JUVENTUDES E DHAA: EXPERIÊNCIA FORMATIVA NO MOVIMENTO “COMER PRA QUÊ?” COM ESTUDANTES DE NUTRIÇÃO

Publicado em 22/03/2023 - ISBN: 978-85-5722-682-1

Título do Trabalho
JUVENTUDES E DHAA: EXPERIÊNCIA FORMATIVA NO MOVIMENTO “COMER PRA QUÊ?” COM ESTUDANTES DE NUTRIÇÃO
Autores
  • Caroline Furtado Bilro
  • Paula Bernardes Machado
  • AMABELA DE AVELAR CORDEIRO
  • Carolina Martins dos Santos Chagas
  • Thaís Salema
Modalidade
Resumo expandido - Relato de experiência ou extensão
Área temática
Direito Humano à Alimentação Adequada
Data de Publicação
22/03/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/venpssan2022/495036-juventudes-e-dhaa--experiencia-formativa-no-movimento-comer-pra-que-com-estudantes-de-nutricao
ISBN
978-85-5722-682-1
Palavras-Chave
Formação profissional, Educação Alimentar e Nutricional, Direito Humano à Alimentação Adequada
Resumo
Apresentação e Objetivos No âmbito da Educação Alimentar e Nutricional (EAN), os jovens estudantes de Nutrição, em um primeiro momento, tendem a ter um olhar pouco sistêmico em relação à alimentação, devido a um currículo ancorado nas ciências biológicas e da saúde. Sendo assim, há uma janela de oportunidades para o fortalecimento da consciência crítica neste grupo social voltada para a Promoção da Alimentação Adequada e Sustentável, alinhada à Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). Desta forma, torna-se necessário oportunizar diálogos e semear questionamentos alinhados a uma perspectiva sistêmica da alimentação, de modo a abrir caminhos para uma formação que considere a complexidade do tema e para uma prática profissional crítica e contextualizada com as distintas realidades. Empoderando-se como cidadãos na esfera do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável (DHAA), é possível que protagonizem, cada vez mais, ações transformadoras na sociedade. O CPQ se apresenta como um espaço para diálogo e construção com as juventudes, e percebe os estudantes de graduação em Nutrição como atores sociais potentes para a conformação de experiências educacionais mais amplas sobre o universo da alimentação, por: 1) estarem integrados ao ambiente universitário, no qual o público jovem é maioria; 2) terem interesse por temas relacionados à alimentação e nutrição; 3) serem jovens com potencial de abertura para atividades criativas e de construção coletiva. Neste sentido, o objetivo central das atividades apresentadas neste relato de extensão foi sensibilizar os estudantes de Nutrição para a agenda da EAN na perspectiva da SAN, tomando como base os princípios do Marco de EAN para políticas públicas, aos desafios apontados no Guia Alimentar para a População Brasileira e à perspectiva do Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável (DHAA). Descrição da experiência Tratam-se de atividades integrantes do projeto de pesquisa e extensão denominado “Educação Alimentar e Nutricional com juventudes: mobilização, redes e cooperação institucional”, também conhecido como movimento Comer Pra Quê? (CPQ). Cabe destacar inicialmente que as ações e atividades educativas realizadas pelo CPQ são orientadas pelos pressupostos pedagógicos da educação Freiriana, em especial a dialogicidade, problematização e construção coletiva de conhecimentos (FREIRE, 1988). O movimento desenvolve as atividades com protagonismo juvenil, considerado uma estratégia pedagógica para a ação cidadã (BOGHOSSIAN; MINAYO, 2009). Em 2021, o CPQ foi convidado por professores/as de cursos de graduação em Nutrição de diferentes estados brasileiros, mais especificamente da disciplina Educação Alimentar e Nutricional, para apresentar o movimento e desenvolver atividades com os estudantes. Para isso, é adotado o seguinte percurso metodológico: 1) Apresentação pessoal A atividade se inicia com uma apresentação pessoal de todos os presentes. Em seguida há uma breve explicação da atividade proposta pelas mediadoras. 2) Primeiro espaço participativo (uso da plataforma Mentimeter) Inicia-se o primeiro momento participativo com a pergunta mobilizadora: “Comer Pra Quê?”