LONGFORM: CONTRADIÇÃO OU REFLEXO DE UMA NOVA LITERACIA DIGITAL?: UM ESTUDO DE CASO DE UMA SÉRIE DE O GLOBO.

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
LONGFORM: CONTRADIÇÃO OU REFLEXO DE UMA NOVA LITERACIA DIGITAL?: UM ESTUDO DE CASO DE UMA SÉRIE DE O GLOBO.
Autores
  • Tamara de Souza Campos
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 11] Informação, educação e tecnologias
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/104787-longform--contradicao-ou-reflexo-de-uma-nova-literacia-digital--um-estudo-de-caso-de-uma-serie-de-o-globo
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
ciberespaço, interatividade, longform, literacia digital, comunicação
Resumo
Tamara de Souza Campos – UNESA. Financiamento: Programa Pesquisa Produtividade da UNESA A Pós Modernidade coloca em evidência uma relação com o tempo e espaço como nunca experimentamos antes. Informações vindas de todo o globo chegam a nós de maneira constante e fragmentada na sociedade informacional (Castells, 1999). As relações deixam de ser orientadas pela tradição e passam a ser mediadas pelos veículos de comunicação de massa e pós-massivos, que ajudam a promover uma aceleração do tempo. Esse mundo acelerado é marcado por uma jornada de trabalho flexível, em que trabalhamos a todo momento e lugar, graças ao uso das TICs. Produzidos e partilhamos informações, pois o paradigma monológico um-todos em que os conglomerados comunicacionais centralizavam os meios de produção de difusão da informação é alterado para o todos-todos, marcado pelo surgimento dos prosumers - junção dos vocábulos producer e consumer - a fim de ilustrar o papel ativo do receptor, que se converte em co-autor quando comenta, compartilha, corrige e colabora. Essa ressignificação do papel do público na relação com os meios de comunicação se altera a configuração desses meios, que passam a ser marcados pelo info entretenimento e, conforme a literatura na área de webjornalismo (Barbosa, 2007, Borges, 2009) vem afirmando há aproximadamente duas décadas, culmina num texto curto, fragmentado, que procura estimular a participação do receptor. Além disso, as equipes enxutas e que atuam paralelamente no online e no impresso, e a lógica da alimentação constante do site que, diferente do impresso, procura dar conta do maior número possível de fatos, pois não está condicionado pela limitação do suporte papel (Borges, 2009) estimulariam os textos concisos. Em 2012, no entanto, a reportagem Snow fall (Amado, 2013), publicada pelo New York Times, trouxe uma novidade para o webjornalismo, sendo tida como início do longform. A matéria, com 18 mil palavras, considerada muito extensa para o online, contou com 3,5 de visualizações nos seis primeiros dias. No cenário brasileiro, a premiada reportagem “a Batalha de Belo Monte”, publicada pela Folha de SP, em 2013, é tida como precursora do gênero em nosso país, tendo envolvido dezenove profissionais e com produção de dez meses. O longform envolve um formato longo, não só de extensão de texto, que ultrapassa quatro mil palavras, mas também profundidade na apuração e no relato, que se diferencia do padrão do online, explorando intensamente as qualidades multimidiáticas, a fim de gerar histórias atraentes. Galerias de fotos e vídeos, infográficos, animações, jogos e recursos visuais são alguns exemplos. Em resumo, cabe ressaltar com os parâmetros que utilizo para a definição do que é LONGFORM: 1) Recursos multimídia, aliados a texto bem construído (Sharp, 2013). Dessa forma, é necessário ao menos texto, fotos e outro recurso como slideshow, games, vídeos, áudios, entre outros. 2) Além disso, seguindo a definição mais recorrente na literatura disponível acerca do longform, são matérias com mais de 4 mil palavras (LONGHI, 2014), sendo que a matéria especial pode ser algo único, reunido em um único template com várias abas ou seriada, publicada aos poucos, nos moldes de uma grande reportagem. 3) O longform “se destaca não apenas pelo formato, mas também pela apuração, contextualização e aprofundamento. Textos com essa característica propõem uma leitura mais lenta e um leitor disposto a dedicar tempo para a mesma” (LONGHI; WINQUES, 2015, p. 3). O objetivo desse trabalho é não apenas conceituar mais detalhadamente esse novo formato, que nos remete à grande reportagem do jornal impresso, devido a importância do jornalismo enquanto instituição que ajuda a construir a realidade social, sendo inclusive fonte metodológica para professores, como mapear e compreender a estrutura narrativa desse gênero organizado a partir de hiperlinks e recursos multimídia, marcado pela valorização das diversas formas de interatividade entre produto jornalístico e leitor. Será que existe mercado para esse gênero tendo em vista a recorrente associação entre internet e textos concisos e fragmentados? O longform, cuja proposta é gerar imersão do leitor, vai ao encontro da cognição dos indivíduos hoje, no sentido de promover uma literacia que propicia a fruição do texto em uma lógica de cursus, de navegação mais livre, diferentemente do sentido apriorístico de um texto escrito? Como essa interatividade e imersão são construídas no longform? Será feito um estudo de caso de uma série sobre escassez de água publicada pelo site do jornal O Globo, entre os dias 22 e 25 de março desse ano. Cabe frisar que foi realizado um monitoramento de quatro meses do Jornal o Globo, na busca por longforms, e apenas essa série se enquadrou nos parâmetros, motivo pela qual optamos por um estudo de caso. Isso já demonstra que o gênero é raro, se comparado com aos milhares de notícias breves difundidas no período. O longform em questão procurou desconstruir o mito da abundância da água no Brasil, a partir de 15 matérias e uma entrevista. Há também a presença de muito conteúdo que enriquece a narrativa, como o documentário “Rezas de São Francisco”, um videográfico água e churrasco, que explica o desperdício de água envolvido nessa confraternização tão comum em nosso país, uma calculadora interativa (usuário pode verificar se consome acima do sugerido pelas Nações unidas), um passeio interativo pelo Rio São Francisco, o diagnóstico interativo “Um século de escassez”, o vídeo “Sarapuí: Rio de Sujeira”, e arquivo resgatado da seção de memória do jornal sobre escassez de agua na Rio-92. Referências bibliográficas AMADO, Jô. O projeto ‘Snow Fall’ e o futuro do jornalismo. Observatório da Imprensa, 14/05/2013. BARBOSA, Suzana. Jornalismo Digital de terceira geração. Universidade da Beira Interior: Covilhã, 2007. BORGES, Juliano. Webjornalismo: política e jornalismo em tempo real. Rio de Janeiro: Apicuri, 2009. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. Paz e Terra. 1999. LONGHI, Raquel Ritter. Infografia online: narrativa intermídia. In: Estudos em Jornalismo e Mídia. Ano VI, n. 1. jan./jun. 2009. p. 187-196. Longhi, Raquel e Winques, Kérley. O lugar do longform no jornalismo online. Qualidade versus quantidade e algumas considerações sobre o consumo. Brazilian Journalism Research, v.1, n1, 2015, p.11-127. SHARP, Naomi. The future of longform. The Columbia Journalism Review, 9 de dezembro 2013.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CAMPOS, Tamara de Souza. LONGFORM: CONTRADIÇÃO OU REFLEXO DE UMA NOVA LITERACIA DIGITAL?: UM ESTUDO DE CASO DE UMA SÉRIE DE O GLOBO... In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/104787-LONGFORM--CONTRADICAO-OU-REFLEXO-DE-UMA-NOVA-LITERACIA-DIGITAL--UM-ESTUDO-DE-CASO-DE-UMA-SERIE-DE-O-GLOBO. Acesso em: 08/06/2025

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