A ECONOMIA MUNDIAL E O SISTEMA INTERNACIONAL DE 2008 A 2012: UMA ABORDAGEM DO SISTEMA-MUNDO

Publicado em 25/11/2022 - ISBN: 978-65-5941-910-4

DOI
10.29327/1131788.6-5  
Título do Trabalho
A ECONOMIA MUNDIAL E O SISTEMA INTERNACIONAL DE 2008 A 2012: UMA ABORDAGEM DO SISTEMA-MUNDO
Autores
  • Igor Estima Sardo
Modalidade
Trabalho avulso
Área temática
Economia Política Internacional
Data de Publicação
25/11/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/spabri2022/505260-a-economia-mundial-e-o-sistema-internacional-de-2008-a-2012--uma-abordagem-do-sistema-mundo
ISBN
978-65-5941-910-4
Palavras-Chave
Ciclos Sistêmico de Acumulação, Crise de 2008, Supremacia do Dólar
Resumo
O objetivo desta pesquisa é analisar a economia política internacional e as relações entre os Estados do Sistema Internacional no período de 2008 a 2012 mediante o crivo da Análise de Sistema-mundo, sobretudo, a partir das contribuições de Giovanni Arrighi para o entendimento do Moderno Sistema Mundial. O período escolhido se deve por dois motivos: primeiro, porque, de acordo com Silver e Arrighi (2011), a crise de 2008 é a crise terminal que marca o fim do Longo Século XX e, logo, o ciclo sistêmico de acumulação (CSA) dos Estados Unidos (EUA). Em segundo lugar, a pesquisa pretende analisar o primeiro mandato de Barack Obama no comando da maior economia do mundo, período não analisado pelo economista político ítalo-americano devido a seu falecimento em 2008 (HARVEY, 2009). Com relação ao método empregado nesta pesquisa, utilizou-se de revisão bibliográfica das obras de Giovanni Arrighi, principalmente, suas obras O Longo Século XX: Dinheiro, Poder e As Origens de Nosso Tempo (ARRIGHI, 2013), Caos e Governabilidade no Moderno Sistema Mundial (ARRIGHI et al., 2001) e Adam Smith em Pequim: Origens e Fundamentos do século XXI (ARRIGHI, 2008), além de literatura especializada sobre a economia mundial (EICHENGREEN, 2011; VISENTINI 2015; 2019), a crise de 2008 (STIGLITZ, 2010; DAMAS 2014) e a economia norte-americana pós-2008 (MORAES, 2017). Haja vista a revisão bibliográfica contemplada, fez-se uso, igualmente, de análise descritivo-analítica para se chegar às conclusões da pesquisa. Quanto às conclusões da pesquisa, pôde-se chegar a alguns resultados preliminares: a) um ciclo dicotômico sino-americano de acumulação se instaurou desde 2008; b) é um período não hegemônico do Sistema-mundo; c) as finanças internacionais são governadas pela tríade FMI-G20-OMC d) o primeiro mandato de Obama representou mais continuidades que rupturas A primeira afirmação se depreende pelo fato de que, se a crise de 2008 é a crise terminal do CSA norte-americano (SILVER; ARRIGHI, 2011), um novo CSA deve surgir em seu lugar. No entanto, o dólar ainda se mantém como a moeda internacional dominante, com investidores privados e bancos centrais ainda confiando em seu papel de meio de troca, unidade de conta e reserva de valor. Esta confiança faz com que a economia estadunidense esteja sempre próxima do boom, sem precisar adotar medidas recessivas. Por outro lado, a China despontou como o principal Estado da expansão material na acumulação sistêmica recente (ARRIGHI, 2008). Porém, seu crescimento é interdependente à economia norte-americana, fazendo com que um CSA dicotômico se estabeleça no Sistema-mundo de maneira inédita desde 1648, quando do fim do CSA dicotômico entre Espanha e Gênova, ciclo simbiótico entre estes dois Estados europeus. Por analogia, pode-se dizer que este CSA atual é não hegemônico, uma vez que o CSA ibero-genovês foi um período, igualmente, sem hegemonia, isto é, não há um Estado que sirva de modelo, moral e militar, aos demais Estados, mas sim uma simbiose entre uma expansão material contida na China e uma expansão financeira interminável nos EUA (SARDO, 2O21). Para ilustrar as semelhanças entre os dois CSAs é possível analisar a triangulação financeira que Gênova fez, a seu tempo, junto aos esforços territorialistas da Espanha e compará-la à dicotomia entre EUA e China. Se se substitui ouro e prata pelos