A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA ESDI/UERJ: A CRISE COMO PONTO DE PARTIDA

Publicado em 25/03/2020 - ISSN: 2526-9933

Título do Trabalho
A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA ESDI/UERJ: A CRISE COMO PONTO DE PARTIDA
Autores
  • Victor Hugo Batista da Silva
Modalidade
Trabalho Completo
Área temática
Mestrado
Data de Publicação
25/03/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/spgd_2019/225706-a-extensao-universitaria-na-esdiuerj--a-crise-como-ponto-de-partida
ISSN
2526-9933
Palavras-Chave
Educação e pedagogia do design. Codesign e políticas públicas. Extensão universitária. ESDI. Currículo extensionista.
Resumo
O presente relato tem por objetivo apresentar os resultados temporais de uma pesquisa de mestrado que conta com dois anos e meio de estudos exploratórios. Com início em agosto de 2016, tive a oportunidade de vivenciar um cenário acadêmico único: a crise financeira que assolou a Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ em 2016 e 2017 serviu como catalizador para que a Escola Superior de Desenho Industrial – ESDI se tornasse território propício para o desenvolvimento de ações que tinham em comum a intenção de sensibilizar as relações entre a universidade e a sociedade. Mesmo que no período exploratório muitas destas atividades não foram formalmente intituladas como ações extensionistas, identificamos o potencial de uma pesquisa que tivesse como objetivo o estudo da extensão universitária na ESDI/UERJ. Ao assumir o uso do termo “extensão universitária” para designar ações que aconteciam em diferentes níveis de formalidade surgiu a demanda por construir uma base introdutória que questionasse a conformação do termo e os fatores que influenciaram nessa construção. Na pesquisa bibliográfica foram identificadas três grandes influências na extensão brasileira: o modelo europeu, o modelo norte americano e a reforma universitária Latino-americana. Contextualizada inicialmente como uma atividade acadêmica destinada a oferecer ensino informal aos bolsões de pobreza formados pela Revolução Industrial, o modelo Europeu de extensão universitária surge em 1871. Mesmo não tendo sido empregado o termo extensão para designar tais atividades, a maioria dos autores consideram a iniciativa como sendo o marco histórico da ação extensionista. A noção de extensão universitária enquanto programa formal alcança os Estados Unidos em 1892 e ao se unificar-se com o modelo econômico de vocação liberal, aproximou suas ações do setor empresarial que passa a enxergar na interação universidade-empresa uma oportunidade de acesso a novas tecnologias. A terceira e mais forte influência para a extensão brasileira certamente foi a Reforma Universitária de Córdoba em 1918. Considerada um marco na luta pela democratização do ensino superior, as propostas do movimento estudantil da época reivindicaram dentre outras coisas que a atividade de extensão se convertesse em um instrumento concreto para aproximar a universidade e a sociedade. Com noção destas três influências concretas na construção da extensão universitária nacional, o passo seguinte foi buscar onde estavam os traços dessas influências naquilo que estava sendo desenvolvido na ESDI. Esta abordagem toca questões provenientes de todos os modelos, mas o grande auge desse diálogo foi a aprovação em 18 de dezembro de 2018 da resolução nº 7 CNE/CES. O documento menciona que “as atividades de extensão devem compor, no mínimo, 10% (dez por cento) do total da carga horária curricular estudantil dos cursos de graduação, as quais deverão fazer parte da matriz curricular dos cursos” (art. 4). A discussão sobre a curricularização da extensão explodiu como pólvora e no intuito de ampliar perspectivas e compreender com pluralidade o panorama da extensão na ESDI, iniciou-se o mapeamento das atividades formalmente identificadas como extensão. Para isto utilizou-se dados recolhidos em quatro plataformas: o site institucional da ESDI, o currículo lattes dos professores em exercício, documentos do UERJ Sem Muros e da Sub-Reitoria de Extensão e Cultura – SR3/UERJ. Dentre as constatações deste mapeamento preliminar, observou-se o desencontro e a desatualização entre os bancos de dados citados. No currículo lattes, além da desatualização de dados referente aos projetos em andamento, constatou-se que quando o docente leciona em mais de uma universidade no mesmo período é impossível afirmar em qual delas o projeto está sendo desenvolvido, já que a plataforma não oferece um campo específico para que esta informação seja inserida. Os documentos analisados indicaram que o primeiro projeto formalmente cadastrado como extensão na ESDI/UERJ foi a “Revista Arcos: design, cultura e materialidade”. Coordenada no período inaugural de 1998 pelo professor João de Souza Leite, a publicação se torna o marco para o processo de curricularização da extensão na ESDI. Com a compilação de dados sendo cada vez mais aprofundada pela análise bibliografia, documentos e diretrizes, surgiu a necessidade de interações mais profundas com os atores deste processo. Dentre os grupos identificados como agentes dessa transformação iniciamos o contato com os docentes coordenadores de projetos de extensão, alunos de graduação e de pós-graduação. Através de entrevistas, diálogos informais, apresentação de seminários e construção de dispositivos de conversa já é possível reconhecer diversas pautas da “extensão Esdiana”. Das interações com os docentes, a pouca quantidade de bolsas e a falta de servidor dedicado exclusivamente em colaborar com os tramites de formalização foram as dificuldades mais mencionadas. Do ponto de vista dos alunos de graduação, o principal interesse na extensão pareceu estar relacionado com a diversidade na oferta de projetos. Como dificuldade comum, a falta de informação sobre o que está sendo desenvolvido no presente teve destaque entre as falas. Já na perspectiva dos pós-graduandos, a principal crítica circundou na dicotomia entre a formalização e o “hackeamento da extensão”. Entendido como um fazer extensionista autônomo que para existir, não necessariamente precisa estar submetido às formalidades do sistema de validação e nomenclatura vigente. Através destes questionamentos coletados em campo, concluo o texto não com direcionamentos, mas sim com perguntas: Realmente é necessário formalizar o maior número de ações como extensão? Isso é possível? É desejado? Quais as vantagens e desvantagens em cada uma das opções? Estamos cientes daquilo que ganhamos e perdemos com a formalização? É possível flexibilizar essas potencialidades integrando-as através de um sistema onde dialogar com a instituição é parte do jogo por um objetivo comum? Abdicar ou se apropriar do termo interfere na intencionalidade das ações?
Título do Evento
5º Simpósio de Pós-Graduação em Design da ESDI
Cidade do Evento
Rio de Janeiro
Título dos Anais do Evento
Anais do Simpósio de Pós-graduação em Design da Esdi
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Victor Hugo Batista da. A EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA ESDI/UERJ: A CRISE COMO PONTO DE PARTIDA.. In: Anais do Simpósio de Pós-graduação em Design da Esdi. Anais...Rio de Janeiro(RJ) ESDI / UERJ, 2019. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spgd_2019/225706-A-EXTENSAO-UNIVERSITARIA-NA-ESDIUERJ--A-CRISE-COMO-PONTO-DE-PARTIDA. Acesso em: 17/07/2025

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