PROGRAMA FORÇA NOS ESPORTES NA REGIÃO DOS LAGOS DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISE DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DOS ADOLESCENTES

Publicado em 22/03/2023 - ISBN: 978-85-5722-682-1

Título do Trabalho
PROGRAMA FORÇA NOS ESPORTES NA REGIÃO DOS LAGOS DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISE DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DOS ADOLESCENTES
Autores
  • Mariana Costa Basili
  • AMABELA DE AVELAR CORDEIRO
  • Naiara Sperandio
  • Mariana Floriano dos Santos
Modalidade
Resumo expandido - Relato de experiência ou extensão
Área temática
Direito Humano à Alimentação Adequada
Data de Publicação
22/03/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/venpssan2022/495059-programa-forca-nos-esportes-na-regiao-dos-lagos-do-rio-de-janeiro--analise-da-seguranca-alimentar-e-nutricional-d
ISBN
978-85-5722-682-1
Palavras-Chave
Segurança Alimentar e Nutricional; Adolescentes; Educação Alimentar e Nutricional.
Resumo
Trata-se de relato de experiência sobre a construção do Projeto “Programa Força nos Esportes (PROFESP) na Região dos Lagos do Rio de Janeiro: Análise da Segurança Alimentar e Nutricional dos Adolescentes”, que compõe a Linha de Pesquisa Desafios e Ações na Promoção da Alimentação Adequada e Saudável do Programa de Pós-Graduação em Segurança Alimentar e Nutricional (PPGSAN), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). A justificativa para a elaboração deste projeto se deve à necessidade de fortalecer a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e a Educação Alimentar e Nutricional (EAN), que se constituem como alguns dos objetivos do PROFESP. Este programa é oriundo do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, e é desenvolvido por meio de adesão voluntária de Organizações Militares (OM). As atividades são conduzidas por OM da Marinha do Brasil (MB), do Exército Brasileiro (EB) e da Força Aérea Brasileira (FAB) (BRASIL, 2020a). O programa funciona em aproximadamente 123 cidades em todos os estados da Federação e no Distrito Federal, envolvendo cerca de 202 OM das três Forças Armadas, beneficiando, em março de 2020, 29.558 (vinte e nove mil, quinhentos e cinquenta e oito) crianças, adolescentes e jovens, inclusive no interior da Amazônia Brasileira, junto à comunidades indígenas. Possui caráter social, inclusivo e educacional, e pode ser considerado uma importante ferramenta para o desenvolvimento de ações que propiciem a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e a promoção da alimentação saudável para seus participantes. O programa busca criar ou ampliar ambientes favoráveis à alimentação saudável e que possibilitem o acesso a alimentos de qualidade, e, neste sentido, estão em consonância com as prioridades resultantes das discussões na V Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional que ocorreu em 2015 (BRASIL, 2017). Para participar do programa, o jovem deve estar regularmente matriculado nas escolas públicas, além de ser oriundo de famílias em situação de risco e vulnerabilidade social. As situações de vulnerabilidades são multifatoriais, atreladas também às desigualdades de acesso a bens e serviços (BRASIL, 2009). A falta de acesso à alimentação adequada pode impactar negativamente no crescimento e no desenvolvimento infanto-juvenil (BRASIL, 2020b). A segunda década de vida marca um período de rápido desenvolvimento físico, cognitivo, social, emocional e transformação ética. É um tempo de aumento do engajamento com o meio ambiente e receptividade para novas ideias. O período da adolescência oferece uma chance única de abordar problemas nutricionais gerados durante a primeira década de vida, bem como o desenvolvimento de hábitos alimentares e de estilo de vida saudáveis e duradouros (incluindo acesso a água potável, saneamento e higiene e atividade física). Práticas alimentares saudáveis e sustentáveis durante a adolescência têm o potencial de limitar déficits nutricionais e falhas de crescimento linear gerados durante a primeira década de vida, e podem, ainda, contribuir para reduzir a ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) na idade adulta. Dessa forma, investir na saúde do adolescente traz dividendos triplos: melhor saúde para os adolescentes agora, melhor bem-estar e produtividade em sua futura vida adulta e redução dos riscos à saúde de seus filhos (WHO, 2018). No entanto, a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada entre os anos de 2017 e 2018, apontou a redução na frequência de consumo de frutas, legumes e verduras pelos adolescentes, sendo esta redução maior no quarto de renda mais baixa (BRASIL, 2020c). De acordo com a OMS (WHO, 2003) o baixo consumo desses alimentos está entre os 10 principais fatores de risco para a carga total de doenças em todo o mundo, sendo responsável por aproximadamente 2,7 milhões de óbitos anualmente. Dentre as doenças, a obesidade é crescente entre os adolescentes, e está relacionada com os hábitos alimentares e estilo de vida não saudáveis (WHO, 2016), assim como as DCNT (WHO, 2018). Em um estudo recente com escolares brasileiros na faixa etária de 13 a 17 anos, foi encontrada a prevalência de excesso de peso em 24,2% na região Sudeste, variando de 20,7% na região Nordeste a 27,8% na região Sul. Já a prevalência de sedentarismo no Brasil foi de 67,8%, variando de 61,8% na região Norte a 70,3% na região Sudeste (FERREIRA; ANDRADE, 2021). Paralelamente aos problemas enfrentados pela sociedade, em 2020 a pandemia do SARS-COV-2 trouxe a necessidade do isolamento social e medidas de contenção da crise sanitária marcaram a população mundial. Neste período, as repercussões do COVID-19 no Brasil atingiram todas as dimensões da SAN. Afetou a disponibilidade e o acesso aos alimentos, com a diminuição ou suspensão de renda dos mais vulneráveis (RIBEIRO-SILVA, 2020; FARIAS; ARAÚJO, 2021). O cenário atual expõe ainda mais as desigualdades sociais