UM DEBATE ENTRE A TEORIA DA ESTABILIDADE HEGEMÔNICA E A ECONOMIA POLÍTICA DOS SISTEMAS-MUNDO

Publicado em 25/11/2022 - ISBN: 978-65-5941-910-4

Título do Trabalho
UM DEBATE ENTRE A TEORIA DA ESTABILIDADE HEGEMÔNICA E A ECONOMIA POLÍTICA DOS SISTEMAS-MUNDO
Autores
  • Gustavo Gatto Gomes
Modalidade
Trabalho avulso
Área temática
Teoria das Relações Internacionais
Data de Publicação
25/11/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/spabri2022/505594-um-debate-entre-a-teoria-da-estabilidade-hegemonica-e-a-economia-politica-dos-sistemas-mundo
ISBN
978-65-5941-910-4
Palavras-Chave
Teoria da Estabilidade Hegemônica, Economia Política dos Sistemas-Mundo, hegemonia
Resumo
O crescimento chinês e a suposta ameaça à hegemonia estadunidense dele decorrente trouxe novamente à tona um conjunto de teorias e abordagens que têm em comum tratar da ascensão e queda das hegemonias e do papel das hegemonias no sistema internacional. Dentre as abordagens frequentemente consideradas sobre este tema estão a Teoria da Estabilidade Hegemônica (TEH), cujos principais expoentes são Kindleberger e Gilpin, e a Economia Política dos Sistemas-Mundo (EPSM), que tem Wallerstein e Arrighi como seus principais expoentes e Braudel como um predecessor. No entanto, apesar da semelhança quanto ao tema destas duas perspectivas, há inúmeras diferenças que tornam problemático considerar tais perspectivas como convergentes. O presente artigo tem por objetivo apontar algumas das divergências – possivelmente irreconciliáveis – entre estas duas abordagens emblemáticas da “estabilidade” internacional e sua relação com os ciclos hegemônicos - a TEH, sobretudo em sua versão formulada por Robert Gilpin, e a EPSM – ao comparar alguns conceitos e premissas básicas de ambas. A constatação destas diferenças pode tanto evitar confusões teóricas incentivadas por algumas concordâncias pontuais quanto apresentar a EPSM como uma alternativa mais dinâmica para se pensar as sucessões hegemônicas. A principal hipótese aqui adotada é a de que diferente da maioria das teorias das Relações Internacionais (RI) – sobretudo aquelas teorias identificadas como realistas, como é o caso da TEH –, a Economia Política dos Sistemas-Mundo (EPSM) tem como um de seus diferenciais incorporar as discussões de classe (ainda que não necessariamente em termos marxistas). Um pressuposto que se desdobra em diversas outras diferenças mais pontuais. Para estabelecer esta comparação foram escolhidos três pontos específicos a serem abordados pelo artigo: I) a relação estrutura/Estado/política doméstica – enquanto Gilpin parte de uma concepção realista centrada no Estado e adota o nacionalismo metodológico, considerando ao fim e ao cabo o Estado como um ator racional (logo, que segue um interesse coletivo), o foco na economia-mundo capitalista da EPSM permite observar relações de classe que se articulam internacionalmente. Ainda que Gilpin supostamente conceda alguma importância à política doméstica na formulação de um interesse nacional, chegando inclusive a afirmar que os Estados em si não tem interesse, que apenas os indivíduos têm interesses, e que o interesse dos Estados é resultado da barganha entre os indivíduos dentro dos Estados, o argumento deste artigo é de que, no fim, Gilpin acaba pressupondo um “interesse nacional” relativamente homogêneo, uma concepção em que o interesse do Estado é em alguma medida o interesse de todos seus cidadãos. II) a associação entre capitalismo e progresso – enquanto Gilpin vê o capitalismo e o mercado como uma força progressista, e as hegemonias com função estabilizadora de um sistema que permite que todos ganhem, a EPSM é mais cética quanto ao caráter progressista do capitalismo e vê a estabilidade proporcionada pelas hegemonias sobretudo como estabilidade do ponto de vista dos capitalistas, às elites principalmente dos países centrais; III) a diferenciação entre mercado e capitalismo e o entendimento sobre o papel da concorrência – para a EPSM a distinção entre mercado (onde há concorrência) e capitalismo (que implica na realidade a fuga da concorrência) é central, e realizada de forma que é impossível separar economia e política, enquanto que Gilpin, ao não enfatizar a distinção entre mercado e capitalismo, enxerga economia e política como esferas que se influenciam mutuamente, mas separadas, com lógica própria. A consequência desta separação entre ambas esferas é: ao mesmo tempo em que adota uma perspectiva realista do ponto de vista da política internacional, a adota uma perspectiva liberal do ponto de vista econômico, em que as diferenças de riqueza entre os países se dá muito mais em função dos méritos dos próprios países do que de uma estratificação estrutural, como defende a EPSM.
Título do Evento
Seminário de Pós-Graduação da Associação Brasileira de Relações Internacionais
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GOMES, Gustavo Gatto. UM DEBATE ENTRE A TEORIA DA ESTABILIDADE HEGEMÔNICA E A ECONOMIA POLÍTICA DOS SISTEMAS-MUNDO.. In: Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais. Anais...São Paulo(SP) IRI-USP, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spabri2022/505594-UM-DEBATE-ENTRE-A-TEORIA-DA-ESTABILIDADE-HEGEMONICA-E-A-ECONOMIA-POLITICA-DOS-SISTEMAS-MUNDO. Acesso em: 20/05/2025

Trabalho

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