. Os jovens são convidados a responder a esta questão na plataforma Mentimeter, com uma palavra/imagem que vem à cabeça diante da pergunta. O link para acesso à plataforma é disponibilizado no chat para os participantes responderem e há possibilidade de abrir o microfone para comentar as respostas. Em seguida, ocorre um momento para discussão sobre as respostas apresentadas, com destaque às palavras grandes que foram repetidas, embora todas sejam consideradas importantes. Ancora-se a discussão nos temas mobilizadores do CPQ. Essa etapa tem um tempo estimado de 15 minutos. 3) Apresentação do Movimento CPQ Nesse momento são compartilhados slides, com a apresentação institucional do movimento. A apresentação inclui os objetivos; sua vinculação institucional com universidades; suas inspirações conceituais; como iniciou sua construção com jovens de diferentes regiões do Brasil; seus 10 temas mobilizadores; as ações já realizadas pelo CPQ e os materiais já produzidos no âmbito do movimento; e as propostas de ações futuras, aproveitando para convidar os estudantes a participarem. O tempo aproximado da apresentação é de 10 minutos. 4) Segundo espaço participativo (uso da plataforma Jamboard) Para o segundo momento participativo há explicação da atividade e apresentação de um tutorial (criado pelo CPQ) para uso da ferramenta Jamboard. Os participantes são convidados a responder questionamentos ou completar frases sobre o tema da alimentação, deixadas na plataforma. O espaço permite a expressão em forma de textos, desenhos ou imagens. São utilizados questionamentos como: “E aí, você sabe de onde vem a sua comida?”; “Pra você alimentação adequada e saudável é…”; “Você pratica uma alimentação mais sustentável quando...”; “Você tem direito à alimentação adequada e saudável quando…”; e “Como chamar atenção de jovens para se alimentar de forma consciente?”. Os jovens são encorajados a compartilhar suas vivências e opiniões sobre os temas, sem o julgamento de valor. Após as contribuições inseridas no Jamboard, há apresentação de um vídeo do CPQ sobre a temática discutida, a fim de mobilizar o diálogo entre os jovens, criando uma conexão entre suas contribuições e os temas mobilizadores do CPQ, tendo em vista os conceitos de DHAA e SAN. O momento tem duração aproximada de 30 minutos. 5) Finalização Após o diálogo, são apresentados os endereços das redes sociais e mídias digitais do CPQ e os jovens são convidados a acompanhá-las e a utilizar os materiais do movimento em suas ações futuras. Para avaliação dos materiais gerados durante as atividades, foi realizada análise qualitativa tendo em vista os conceitos do Direito Humano à Alimentação Adequada e Segurança Alimentar e Nutricional. Os materiais referentes às propostas de ação com juventudes foram analisados qualitativamente, na perspectiva dos princípios do Marco de Referência para Educação Alimentar e Nutricional (MREAN). Além disso, foram analisadas as interações nas publicações referentes às atividades nas redes sociais, a fim de avaliar o alcance das atividades. A participação nesses espaços se deu principalmente por meio da busca ativa da equipe técnica do CPQ, de convites de instituições à participação do Movimento em seus eventos e pela idealização de eventos vinculados ao público de interesse, conforme previsto no plano de trabalho do projeto. Resultados/discussão No período de janeiro a dezembro de 2021 foram realizadas seis atividades do CPQ em aulas de EAN, em diferentes universidades, com participação de 174 estudantes de Nutrição. As atividades foram desenvolvidas nas seguintes universidades: Universidade Regional do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ (n=1); Universidade Regional de Blumenau - FURB (n=1); Centro Universitário Inta - UNINTA (n=2), Universidade Federal de Uberlândia - UFU e Universidade Federal de Lavras - UFLA (n=1), Universidade Federal da Paraíba - UFPB (n=2). Os resultados demonstram que os estudantes, no momento inicial, limitam o diálogo às dimensões biomédicas da alimentação, representado pelas categorias: “nutrição”, “saúde”, “emoções”, “saciar a fome” e, em menor frequência, “cultura”. Com o