AS CONEXÕES DO TERRORISMO INTERNACIONAL: UMA ANÁLISE SOBRE OS ATENTADOS EM BUENOS AIRES NA DÉCADA DE 1990

Publicado em 25/11/2022 - ISBN: 978-65-5941-910-4

Título do Trabalho
AS CONEXÕES DO TERRORISMO INTERNACIONAL: UMA ANÁLISE SOBRE OS ATENTADOS EM BUENOS AIRES NA DÉCADA DE 1990
Autores
  • Paulo Barata Gondim
Modalidade
Trabalho avulso
Área temática
Segurança Internacional, Estudos Estratégicos e Política de Defesa
Data de Publicação
25/11/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/spabri2022/505658-as-conexoes-do-terrorismo-internacional--uma-analise-sobre-os-atentados-em-buenos-aires-na-decada-de-1990
ISBN
978-65-5941-910-4
Palavras-Chave
Terrorismo; Oriente Médio; Síria; Argentina; Buenos Aires.
Resumo
Este artigo tem como objetivo analisar o terrorismo internacional com base nos atentados ocorridos em Buenos Aires contra a embaixada israelense em 1992 e contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em 1994. A principal hipótese deste artigo é que os atentados em Buenos Aires são resultado de uma conexão do terrorismo internacional envolvendo, principalmente, atores ligados ao aparato estatal da Síria e da Argentina. O terrorismo é um tema de grande relevância nas Relações Internacionais, porém é associado por parte da literatura acadêmica como algo inerente a atores não estatais. Entretanto, os atentados terroristas ocorridos em Buenos Aires no começo da década de 1990 são eventos que exemplificam a ação do terrorismo estatal nas Relações Internacionais. Desta forma, é necessário compreender os objetivos políticos dos atores envolvidos em operações terroristas e as respectivas conexões utilizadas. Segundo a versão oficial difundida pelos governos da Argentina, dos EUA e de Israel, o Irã e o Hezbollah foram os autores dos atentados em Buenos Aires. Dentro dessa perspectiva, os atentados teriam sido cometidos com base no fundamentalismo islâmico, por conta do processo de paz no Oriente Médio e pelo histórico do antissemitismo na Argentina. No entanto, há uma versão não oficial defendida por jornalistas argentinos como Lanata (1994), Salinas (1997), Sanz e Paolella (2007) e Lutzky (2012) de que os atentados em Buenos Aires estavam relacionados à conexão entre o governo de Carlos Menem e o regime sírio de Hafez al-Assad. Nesse contexto, as ações terroristas ocorridas em Buenos Aires indicam que houve a utilização de uma rede complexa de atores estatais e não estatais envolvendo a Argentina e a Síria. O presidente sírio Hafez al-Assad teria se vingado de promessas não cumpridas de Menem feitas durante a campanha eleitoral argentina em 1989, nas quais inclui-se a entrega de um reator nuclear argentino à Síria. A resposta de Hafez al-Assad seria dada pelo traficante de armas e drogas sírio Monzer al-Kassar por meio dos atentados terroristas contra alvos judaicos em Buenos Aires. Os serviços de inteligência da Argentina (Secretaría de Inteligencia del Estado - SIDE), de Israel (Instituto para Informações e Operações Especiais - Mossad) e dos EUA (Central Intelligence Agency - CIA), atuaram para ocultar informações importantes e, assim, desviar o curso das investigações dos atentados para encobrir a conexão síria. Um fato destacado por Lanata (1994) e que não foi incluído nas investigações oficiais, é que Monzer al-Kassar ingressou na Argentina no dia 12 de março de 1992, cinco dias antes do atentado contra a embaixada israelense em Buenos Aires. Desta forma, a hipótese principal desta pesquisa é que os atentados de 1992 e 1994 em Buenos Aires foram uma resposta do narcotraficante Monzer al-Kassar e do presidente sírio Hafez al Assad contra a mudança na política externa de Carlos Menem para o Oriente Médio. Duas hipóteses são analisadas neste artigo: (1) a principal motivação para a participação da Síria nos atentados teria sido o cancelamento, por conta de pressões dos EUA, do programa do míssil Condor II desenvolvido pela força aérea argentina e financiada pelo Egito, Líbia e Síria e (2) a utilização do serviço de inteligência argentino (SIDE) em conexão com o Mossad e a CIA para ocultar informações sobre os atentados de 1992 e 1994 em Buenos Aires e direcionar as investigações contra o Irã e o Hezbollah, deixando de lado as importantes pistas da conexão síria. Esse direcionamento das investigações atenderam aos interesses estatais argentinos, norte-americanos e israelenses no Oriente Médio para excluir a participação do regime sírio Hafez al-Assad e de Monzer al-Kassar nos atentados. A metodologia deste artigo tem como base a análise de informações sobre os atentados em Buenos Aires por meio das seguintes fontes: (1) as matérias sobre os atentados realizados pela imprensa internacional, sobretudo, da Argentina, como os jornais La Nación, Clarín e Página/12; (2) as informações da investigação independente realizada por jornalistas argentinos, como Lanata (1994), Salinas (1997), Sanz e Paolella (2007) e Lutzky (2012) e (3) a revisão de literatura sobre o terrorismo internacional e as respectivas conexões entre a América do Sul e o Oriente Médio, com foco nas relações entre a Argentina e a Síria entre as décadas de 1970 e 1990.
Título do Evento
Seminário de Pós-Graduação da Associação Brasileira de Relações Internacionais
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GONDIM, Paulo Barata. AS CONEXÕES DO TERRORISMO INTERNACIONAL: UMA ANÁLISE SOBRE OS ATENTADOS EM BUENOS AIRES NA DÉCADA DE 1990.. In: Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais. Anais...São Paulo(SP) IRI-USP, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spabri2022/505658-AS-CONEXOES-DO-TERRORISMO-INTERNACIONAL--UMA-ANALISE-SOBRE-OS-ATENTADOS-EM-BUENOS-AIRES-NA-DECADA-DE-1990. Acesso em: 03/06/2025

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