PANÓPTICO DIGITAL: FILTRO-BOLHA E A INSTRUMENTALIZAÇÃO DE UM PODER POSITIVO

Publicado em 12/11/2020 - ISBN: 978-65-88243-96-1

Título do Trabalho
PANÓPTICO DIGITAL: FILTRO-BOLHA E A INSTRUMENTALIZAÇÃO DE UM PODER POSITIVO
Autores
  • Guilherme Sartori Hendges
  • Edna Torres Felicio
Modalidade
Resumo Expandido - 2020
Área temática
GT 10 - Direito e Novas Tecnologias
Data de Publicação
12/11/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/spic2020/295019-panoptico-digital--filtro-bolha-e-a-instrumentalizacao-de-um-poder-positivo
ISBN
978-65-88243-96-1
Palavras-Chave
Filtro-bolha, Poder Positivo, Poder Negativo, Plataformas Digitais, Modulação.
Resumo
O poder comumente é relacionado à restrição da liberdade. Entretanto, segundo o filósofo Byung-Chul Han (2019), sua manifestação pela violência representa apenas uma das facetas da complexa fenomenologia do poder. Partindo desse pressuposto, a presente pesquisa visa relacionar os conceitos de poder positivo e poder negativo (construídos por Byung-Chul Han) com o conceito de filtro-bolha (apresentado por Pariser) e a possibilidade de manipulação por intermédio das redes (teorizada por Castells). Para tanto, a presente pesquisa utiliza o método quantitativo a partir da revisão bibliográfica desses autores. Embora esteja comumente atrelado à sua manifestação negativa, isto é, coercitiva, o poder assim exercido é limitado porque sua concretização depende do corpo. O poder positivo, em contraposição, não atua por meio da coerção pela coerção. Ele constrói significados, criando premissas anteriores ao agir. Por isso, ele não incide diretamente sobre o somático, mas sim a partir da mente, da “alma”. Não é o corpo que é manipulado, mas a “lente” por meio da qual se compreende o mundo. Dessa diferenciação, possível apreender a maior efetividade do poder positivo, na medida em que ele internaliza de maneira assimétrica a vontade do soberano, a qual será tida pelo subordinado como própria (HAN, 2017, 2018a, 2018b). O poder negativo é individualizado naquele que age coercitivamente. O poder positivo é mais eficiente quanto menos apontar para si. Dentro desse modo de operação, insere-se o filtro-bolha (PARISER, 2012), instrumento por meio do qual o perfil do usuário é traçado, para que, com base nessas informações, as futuras interações sejam dirigidas para que se coadunem com os interesses previamente captados, o que cria um processo de autoafirmação. Tudo isso de modo opaco, pois os algoritmos, que regem os processos decisórios das plataformas digitais, não deixam claro quais dados são coletados e como eles são utilizados. Com base nessa ampla gama de dados (big data), densos prognósticos comportamentais podem ser traçados com vistas à modulação comportamental do usuário, tanto de modo mais imediato quanto mediato, sem qualquer coerção, mas, pelo contrário, acobertado por um discurso de ampla liberdade que o ciberespaço ilusoriamente transmite. De modo imediato, a modulação se dá quando o usuário acata a decisão do filtro-bolha. O que ocorre é o direcionamento instantâneo do comportamento do usuário, pois, ilustrativamente, dentre os diversos links localizados para os termos inseridos em sistemas de busca, o resultado a ser escolhido tende a ser aquele selecionado pelo algoritmo para aparecer no topo. Todavia, o maior potencial do filtro-bolha são os efeitos mediatos que esse acatamento pode produzir. Como não é possível pormenorizar como o direcionamento se dá, não é possível garantir a sua neutralidade ou a sua apropriação por atores sociais com interesses diversos. Assim, esses prognósticos comportamentais podem ser utilizados para induzir a compra de determinado produto, mas, também, podem modular ideias e pensamentos (inclusive políticos). Segundo Castells (2019), a informação sempre esteve atrelada ao estabelecimento da personalidade. Porém, a manipulação e controle de acesso das informações a partir de detalhados perfis dos usuários faz exsurgir um controle além daquele imaginado pela sociedade disciplinar em que a mecânica do poder ainda se vincula muito ao corpo (FOUCAULT, 1987). Enquanto a cela do panóptico benthamiano restringe, negativamente, a liberdade, a bolha cria a ilusão de liberdade, moldando personalidades a partir do manejo de significados anteriores. Essa é uma das grandes novidades da Era Informacional. A afirmação do poder positivo na rede é um efeito pouco visível pelos usuários, porque atua silenciosamente e independentemente de qualquer violência. Essa atuação acontece por intermédio dos filtros-bolha manipulados pelo capital que, conforme Castells (2019), colonizou as redes tanto para induzir consumo quanto para induzir opiniões políticas.
Título do Evento
XII Simpósio de Pesquisa e Iniciação Científica - UNICURITIBA
Cidade do Evento
Curitiba
Título dos Anais do Evento
Anais do XII Simpósio de Pesquisa e Iniciação Científica do UNICURITIBA
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

HENDGES, Guilherme Sartori; FELICIO, Edna Torres. PANÓPTICO DIGITAL: FILTRO-BOLHA E A INSTRUMENTALIZAÇÃO DE UM PODER POSITIVO.. In: Anais do XII Simpósio de Pesquisa e Iniciação Científica do UNICURITIBA. Anais...Curitiba(PR) UNICURITIBA, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spic2020/295019-PANOPTICO-DIGITAL--FILTRO-BOLHA-E-A-INSTRUMENTALIZACAO-DE-UM-PODER-POSITIVO. Acesso em: 02/08/2025

Trabalho

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