andamento do diálogo, surgiram categorias relacionadas às dimensões econômica, social, cultural e ambiental, que permeiam a alimentação e o ato de comer descritos a seguir: “alimentação como direito humano básico”, “alimentação socialmente justa”, “aspectos biológicos e sociais da alimentação”, “prazer”, “práticas produtivas adequadas e sustentáveis”, “alimentação variada e equilibrada”, “cultura”, “marketing e propaganda”, “acesso à Alimentação Adequada e Saudável”, “alimentação natural”, “acesso econômico e ininterrupto aos alimentos”, “acesso à informação e conhecimento sobre alimentação”, “escolhas e preferências de locais de compras alimentares”, “sustentabilidade econômica e social”, “agricultura familiar”, “uso de embalagens recicláveis”, “ato de cozinhar”, “meio ambiente”, “diminuição do consumo de alimentos ultraprocessados”, “integralidade do sistema alimentar”, “aplicativos de delivery”, “agroecologia e alimentos orgânicos”, “compostagem alimentar”, “agronegócio”, “horta caseira e familiar”, “aproveitamento integral de alimentos”, “diminuição do consumo de carne e vegetarianismo”, “desperdício de alimentos” e “consumo político e consciente”. Observando as categorias encontradas após as oficinas, transversalizadas pelos princípios do Marco de referência de EAN, acredita-se que as ações educativas promovidas oportunizaram a problematização da alimentação para além da abordagem nutricional, dialogando sobre a alimentação em perspectivas individual, coletiva e planetária, multidimensional e sistêmica. Da mesma forma, alinhado ao Guia Alimentar para a População Brasileira (2014) e à perspectiva do DHAA, buscou-se avançar nas discussões sobre aspectos como: a valorização da culinária como prática emancipatória, problematização sobre a publicidade/propaganda de alimentos e os ambientes alimentares digitais emergentes, a promoção do autocuidado e da autonomia alimentar, sustentabilidade social, ambiental e econômica e o sistema alimentar em sua integralidade. Portanto, entende-se que as atividades contribuíram com a formação crítica, contextualizada e ampliada dos futuros nutricionistas. Conclusão/considerações finais A sensibilização dos estudantes de Nutrição, enquanto atores sociais, para a agenda da EAN na perspectiva do DHAA, contribui para uma formação/atuação que promova a alimentação adequada e sustentável, alinhada aos princípios do Marco de EAN, à superação dos desafios apontados no Guia Alimentar para a população brasileira, bem como auxilia no desenvolvimento das suas reflexões críticas e emancipatórias para a busca da garantia do DHAA. Fonte de financiamento Ministério da Cidadania. Conflito de interesse Não há conflito de interesse a declarar. Referências bibliográficas BOGHOSSIAN, C.O; MINAYO, M.C.S. Revisão sistemática sobre juventude e participação nos últimos 10 anos. Saúde e soc. vol.18, n.3, p. 1984-0470, jul./set. 2009. BRASIL. Guia de políticas públicas de juventude. Brasília: Secretaria-Geral da Presidência da República, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 156 p. : il. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas. – Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, 2012. BURITY, V. FRANCESCHINI, T.; VALENTE, F.; RECINE, E.; LEÃO, M.; CARVALHO, M. F. Direito humano à alimentação adequada no contexto da segurança alimentar e nutricional. Brasília, DF: Abrandh, 2010. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, Coleção Leitura. 1988.
Título do Evento
V Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
Título dos Anais do Evento
Anais do V Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BILRO, Caroline Furtado et al.. JUVENTUDES E DHAA: EXPERIÊNCIA FORMATIVA NO MOVIMENTO “COMER PRA QUÊ?” COM ESTUDANTES DE NUTRIÇÃO.. In: Anais do V Encontro Nacional de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Anais...Salvador(BA) UFBA, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/VEnpssan2022/495036-JUVENTUDES-E-DHAA--EXPERIENCIA-FORMATIVA-NO-MOVIMENTO-COMER-PRA-QUE-COM-ESTUDANTES-DE-NUTRICAO. Acesso em: 16/07/2025

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