“ARDILOSA E SUBVERSIVA”: ANA JANSEN E SUA TRAJETÓRIA NOS ESPAÇOS DE PODER DA SOCIEDADE MARANHENSE OITOCENTISTA (1825-1869)

Publicado em 01/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0265-3

Título do Trabalho
“ARDILOSA E SUBVERSIVA”: ANA JANSEN E SUA TRAJETÓRIA NOS ESPAÇOS DE PODER DA SOCIEDADE MARANHENSE OITOCENTISTA (1825-1869)
Autores
  • Brenda Regina Mota
Modalidade
Comunicação em Simpósio Temático
Área temática
História política: cultura política, sociabilidades e ideias (Prof. Dr. Alexandre Mansur Barata - UFJF)
Data de Publicação
01/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/v-encontro-de-pos-graduandos-da-seo/741791-ardilosa-e-subversiva--ana-jansen-e-sua-trajetoria-nos-espacos-de-poder-da-sociedade-maranhense-oitocentista-(1
ISBN
978-65-272-0265-3
Palavras-Chave
Ana Jansen. Relações de gênero. Política. Maranhão Oitocentista
Resumo
RESUMO O presente trabalho tem como proposta estudar a trajetória de Ana Jansen nos espaços de poder por meio da perspectiva de gênero, considerando as questões sociais, políticas e econômicos na sociedade maranhense oitocentista. Para tanto, o estudo compreende o século XIX, tendo como ponto de partida o ano de 1825, período em que Ana Jansen torna-se viúva de Isidoro Rodrigues Pereira, passando, então, a centralizar os negócios da família como matriarca dos Jansen. Sua articulação no âmbito da vida privada como provedora dos bens da família, assim como mantenedora dos filhos, reflete muito das formas de poder exercido por Ana Jansen no contexto de uma vida que, paulatinamente, tomou proporções públicas na capital do Maranhão, território em ebulição urbana e com conflitos políticos e instabilidades econômicas. Nesse cenário, Ana Jansen articulou-se, gerando interferências diretas com tomadas de poder. Por fim, encerramos nosso recorte de estudo em 1869, ano de falecimento da matriarca. Ana Jansen é uma figura importante para história do Maranhão. É quase impossível imaginar um maranhense que desconheça uma personagem que tanto marcou o século XIX e que ainda se faz presente no imaginário popular. A referência até os dias atuais se deu pela sua expressiva atuação nos meios políticos, econômicos e sociais na sociedade maranhense do século XIX, o que gerou, naquele contexto, ferrenhas críticas de seus adversários, considerando a atuação feminina em espaços públicos majoritariamente ocupados por homens. O século XIX é constituído por uma sociedade marcada pela cultura patriarcal dentro e fora dos lares, uma vez que os homens são detentores quase exclusivos do poder de a gerir. Baseada numa visão machista, a sociedade colocou os homens como os únicos capazes de pensar e agir, obtendo o monopólio do poder na construção e organização social, sendo esta visão e comportamento fortalecidos historicamente através das concepções culturais, sociais e políticas. No mundo ocidental, com a chegada da modernidade, houve grandes mudanças nos papéis de gênero. O século XVIII, com os crescentes processos de industrialização na Europa, levou a uma reorganização na economia e no social. Configurou-se a família burguesa e logo as distinções entre as esferas do privado e do público. O mundo moderno atribuiu às mulheres funções próprias do domínio privado e, assim, assumindo as responsabilidades dos filhos e da casa. Em contrapartida, favoreceu uma estrutura que colocaria os homens no envolvimento de assuntos da política e economia, características que apontam para o domínio público. Nesse sentido, os espaços políticos no século XIX se constituíam como um lugar no qual a cultura patriarcal era sua base e o homem se sobrepunha em todas as instâncias. A mulher tinha características que buscavam expressar dependência do “sexo forte”, como passividade, docilidade, fragilidade e sua única preocupação naquele contexto era um “bom casamento”. Essas construções do imaginário feminino eram fomentadas e disseminadas por meio das igrejas, escolas, salões de festas e, também, através da primeira instituição de sociabilidade do ser humano, ou seja, a família. As construções dos ideários femininos e masculinos eram atribuídas a lugares, papéis sociais e logo entendidos como valores “naturais” de cada sexo. É nesse cenário que surge Ana Joaquina Jansen Pereira Leite, destacando-se como referência feminino na História do Maranhão, considerando sua atuação social, interferindo nos aspectos