O MODO DE PRODUÇÃO DE RISCO: UMA ANÁLISE SOBRE O MODO DE PRODUÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO RIO DE JANEIRO

Publicado em 14/03/2022 - ISSN: 2316-266X

DOI
10.29327/163912.7-11  
Título do Trabalho
O MODO DE PRODUÇÃO DE RISCO: UMA ANÁLISE SOBRE O MODO DE PRODUÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO RIO DE JANEIRO
Autores
  • Leonardo Neves
Modalidade
Comunicação Oral - Resumo
Área temática
[GT 21] Trabalho e Economias
Data de Publicação
14/03/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/viiconinter2018/102842-o-modo-de-producao-de-risco--uma-analise-sobre-o-modo-de-producao-da-construcao-civil-no-rio-de-janeiro
ISSN
2316-266X
Palavras-Chave
Modo de produção; Construção civil; Sociedade de Risco
Resumo
O modo de produção na Construção Civil é um dos que mais leva a óbito os trabalhadores brasileiros. Para se entender tal afirmativa na construção civil a pesquisa leva em conta, que o setor deixou de lado o avanço tecnologia empregado em outro setores da indústria, pois quando se trata de produção, na Construção Civil, o risco é contabilizado pelos empresários e está atrelado a diversos fatores que vamos mostrar neste artigo e constatamos em dissertação de mestrado apresentada no IUPERJ, em 2016, denominada: “ Nas ondas do construindo sucesso: o rádio como Instrumento de Luta Sindical”. Este artigo apresenta parte dos resultados da pesquisa de mestrado, que teve em sua epistemologia os conceitos da sociologia do trabalho e da comunicação. Esse binômio trabalho e comunicação, que é utilizado pela pofª. Drª. Roseli Figaro (2009) em seus estudos estabelece e possibilita verificar melhor a atividade do trabalho e, ao mesmo tempo, nos permite refletir sobre o mundo do trabalho e os seus modos de comunicação com os sujeitos. Nesse caso, os sujeitos aqui são os trabalhadores da Construção Civil que na estrutura dessa pesquisa será avaliado seu modo de produção, através da análise de discurso dos áudios retirados do programa de rádio “Construindo Sucesso”, produzido pelo Sindicato da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sintraconst-Rio) , na Rádio Manchete 760AM. O programa foi ao ar nos anos de 2010 até 2015. Durante essa pesquisa podemos perceber que o modo de produção da construção civil está atrelado a uma série de fatores de risco: terceirização, flexibilição, atraso tecnológico, o que leva ao alto índice de acidente de trabalho neste setor, com explica Filgueiras(2012). Considerando apenas os empregados formalmente vinculados aos CNAES (Classificação Nacional de Atividade Econômica) que integram a Construção (Setor F) e os dados dos últimos Anuários Estatísticos de Acidentes de Trabalho (AEAT, 2010, 2011, 2012, 2013) do INSS, morrem mais de 450 trabalhadores no setor, a cada ano, no país. A participação do setor da construção civil no total de acidentes fatais registrados no Brasil passou de 10,1%, em 2006, para 16,5%, em 2013. À luz da quantidade de trabalhadores ocupados na construção civil em relação ao conjunto do mercado de trabalho, a partir dos dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) de 2010 a 2012, apura-se que o risco de um trabalhador morrer na construção é mais do que o dobro da média (FILGUEIRAS, 2012, p.18). Segundo Filgueira (2012) o risco é mais que o dobro da média. Então o que estaria acontecendo com os procedimentos técnicos de segurança do trabalho? Com tanto manual de procedimento de segurança, por que o risco não cai? Por que cada dia mais trabalhadores estão morrendo no canteiro de obras e, em contra partida, aumenta-se o sistema técnico de segurança e novas tecnologias de proteção, mas o número de acidente só aumenta? O que leva ao risco? A quem o risco beneficia? A quem o risco atrapalha? Neste artigo o leitor vai perceber que o risco na construção civil não só atrapalha a sua classe trabalhadora, mas também gera uma série de problemas para seu sindicato, como também atrapalha a realização de pesquisas nesse setor, por isso, uma de nossas justificativas para a realização da pesquisa é a dificuldade encontrada pelo pesquisador Dr. Luciano Rodrigues Costa, que em tese de doutorado intitulada: “Trabalhadores em Construção: mercado de trabalho, redes sociais e qualificação na construção civil” (2010), afirma que o canteiro de obras tem um ambiente inóspito, o que causa um bloqueio nos pesquisadores quando se trata de pesquisas acadêmicas em canteiro de obras. É neste contexto, como pesquisador, que podemos contribuir, pois parte da pesquisa acadêmica foi realizada em canteiro de obras, realizando grupos de discussão, com equipes de segurança do trabalho, e visitas ao canteiro de obras, desta forma, fizemos uma comparação dos procedimentos de segurança com o discurso midiatizado do rádio. A comparação entre o discurso e o canteiro nos ajuda a constatar uma relação entre o mundo do trabalho e a sociedade de risco, um conceito de que fala Ulrich Beck (2011). O que nos leva a pensar que o modo de produção na construção civil é um modo de produção de risco. Para isso, utilizamos o conceito de sociedade de risco em que vivemos na visão do Ulrich Beck(2011), Giddens (1991), o que nos ajudará a compreender que a sociedade de risco mostra ser uma ruptura no interior da modernidade, que rompe com a sociedade industrial clássica e passa assumir o que Beck(2011) chama de “sociedade (industrial) de risco”. O conhecimento técnico não pode mais resolver os problemas, não pode mais dar conta dos riscos, que vão da saúde humana ao meio ambiente. Dentro desta perspectiva este artigo faz uma reflexão dos conceitos do modo de produção na construção civil, pois em tese, para nós, a construção civil não possui um modo de produção manufatureiro ou artesanal, como alguns autores propõem, mas sim, um modo de produção de risco, pois a pesquisa nos ajuda a constatar que o risco faz parte da produção, pois é revelado por uma série de depoimentos do trabalhador e de visitas ao canteiro de obras. O trabalho por tarefa, a terceirização, o desemprego, a rotatividade, a baixa escolaridade, leva ao que Sennet (1999) vai denominar de a corrosão do caráter de sua própria classe trabalhadora, que diante das mudanças na reforma trabalhista, o exercito de reserva, conquistado no auge da construção civil, gera o risco psicológico, as drogas, e até mesmo a corrupção feitas pelas empreiteiras que, com a compra de matérias de baixa tecnologia e qualidade, utilização levam o trabalhador a uma produção de risco na construção civil.
Título do Evento
VII Coninter
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais VII CONINTER
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

NEVES, Leonardo. O MODO DE PRODUÇÃO DE RISCO: UMA ANÁLISE SOBRE O MODO DE PRODUÇÃO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO RIO DE JANEIRO.. In: Anais VII CONINTER. Anais...Rio de Janeiro(RJ) UNIRIO, 2018. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VIIConinter2018/102842-O-MODO-DE-PRODUCAO-DE-RISCO--UMA-ANALISE-SOBRE-O-MODO-DE-PRODUCAO-DA-CONSTRUCAO-CIVIL-NO-RIO-DE-JANEIRO. Acesso em: 05/05/2025

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