do país, evidenciando a fome e a falta de acesso à alimentação para milhões de brasileiros, principalmente aqueles historicamente vulneráveis. Isso ocorre tanto pelas características das áreas de moradia, quanto pelo impacto negativo na instabilidade da renda dos trabalhadores informais, e pelo enfraquecimento dos vínculos empregatícios dos trabalhadores formais, aumentando a pobreza e reduzindo ainda mais o poder de compra. Estudos recentes apontam para o aumento da Insegurança Alimentar (IA) no país, a qual agravou-se no período da pandemia do Sars-cov-2 (UNICEF, 2020; REDE PENSSAN, 2021). Sendo assim, em um contexto em que os estudos apontam inadequações na alimentação e elevação da prevalência de excesso de peso e de sedentarismo entre adolescentes, parece importante que seja investigado o perfil alimentar e nutricional deste grupo, assim como a situação de segurança alimentar e nutricional, no contexto de seu desenvolvimento social e psicossocial, com o objetivo de evidenciar elementos que possam contribuir para a formulação de programas e, até mesmo, de políticas públicas (WHO, 2018). Dessa forma, o projeto tem o interesse em investigar a situação de SAN dos adolescentes participantes do PROFESP em uma OM situada em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, a fim de formular propostas de ações que possam contribuir para qualificação do programa, assim como ampliar a garantia de SAN e Direito Humano à Alimentação e Nutrição Adequadas, por meio de ações de EAN. A metodologia proposta para a investigação se caracteriza como exploratória e descritiva, de corte transversal, com abordagem quali-quantitativa, por se tratar de um estudo que visa alicerçar o conhecimento do pesquisador sobre a temática central do projeto. A partir de uma revisão da literatura sobre o tema de interesse foi possível estabelecer quatro dimensões que buscarão compreender a situação de SAN dos jovens e suas famílias: a) a dimensão nutricional será investigada por meio de indicadores antropométricos; de consumo alimentar e de modos de vida dos adolescentes; b) a dimensão da SAN será investigada pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), por meio de entrevista individual com o responsável pelo adolescente, e pela Escala de Segurança Alimentar e Nutricional para Adolescentes (ESANa), que será respondida pelos jovens; c) a dimensão alimentar, que será investigada por meio da avaliação da qualidade da alimentação ofertada na OM, através da avaliação de cardápios pelo Índice de Qualidade da Coordenação de Segurança Alimentar e Nutricional (IQ COSAN), e a dimensão social, que será investigada por meio de indicadores socioeconômicos. Por fim, considerando o componente educativo presente no PROFESP, o projeto prevê a elaboração de um programa de Educação Alimentar e Nutricional (EAN). Para isso, além dos resultados obtidos a partir da investigação sobre as quatro dimensões citadas anteriormente, serão realizadas entrevistas em profundidade com os apoiadores do programa, que são os responsáveis pela interação com os jovens, desenvolvendo atividades de esporte, reforço escolar e cívico-militares. Essas entrevistas visam permitir que o pesquisador compreenda as concepções destes profissionais sobre alimentação saudável, segurança alimentar e nutricional, direito humano à alimentação (DHA) e educação alimentar e nutricional, e os provoque a refletir sobre a necessidade de trabalhar pedagogicamente estes temas com os jovens. Para a elaboração do programa de EAN, estão previstas ainda oficinas com os adolescentes, cujo objetivo é investigar sobre as melhores formas para a abordagem de ações de EAN, de forma a atender as particularidades dos participantes do PROFESP. A análise dos dados obtidos pela investigação subsidiará a elaboração de um Relatório Técnico aos coordenadores do PROFESP. O conteúdo do Relatório Técnico incluirá o diagnóstico situacional, que envolverá: a situação alimentar e nutricional e de estilo de vida dos adolescentes; a situação de segurança alimentar e nutricional de suas famílias; as percepções dos apoiadores sobre alimentação saudável, SAN e DHA, sobre as interrelações destes temas com os objetivos do PROFESP, assim como uma proposta de programa de educação alimentar e nutricional na perspectiva da segurança alimentar e nutricional. Pretende-se, após a apreciação do Relatório Técnico pelos coordenadores, implantar o programa de EAN no PROFESP de São Pedro da Aldeia e, a partir dos resultados obtidos, propor a divulgação da proposta para as demais OM participantes. Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Defesa, Ministério da Cidadania, Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e Ministério da Educação. Secretaria-Geral. Secretaria de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Departamento de Desporto Militar CARINHO COM DISCIPLINA! Informativo PROFESP/Edição/2020. Brasília, DF, 2020b. Disponível em:< https://www.gov.br/defesa/pt-br/arquivos/programas_sociais/profesp/informativoa_profespea_2020a_va_finala_19a_fev.pdf. Acesso em: 20 nov. 2020 BRASIL. Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - PLANSAN 2016-2019. Brasília, DF: CAISAN, 2017a. 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Título do Evento
V Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
Título dos Anais do Evento
Anais do V Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BASILI, Mariana Costa et al.. PROGRAMA FORÇA NOS ESPORTES NA REGIÃO DOS LAGOS DO RIO DE JANEIRO: ANÁLISE DA SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL DOS ADOLESCENTES.. In: Anais do V Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Anais...Salvador(BA) UFBA, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VEnpssan2022/495059-PROGRAMA-FORCA-NOS-ESPORTES-NA-REGIAO-DOS-LAGOS-DO-RIO-DE-JANEIRO--ANALISE-DA-SEGURANCA-ALIMENTAR-E-NUTRICIONAL-D. Acesso em: 23/05/2025

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