O PAPA E O CONCÍLIO, DE RUI BARBOSA E O CONCEITO DE SECULARIZAÇÃO NO BRASIL

Publicado em 01/02/2024 - ISBN: 978-65-272-0265-3

Título do Trabalho
O PAPA E O CONCÍLIO, DE RUI BARBOSA E O CONCEITO DE SECULARIZAÇÃO NO BRASIL
Autores
  • Vitor Ferreira Amaral
Modalidade
Comunicação em Simpósio Temático
Área temática
Religiões, imprensa e secularização no Oitocentos (Prof. Dra. Ana Rosa Cloclet - PUC Campinas)
Data de Publicação
01/02/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/v-encontro-de-pos-graduandos-da-seo/733961-o-papa-e-o-concilio-de-rui-barbosa-e-o-conceito-de-secularizacao-no-brasil
ISBN
978-65-272-0265-3
Palavras-Chave
Secularização, Rui Barbosa, Igreja Católica, Intelectualidade
Resumo
Até a última década do século XIX, a relação entre Igreja Católica e Estado no Brasil se sustentou por meio do direito concedido aos reis portugueses, estendido aos imperadores brasileiros, de administrar a estrutura eclesiástica, o chamado padroado. Com o advento da modernidade, é seguro afirmar que tal direito dificulta a compreensão dos limites dos poderes e das atribuições dos campos religiosos e seculares, ocasionando em uma série de interferências mútuas. A insustentabilidade desse sistema é marcada pela chamada Questão Religiosa, litígio ocorrido na década de 1870 envolvendo membros da Igreja Católica e do Estado. No cerne da questão está a existência da instituição católica no Império, uma vez que a religião católica no Brasil existia sob o signo do poder duplo do imperador. Ademais, a Igreja daquele momento vinha vivenciando o movimento ultramontano, caracterizado por ter como base a repulsa à modernidade, marcada, segundo a visão ultramontana, pelo liberalismo, o “regalismo” e o Estado laico. Pode-se afirmar que essa tensão vivida entre a Igreja e o Estado brasileiro colabora para o movimento de secularização ainda no Império. Neste cenário tem-se a eclosão de alguns agentes históricos que se propõem a debater a relação entre os poderes religiosos e temporais, dentre eles encontra-se Rui Barbosa. Uma das principais contribuições do jurista ao debate se dá a partir da tradução e publicação no Brasil do livro O Papa e o Concílio, no ano de 1877. Originalmente a obra foi escrita e publicada na língua alemã pelo historiador e teólogo Johann Joseph Ignaz von Döllinger, sob o título Der Papast und das Concil (1869), o historiador apresenta uma visão crítica acerca do dogma da infalibilidade papal, determinado a partir do Concílio Vaticano I (1869-1870). Em sua versão traduzida para o português por Barbosa, o livro ganha um tomo introdutório extra que acompanha a tradução, contendo a visão do brasileiro acerca da relação entre Igreja e Estado e do Brasil a época. Dessa forma, o seguinte trabalho tem por objetivo apresentar a possibilidade de discutir o conceito de secularização no Brasil a partir da produção intelectual de Rui Barbosa (1849-1923), especificamente a partir do tomo introdutório do livro O Papa e o Concílio. Para tanto, em um primeiro momento, intenta-se situar o jovem Rui Barbosa no cenário intelectual brasileiro da segunda metade do século XIX. Parte-se da compreensão do que Roque Spencer Maciel de Barros chamou de “ilustração brasileira” (1986). O movimento que teria desempenhado um papel semelhante ao seu homônimo europeu no que concerne a base em uma crença nas ideias, na educação intelectual como forma de direcionar as mudanças na sociedade, marcada por com uma confiança no caráter orientador das ciências, acrescida, no caso brasileiro, de uma visão histórica enquanto ponto fundamental para a compreensão do mundo. Ademais, destaca-se uma certa preocupação da intelectualidade brasileira em inserir o país em um cenário ocidental moderno da época. Barros ainda dá destaque para a emergência de três correntes de pensamento, classificadas como “mentalidades”: 1) católica-conservadora; 2) liberal e 3) cientificista. Compreende-se essas definições enquanto possíveis chaves de leitura para melhor compreender a intelectualidade brasileira do final Segundo Reinado e início da República, não se tratando, portanto, de encerrar os debates públicos e os intelectuais do período em classificações pré-definidas e rígidas. Em um segundo momento, intenta-se estabelecer um diálogo entre a “ilustração brasileira” e as contribuições de Barbosa para o debate da secularização no Brasil, dando ênfase ao tomo introdutório que acompanha a tradução, feita por Barbosa, para a língua portuguesa do livro O papa e o Concílio, publicada no Brasil ano de 1877. É correto afirmar que Rui Barbosa foi uma voz potente de seu tempo, destacando-se como um importante intelectual brasileiro que contribui para o debate sobre a secularização do Brasil de forma contundente. Sua atuação vai além da publicação do livro e o autor ocupa outros locais, como a imprensa, para discutir e debater o tema. Entretanto, é preciso destacar que Barbosa não era uma voz solitária em seu momento histórico. Assim, é pertinente que se reflita sobre o lugar do jurista na ilustração brasileira e suas contribuições a discussão da secularização e da apreensão do conceito.
Título do Evento
V Encontro de Pós-Graduandos da SEO
Título dos Anais do Evento
Anais do V Encontro de Pós-graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO)
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

AMARAL, Vitor Ferreira. O PAPA E O CONCÍLIO, DE RUI BARBOSA E O CONCEITO DE SECULARIZAÇÃO NO BRASIL.. In: Anais do V encontro de pós-graduandos da Sociedade de Estudos do Oitocentos (SEO). Anais...São Luís(MA) UFMA, 2023. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/v-encontro-de-pos-graduandos-da-seo/733961-O-PAPA-E-O-CONCILIO-DE-RUI-BARBOSA-E-O-CONCEITO-DE-SECULARIZACAO-NO-BRASIL. Acesso em: 02/05/2025

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