políticos e administrativos. Nesse ensejo, este trabalho propõe analisar a participação da figura da Ana Jansen nos espaços de poder político do século XIX, contrapondo-se a uma esfera historicamente construída e dominada por homens. Dito isso, considerando a situação feminina à época de Ana Jansen, o propósito deste estudo é problematizar como Anna Jansen, à luz da sociedade maranhense patriarcal e conservadora do século XIX, forjou uma trajetória de prestigio econômico, interferências políticas e articulações sociais que destoavam dos papeis de gênero estabelecidos. Anna Jansen, mulher de destaque e de grande influência na sociedade e na política maranhense, com grande capacidade de administrar os seus bens, constituiu uma riqueza que acabou influenciando politicamente as decisões da Província do Maranhão no século XIX, beneficiando a si e a seus parentes. Isso, por sua vez, propiciou a formação de grupos opostos a “Donana”, buscando reduzir seu poder e suas riquezas. Grupos estes que oportunizaram a formação de lendas, mitos e estórias negativas em torno da figura de Ana Jansen. No tocante à justificativa desse estudo, atentamos para os contornos sociais, considerando o relativo desprestigio em torno da figura de Ana Jansen nos diais atuais na sociedade maranhense, sendo associada a estórias populares de degradação e perversidade. Diante desse cenário, é necessário recontar e problematizar a sua trajetória para além do imaginário popular, elencando os seguintes contornos: sua articulação na vida privada no âmbito familiar e na administração dos bens materiais dos Jansen; e a atuação controversa na política conversadora do século XIX, tratando-se de uma mulher com significativos poderes econômicos e comportamentos subversivos à época. Igualmente, fundamentamos a justificativa desse estudo em seus aspectos acadêmicos, considerando a lacunas historiográficas quanto à trajetória conservadora e subversiva de Ana Jansen nos espaços de poder político, visto que os estudos existentes pouco aprofundam essa atuação. Contudo, é notório que há diferentes pesquisas sobre Ana Jansen que têm contribuído na desconstrução de visões pejorativas que foram criadas acerca da sua personalidade, destacando a importância dentro da categoria de gênero e sua atuação na vida privada e pública. Da história de Ana Jansen, percebe-se a dualidade em extrapolar alguns aspectos das normas estabelecidas para as condutas femininas e, ao mesmo tempo, a busca por meios de se inserir nos limites dos papéis sociais impostos ao sexo feminino, especialmente as mulheres das classes dominantes. Ana Jansen, foi uma das mulheres mais intensas e marcantes do século XIX. Na vida privada, exerceu muito bem como matriarca e soube direcionar os destinos da sua família, além de conseguir participar da esfera púbica com atuações na política. Como líder do partido Bem-te-vi, estava presente nas discussões políticas da época, assim como contribuiu com uma ajuda financeira para a revolta do Rio Grande do Sul que possibilitou uma atuação em prol do Império brasileiro. Sem dúvidas, Ana Jansen atuou por vezes nos bastidores na política da província dos oitocentos. No âmbito econômico, ela também estava presente como grande fazendeira, comerciante e tinha uma das maiores fortunas da época. Seu comportamento nada convencional à sua época, e a forte atuação na província maranhense, levaram-na a ser chamada, seja por admiração ou ironia, de “Rainha do Maranhão”. Dona Ana Jansen Pereira Leite, marcou a sociedade maranhense dos oitocentos e seu nome se perpetuou por diversas gerações, ainda sendo presente na memória coletiva.
Título do Evento
V Encontro de Pós-Graduandos da SEO
Título dos Anais do Evento
Anais do V Encontro de Pós-graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO)
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MOTA, Brenda Regina. “ARDILOSA E SUBVERSIVA”: ANA JANSEN E SUA TRAJETÓRIA NOS ESPAÇOS DE PODER DA SOCIEDADE MARANHENSE OITOCENTISTA (1825-1869).. In: Anais do V encontro de pós-graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO). Anais...São Luís(MA) UFMA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/v-encontro-de-pos-graduandos-da-seo/741791-ARDILOSA-E-SUBVERSIVA--ANA-JANSEN-E-SUA-TRAJETORIA-NOS-ESPACOS-DE-PODER-DA-SOCIEDADE-MARANHENSE-OITOCENTISTA-(1. Acesso em: 03/07/2025

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