dólares; letras de câmbio por títulos do tesouro americano; e, asientos por investimentos estrangeiros diretos, chega-se a uma composição muito similar à atual configuração da economia política internacional (ARRIGHI, 2013; SARDO, 2021). A terceira afirmação se deve pelo controle dos fluxos de capital e de mercadoria que a tríade de instituições FMI-G20-OMC opera. Assim, o Fundo Monetário Internacional (FMI) socorre países com problemas no Balanço de Pagamentos, o G20 tenta harmonizar as políticas macroeconômicas entre as principais economias do mundo e a Organização Mundial do Comércio (OMC) regula e arbitra litígios no comércio de mercadorias entre as nações (SARDO, 2021). Finalmente, quanto à última afirmação, a pesquisa concluiu que o período de 2008 a 2012 não representou grandes mudanças na política macroeconômica dos EUA e tampouco nas relações de poder entre Estados e moedas, uma vez que não houve uma fuga do dólar após a crise de 2008, haja vista que não há alternativos financeiros mais seguros. Os EUA continuaram a operar como impulsionador da produção no cenário internacional, provendo liquidez à economia mundial, mediante importações e déficits gêmeos — isto é, déficits fiscal e externo (MORAES, 2017). Referências ARRIGHI, Giovanni. O longo século XX: Dinheiro, poder e as origens do nosso tempo. Rio de Janeiro: Contratempo, 2013. ARRIGHI, Giovanni; SILVER, Beverly J. Caos e Governabilidade no Moderno Sistema Mundial. Rio de Janeiro: Contratempo, 2001. ARRIGHI, Giovanni. Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos do século XXI. São Paulo: Boitempo, 2008. BOYER-XAMBEAU, Marie-Thérèse; DELEPLACE, Ghislain; GILLARD, Lucien. Banchieri e Principi : Moneta e Credito nell’Europa del Cinquecento. Turim: Einaudi, 1991. DAMAS, Roberto Dumas. Economia chinesa: transformações, rumos e necessidade de rebalanceamento do modelo econômico da China. São Paulo: Saint Paul, 2014. EICHENGREEN, Barry. Privilégio exorbitante: A ascensão e a queda do dólar e o futuro do sistema monetário internacional. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2011. HARVEY, David. Giovanni Arrighi obituary. The Guardian, London, 8 out. 2009. Disponível em: https://www.theguardian.com/education/2009/oct/08/giovanni-arrighi-obituary. Acesso em: 17 mar. 2021. MORAES, Reginaldo Carmello Correa de. A economia política do governo Obama. João Pessoa: Editora da UFPB, 2017. SARDO, Igor Estima. A crise de 2008 sob análise das transições de ciclos sistêmicos de acumulação de Giovanni Arrighi. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Relações Internacionais) - Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 85p. 2021. SILVER, Beverly J.; ARRIGHI, Giovanni. The End of the Long Twentieth Century. In: CALHOUN, Craig; DERLUGUIAN, Georgi (org). Business as usual : the roots of the global financial meltdown. New York: New York University Press, 2011. (Possible futures series; v. 1). STIGLITZ, Joseph E. O mundo em queda livre: os Estados Unidos, o mercado livre e o naufrágio da economia mundial. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. VISENTINI, Paulo Fagundes. Eixos do poder mundial no século XXI: uma proposta analítica. Austral: Revista Brasileira de Estratégia e Relações Internacionais, Porto Alegre, v.8, n.15, p. 9-25, jan./jun. 2019. VISENTINI, Paulo Fagundes. O caótico século XXI. Rio de Janeiro: Alta books, 2015.
Título do Evento
Seminário de Pós-Graduação da Associação Brasileira de Relações Internacionais
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
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Como citar

SARDO, Igor Estima. A ECONOMIA MUNDIAL E O SISTEMA INTERNACIONAL DE 2008 A 2012: UMA ABORDAGEM DO SISTEMA-MUNDO.. In: Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais. Anais...São Paulo(SP) IRI-USP, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spabri2022/505260-A-ECONOMIA-MUNDIAL-E-O-SISTEMA-INTERNACIONAL-DE-2008-A-2012--UMA-ABORDAGEM-DO-SISTEMA-MUNDO. Acesso em: 08/05/2025

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