidades nos territórios das vida e da arte. De modo mais específico, a apresentação sublinhará e problematizará o lugar do autor no desenvolvimento de uma pesquisa (auto)biográfica. Neste sentido, questiona-se: Como experiências vividas se confundem com uma obra? Como são desfeitos os distanciamentos entre pesquisador e projeto de pesquisa ao longo do processo? Como acompanhar os fluxos e contrafluxos das sexualidades sem que essas escapem por entre os dedos? Qual a potência das narrativas biográficas para se compreender essas questões e (re)pensar a produção de saberes sobre as sexualidades? Qual a potência das grafias para se transpor as experiências subjetivas narradas? A pesquisa em questão é efeito de insultos diários e agressões nos mais diversos espaços. Além disso, é fruto de afetos e desafetos, amores, práticas sexuais, conversas, peças de teatro, músicas, literatura, pinturas, ciências, trânsitos, desamparos, momentos de felicidade, alucinações, medos, notícias, discursos, de vidas. Entre vida e escrita, lançar-se ao campo de estudos sobre sexualidades só é possível através do acúmulo de resistência. E é esse devir-sujeito-resistente que tem concedido a este projeto potência científica, política e poética. A sexualidade atravessa os modos como nos reconhecemos e nos constituímos enquanto sujeitos na contemporaneidade. Uma subjetividade que se constrói imersa, portanto, afetada por aspectos históricos, sociais, culturais, religiosos, políticos, econômicos, tecnológicos, médicos e jurídicos (FOUCAULT, 1999; BUTLER, 2003; PRECIADO, 2008). Esse cenário multifacetado tem lançado aos estudos sobre as sexualidades o desafio de sua compreensão para além das fronteiras disciplinares dos saberes. Sendo assim, se faz necessário estabelecer um diálogo entre conceitos, problemas e métodos – processo que Pombo (2005, p. 9) chamou de “cruzamento interdisciplinar”. Mediante um jogo de resistência à especialização, a perspectiva interdisciplinar se esforça pela comunicação entre os saberes. Por isso, exige a ampliação do próprio conceito de ciência, por exemplo, incorporando os debates e afecções provocados pela filosofia e pelas artes (POMBO, 2005). Sob esta perspectiva, a pesquisa de mestrado sobre (homo)sexualidades e seus modos de expressão na vida e na arte tem se constituído inspirada no conceito de emaranhado (INGOLD, 2012) e sendo desenvolvida através dos princípios da cartografia queer (PRECIADO, 2017), conceitos aliados ao método das narrativas biográficas (KOFES, 2015). Esta reunião de saberes tem proporcionado ganhos metodológicos para se grafar com a vida de um modo além da escrita, isto é, materializando-se em pesquisa-desenho. Em defesa da vida e suas expressões, Ingold (2012) argumenta sobre a necessidade de se olhar para essa complexidade como uma diversidade de fluxos de modo processual (DELEUZE; GUATTARI, 1995). Com Deleuze e Guattari (1995), coloca que a vida pode ser pensada a partir das linhas que a tecem. Neste sentido, argumenta que as trajetórias vividas não seriam compostas por redes de conexões, mas por linhas a serem continuamente (trans)formadas. Uma malha de linhas que se entrelaçam, formando um emaranhado, sempre em movimento. A cartografia queer é uma formulação conceitual proposta por Preciado (2017, p. 11), a partir do conceito de cartografia (DELEUZE; GUATTARI, 1995) e do debate provocado pela teoria queer (DE LAURETIS, 1991). Seu princípio não se volta necessariamente para uma análise das sexualidades em termos de identidade, mas busca “pensar a arquitetura, o deslocamento e a espacialização do poder como tecnologias de produção da subjetividade” (PRECIADO, 2017, p. 11). Além disso, atenta-se “mais em termos de movimento do que de posição, mais em termos de performatividade do que de representação, mais em termos de tecnologias políticas e de relacionalidade do que de objeto ou corpo” (id., p. 16). Em outras palavras, a cartografia queer volta-se aos discursos, aos espaços e às técnicas de representação visual produtoras de sexualidades periféricas, portanto, passíveis de correção e sanção. É neste sentido que as narrativas biográficas são importante instrumento de acesso às linhas que desenham as experiências e eventos da vida, de acesso às subjetividades e seus modos de expressão. O método não enfatiza a reconstrução de uma vida, tampouco a linearidade constante a uma história, mas as experiências e os sentidos atribuídos aos acontecimentos e seus desdobramentos narrativos. Sendo assim, as próprias noções de vida podem ser pensadas a partir das narrativas biográficas por meio de relatos, textos, pinturas, esculturas, desenhos, fotos, filmes, documentários, diários e outro modos de expressão (KOFES, 2015). Neste sentido, ver, ouvir e afetar-se pelas enunciações de si se faz relevante para entrar em contato com os regimes de verdade e formas de resistência (BUTLER, 2015). O intuito, portanto, é dar a ver a relação entre enunciações das (homo)sexualidades, afetos e poder a partir das narrativas biográficas nos territórios da vida e da arte. Os conceitos e as narrativas biográficas que compõem a pesquisa, assim como a política que os movimenta, podem ser lidos como as linhas, os traços de um desenho que almejam grafar com a vida. Um desenho por observação que se inicia com um esboço, o croqui, faz uso de distintas técnicas e materiais, é preenchido, descartado e refeito até que se considere a sua incompletude finalizada. Então, por em relação as próprias técnicas de pesquisa para que se alcance a arte-vida. De modo empírico, as narrativas presentes em duas biografias têm passado por um processo de composição-análise-problematização levando em consideração os seguintes temas: desejo, corpo, gênero, prazer, afetos, família, religião, doença e loucura. O universo do artista visual e plástico José Leonilson tem permitido olhar para uma conexão entre vida e arte por meio da observação de suas obras, entrevistas concedidas e de seu audiodiário. As experiências subjetivas de Maicon têm sido narradas em entrevistas abertas. Conjuntamente com as narrativas biográficas, algumas derivas poéticas e desenhos têm sido esboçados. Desta maneira, os conceitos e as grafias que compõem a pesquisa, assim como a política que os movimenta, apresentam e escapam aos dispositivos da sexualidade, do armário e da doença. Dispositivos incapazes de conter as sexualidades uma vez que essas enunciam potência de criar e existir.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

OLIVEIRA, Kris Herik de; RODRIGUES, Carolina Cantarino. SEXUALIDADES, EM NARRATIVAS: CARTOGRAFIAS QUEER DA VIDA E DA ARTE.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/106546-SEXUALIDADES-EM-NARRATIVAS--CARTOGRAFIAS-QUEER-DA-VIDA-E-DA-ARTE. Acesso em: 17/05/2025

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