CAMINHOS PARA A PAZ: UM DIÁLOGO ENTRE DOYLE E GALTUNG

Publicado em 25/11/2022 - ISBN: 978-65-5941-910-4

Título do Trabalho
CAMINHOS PARA A PAZ: UM DIÁLOGO ENTRE DOYLE E GALTUNG
Autores
  • Esther Fuentes
Modalidade
Trabalho avulso
Área temática
Teoria das Relações Internacionais
Data de Publicação
25/11/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/spabri2022/505649-caminhos-para-a-paz--um-dialogo-entre-doyle-e-galtung
ISBN
978-65-5941-910-4
Palavras-Chave
Doyle, Galtung, paz, relações internacionais
Resumo
Este artigo se debruça sobre o conceito de paz como objeto de pesquisa e tem como objetivo propor uma análise crítica de como este fenômeno é interpretado nas relações internacionais. O trabalho adota uma metodologia qualitativa de revisão da literatura a partir da comparação entre as contribuições acadêmicas desenvolvidas por Michael Doyle e Johan Galtung. A escolha por estes dois autores se deve pelo fato de que ambos figuram-se como nomes de referência para o tema, seja devido à importância de sua produção, por servirem como base para o trabalho de outros pesquisadores ou porque suas concepções sobre paz são rotineiramente aplicadas no plano prático por organizações internacionais e não governamentais, e funcionam, portanto, como um elemento conceitual primordial que guia as ações destas instituições. Além disso, a relevância deste diálogo se justifica, pois, o conceito de paz é frequentemente vinculado à perspectiva realista, a qual foca sua atenção na guerra enquanto a paz fica relegada a uma posição secundária. Apesar disto, visões contrárias também emergiram para questionar este paradigma como o liberalismo com a teoria da paz liberal e os estudos de paz, sendo Michael Doyle e Johan Galtung seus respectivos expoentes. Em conformidade com a tradição liberal, o pensamento de Doyle é marcado pelo caráter positivista e, principalmente, pela influência de Kant. É graças à “Paz Perpétua” que ele fundamenta seu entendimento a respeito da paz, ao afirmar que Estados liberais possuem a estrutura ideal para manterem a paz entre si, algo que não se estende aos não liberais. Galtung, ainda que tenha começado na mesma lógica, foi migrando para uma linha pós-positivista. Seu principal feito foi conceber a paz como ausência de violência, não de guerra, e consequentemente ampliando estes conceito para englobar as ideias de violência direta, estrutural e cultural bem como as facetas de paz negativa e positiva. A conclusão que se concebe com esta análise comparativa é de que a ideia de Galtung traz um aspecto mais inovador. Por muito tempo, a paz foi vista dentro do âmbito realista como um posto secundário à sombra dos assuntos da guerra. O liberalismo, por sua vez, se empenhou mais em tratar sobre este tema. Porém, fixar a possibilidade de uma sociedade pacífica somente àqueles Estados que seguem um conjunto pré-determinado de características liberais gera o risco de aceitar este modelo como sendo uma verdade absoluta, ou seja, significa afirmar que é o ápice do desenvolvimento humano e, portanto, não há chance de existir futuramente uma forma alternativa que seja melhor do que o padrão atual. Além disso, determinar que este modelo é o único caminho possível pode trazer o perigo de que questionamentos a respeito das suas falhas sejam ignorados. Finalmente, a teoria da paz democrática liberal foca a análise quase exclusivamente ao nível estatal, sem considerar a interação entre os diferentes grupos dentro e entre os Estados, o que se caracteriza como uma visão ainda muito incompleta. Galtung veio com um ponto de vista mais abrangente sobre este conceito, em especial por apresentar a paz na sua versão negativa e positiva. Isto permitiu que se enxergasse com mais clareza a presença da violência estrutural e cultural, normalmente negligenciadas frente à violência direta, mas cuja frequência tende inclusive a ser maior. Concomitantemente, a análise também pode se expandir para além das fronteiras nacionais e abarcar a observação de grupos que até então eram esquecidos. Evidentemente, a análise sobre a paz não se esgota com este artigo. No entanto, empreender tal dinâmica é fundamental para promover uma evolução deste campo teórico e, principalmente, abrir espaço à problematização da paz levando em conta óticas distintas e para além do Norte Global. A América Latina, em especial, tem o potencial de contribuir enormemente com a produção teórica da paz graças às suas experiências históricas e contemporâneas. Assim, a partir do diálogo presente neste artigo, espera-se também incentivar a possibilidade de um debate futuro com o intuito de estabelecer um arcabouço teórico sobre a paz pela perspectiva do Sul Global. Referências: DOYLE, Michael W. Kant, Liberal Legacies, and Foreign Affairs. Philosophy & Public Affairs, New Jersey, v. 12, n. 3, p. 205-235, 1983a. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2265298. Acesso em: 20 dez. 2021. DOYLE, Michael W. Kant, Liberal Legacies, and Foreign Affairs, Part 2. Philosophy & Public Affairs, New Jersey, v. 12, n. 4, p. 323-353, 1983b. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2265377. Acesso em: 20 dez. 2021. GALTUNG, Johan. Cultural Violence. Journal of Peace Research, Oslo, v. 27, n. 3, p. 291-305, ago. 1990. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/423472. Acesso em: 03 jan. 2022. GALTUNG, Johan. Violence, Peace and Peace Research. Journal of Peace Research, Oslo, v. 6, n. 3, p. 167-191, 1969. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/422690. Acesso em: 04 jan. 2022.
Título do Evento
Seminário de Pós-Graduação da Associação Brasileira de Relações Internacionais
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FUENTES, Esther. CAMINHOS PARA A PAZ: UM DIÁLOGO ENTRE DOYLE E GALTUNG.. In: Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais. Anais...São Paulo(SP) IRI-USP, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spabri2022/505649-CAMINHOS-PARA-A-PAZ--UM-DIALOGO-ENTRE-DOYLE-E-GALTUNG. Acesso em: 27/05/2025

Trabalho

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