"AQUI JAZ A AMÉLIA": (DES)CONSTRUÇÃO DO PAPEL SOCIAL FEMININO NO MUNDO DO CRIME

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
"AQUI JAZ A AMÉLIA": (DES)CONSTRUÇÃO DO PAPEL SOCIAL FEMININO NO MUNDO DO CRIME
Autores
  • Maria Helena Amaral Martins Dantas da Cruz
  • Herbert Toledo Martins
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 10] Gênero, Violências, Cultura - Interseccionalidade e(m) Direitos Humano
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/104705-aqui-jaz-a-amelia--(des)construcao-do-papel-social-feminino-no-mundo-do-crime
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Gênero, criminalidade feminina, tráfico de drogas
Resumo
O artigo visa compreender o engajamento de mulheres em atividades criminosas, notadamente no tráfico de drogas. Buscou-se refletir sobre as relações de gênero e poder, o papel social da mulher no tráfico de drogas e sua posição na sociedade atual. A pesquisa foi norteada pelo método qualitativo e a população selecionada recaiu sobre mulheres presas do Conjunto Penal de Feira de Santana em medida provisória e sentenciadas pelos arts. 33 e 35 da Lei 11.343/2006. Entre junho a novembro de 2017 foram entrevistadas treze (13) mulheres cujas identidades foram preservadas com a adoção de pseudônimos. Os estudos feministas possibilitaram a (re)contextualização da criminalidade feminina nos discursos da criminologia o que, em parte, proporcionou novas abordagens e resultados em diversas áreas do conhecimento evidenciando o envolvimento ativo de mulheres em ações violentas, e identificando uma maior disposição em variedades de papéis assumidos por elas no mundo do crime (ALMEIDA, 2001; SIEGEL, 2014; SANTOS, 2016). Neste sentido, o objetivo geral da investigação foi desmistificar o papel secundário relegado à mulher na criminalidade, em especial no tráfico de drogas, a partir da desconstrução do “sexo frágil”, e evidenciar a possibilidade de as mulheres estarem exercendo um papel ativo e de comando no tráfico, e assim desvelar como o gênero e as relações de poder dele decorrentes estão essencialmente entrelaçados na construção da realidade criminal. Segundo (SIEGEL, 1995, p. 53) “as mulheres sempre se constituíram enquanto atores sociais desviantes, entretanto, como não integravam o estereótipo criminoso não era alvo do sistema de justiça criminal”, o que acarretava em sua maior parte benevolência e incredulidade quando se tratava do sexo feminino. Atualmente a justiça brasileira vem quebrando esse paradigma tornando-se menos benevolente com as mulheres e penalizando-as pela prática do tipo do delito penal previsto em legislação. A inserção da perspectiva de gênero em pesquisas relacionadas com a criminalidade feminina mostrou-se essencial para a compreensão das relações de poder que historicamente permeiam as mulheres até os dias atuais, possibilitando a desconstrução do posicionamento feminino no mundo do crime. Ao analisarmos as participantes deste estudo notou-se que existe uma reprodução do discurso que ora se definem como superior ao homem, mais capaz, inteligente e independente; e ora se definem fracas, submissas e obedientes. Porem, essas concepções conflitantes podem ser compreendias pelo fato de existirem, simultaneamente, práticas sociais desiguais para homens e mulheres fortemente marcadas pelo patriarcalismo em diferentes momentos histórico e cultural da nossa sociedade, pelo qual foi percebido que as identidades não são fixas, mas mutáveis e transformáveis além de serem plurais e diversas, que segundo Scott assim vai se gestando a concepção de gênero como relacional, ou seja, pertencente às relações sociais entre os sujeitos (SCOTT, 1995). Os resultados da investigação revelaram que as mudanças ocorridas nas relações de gênero sob o impacto das transformações econômicas, culturais, e principalmente as tecnológicas existentes hoje, têm influenciado as mulheres a romperem com os grilhões da dominação masculina, e ao mesmo tempo desvencilhar de estigmas que as tornavam inferiores e incapazes de ocupar espaços que até então eram tidos como masculinos. Essas diferenciações socialmente estabelecidas entre homens e mulheres são percebidas como relações de poder que atuam ativa e decisivamente no funcionamento da realidade social e, consequentemente, também no mundo do crime e em todo o sistema de justiça criminal a partir da concepção de que o fenômeno da criminalidade não pode ser compreendido em sua plenitude sem passar pela análise do sujeito feminino, e dos discursos normativos e culturais que estabelecem as diferenças entre os sexos. No Brasil existe pouca literatura sobre essa temática, o que nos leva a crer que este é um campo ainda novo e pouco explorado, justamente, por ainda reconhecermos socialmente a mulher apenas como vítima e subordinada ao homem, mas não como agente ativo, e capaz de transgredir criminalmente.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CRUZ, Maria Helena Amaral Martins Dantas da; MARTINS, Herbert Toledo. "AQUI JAZ A AMÉLIA": (DES)CONSTRUÇÃO DO PAPEL SOCIAL FEMININO NO MUNDO DO CRIME.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/104705-AQUI-JAZ-A-AMELIA--(DES)CONSTRUCAO-DO-PAPEL-SOCIAL-FEMININO-NO-MUNDO-DO-CRIME. Acesso em: 26/06/2025

Trabalho

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