DA PRAÇA ONZE À CIDADE NOVA. DE ESPAÇO VIVIDO AO FUNCIONALISMO AMORFO, O BERÇO DAS TRANSFORMAÇÕES DO TECIDO URBANO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

Título do Trabalho
DA PRAÇA ONZE À CIDADE NOVA. DE ESPAÇO VIVIDO AO FUNCIONALISMO AMORFO, O BERÇO DAS TRANSFORMAÇÕES DO TECIDO URBANO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
Autores
  • CLAUDIO JORGE DA SILVA SOARES
  • Caterine Reginensi
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 04] Cultura e Desenvolvimento
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/104040-da-praca-onze-a-cidade-nova-de-espaco-vivido-ao-funcionalismo-amorfo-o-berco-das-transformacoes-do-tecido-urban
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Cidade Nova, Cultura, Memória.
Resumo
A Cidade do Rio de Janeiro vem sofrendo transformações urbanísticas constantes ao longo de mais de dois séculos, sem, no entanto, conseguir prover a parte de seus munícipes uma condição confortável de habitabilidade. Ao longo desse período, a cidade viveu situações administrativas diversas. Foi cidade administrada por governador nomeado pelo Império Português, posteriormente (1808), passou a ser a sede da colônia portuguesa, sede do Império Brasileiro (1822), sede do governo da República do Brasil (1889) funcionando como Cidade/Estado até 1960. Viveu a própria sorte até 15 de março de 1975, quando foi fundida com o Estado da Guanabara, originando o Estado do Rio de Janeiro. Em todos esses períodos, os sucessivos governos elaboraram planos urbanísticos sobre os mais diversos intuitos. Porém, foi em 1808, com a chegada da família real, que a cidade deu início a essa metamorfose constante. Primeiro, porque a quantidade de casas, na região central da cidade, era insuficiente para abrigar a entourage que chegava acompanhando o Imperador (27 mil pessoas). O núcleo urbano da cidade, que detinha em torno de 75% da população, era composto por 65 mil pessoas. Logo, a quantidade de casas a serem desocupadas não comportavam tantos habitantes. Aí se deu a primeira gentrificação que se tem notícia. Muitos moradores com poder aquisitivo, cederam suas casas e se instalaram nos arrabaldes, dando início a uma relação promíscua de compadrio com o Estado, que perdura até os dias atuais. Os outros foram deslocados para uma área aterrada do Mangue de São Diogo, e os demais passaram a fazer parte do que é hoje o Subúrbio Carioca. O aterro ganhou um largo intitulado Rocio Pequeno, no início do século XX, rebatizado de Praça Onze (em homenagem à Batalha do Riachuelo). Com o estabelecimento da Família Real na Cidade do Rio de Janeiro, o espaço compreendido entre os marcos da Avenida Trinta e Um de Março (Praça Onze de Julho) até a Rua Joaquim Palhares (perfazendo 25 quadras, segundo o decreto 2534 de 1980), sofre inúmeras alterações, fruto dos projetos urbanísticos das administrações que se sucederam. A maioria desses projetos tinha por objetivo definir tipos de usos de solo, conectar artérias de transporte entre o Centro e bairros periféricos, além, é claro, de criar novos espaços que pudessem ser explorados pelo capital privado. Nesse contexto o projeto do Teleporto, criado em 1994, pelo então prefeito César Maia, sob a égide do urbanismo estratégico, que tinha como objetivo, devolver ao Rio de janeiro o status de cidade global nas disputas pelo orçamento das grandes corporações internacionais, que havia perdido com a transferência da sede do Governo para Brasília e as sucessivas perdas de investimento para São Paulo. Esse plano foi executado pelo secretário de Obras e Urbanismo, o arquiteto Luiz Paulo Conde, que tinha relações empresariais como os arquitetos que haviam transformado Barcelona na cidade modelo das Globais Cities. Na cidade do Rio, contrariando as afirmações de Eric Hobsbawm (1997), das tradições inventadas, a institucionalidade fez de tudo para apagar as tradições criadas durante quase 150 anos. A Praça Onze figurou no cenário cultural da cidade como um dos principais centros de resistência da cultura negra, onde nomes como Tia Ciata, Donga, Tia Perciliana, Brancura, Bide e Marçal afirmavam a contribuição da cultuara Negra através do samba e do candomblé. Ali nasceu a primeira escola de samba “Deixa Falar”, no seu entorno surgiu a primeira ocupação de encosta de um morro na cidade, o morro da Providência, onde surgiu a palavra favela para designar os locais ocupação irregular para fins de moradia. Só que eles caminharam na contramão da Cidade Nova proposta pelo Imperador. Em 1810, mesmo atuando de forma a afastar da Zona Central da cidade a presença incomoda de negros e pobres, a ação imperial ajudou a construir um espaço de amalgama de relações inter-raciais, que teve como fio condutor a cultura. Obviamente o intuito não era esse, muito pelo contrário, negros e pobres sempre foram perseguidos. Prova disso é a primeira lei de terras de 1850, que veta aos negros o direito, de mesmo libertos e com posses, adquirirem terras. Também podemos apresentar como exemplo a lei de vadiagem de 1890, onde festas de candomblé e rodas de samba, além da prática da capoeira foram duramente reprimidas. Ainda assim, o espaço da Cidade Nova do Império configurou-se como um território socialmente constituído. Ao contrário do tecnicismo denunciado por Lefbreve, que, na ânsia de construir um espaço para atender um urbanismo funcionalista, criou um espaço amorfo e sem vida. Pesquisar esta região é entender as transformações que moldaram a geografia e personalidade do Rio de Janeiro. Ali se encontra o seu DNA, com a inevitável miscigenação, promovida pelo convívio de gente oriunda de locais e culturas tão díspares (negros, portugueses e, posteriormente, judeus e ciganos). Para o trabalho de pesquisa, pretendo dispor da bibliografia já pesquisada para a minha dissertação em Políticas Sociais, além de pesquisa documental, registro fotográfico e análise dos diversos planos urbanísticos. Pretendo demonstrar a ineficácia dos planos que afastaram a população dessa região, com o objetivo de transformá-la em algo que contraria sua vocação, como polo irradiador de cultura. Também faz parte desse trabalho o interesse em dar validade ao discurso marxista de Henri Lefbreve (2000) para a criação do espaço.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SOARES, CLAUDIO JORGE DA SILVA; REGINENSI, Caterine. DA PRAÇA ONZE À CIDADE NOVA. DE ESPAÇO VIVIDO AO FUNCIONALISMO AMORFO, O BERÇO DAS TRANSFORMAÇÕES DO TECIDO URBANO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO... In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/104040-DA-PRACA-ONZE-A-CIDADE-NOVA-DE-ESPACO-VIVIDO-AO-FUNCIONALISMO-AMORFO-O-BERCO-DAS-TRANSFORMACOES-DO-TECIDO-URBAN. Acesso em: 01/07/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes