CONTRIBUIÇÕES INTERSECCIONAIS PARA REPENSAR AS AGENDAS DE PESQUISAS FEMINISTAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Publicado em 25/11/2022 - ISBN: 978-65-5941-910-4

Título do Trabalho
CONTRIBUIÇÕES INTERSECCIONAIS PARA REPENSAR AS AGENDAS DE PESQUISAS FEMINISTAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Autores
  • Gabriela M. Kyrillos
Modalidade
Trabalho avulso
Área temática
Feminismos, Gênero e Sexualidade
Data de Publicação
25/11/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/spabri2022/504604-contribuicoes-interseccionais-para-repensar-as-agendas-de-pesquisas-feministas-em-relacoes-internacionais
ISBN
978-65-5941-910-4
Palavras-Chave
Interseccionalidade; Relações Internacionais; Pesquisas Feministas.
Resumo
A interseccionalidade é provavelmente o conceito proveniente dos estudos feministas que mais se popularizou nas últimas décadas. Isso tem se dado de forma interdisciplinar e a partir de diversos lugares do mundo. Contudo, ainda assim são poucas as pesquisas que se dedicam a utilizar o arcabouço teórico interseccional no campo de Relações Internacionais (RI) – uma exceção na área das ciências sociais e humanas. Este trabalho parte do pressuposto de que essa lacuna precisa ser superada e questiona: como os elementos interseccionais que compõem o campo teórico e prático das RI contribuem para repensar e reforçar as agendas feministas de pesquisa na área? Em especial, quando nos situamos a partir da realidade e do profuso campo teórico latino-americano. Sendo assim, esse texto que se constrói a partir de procedimentos metodológicos eminentemente bibliográficos e de caráter exploratório. Pretende construir uma aproximação teórica das Relações Internacionais com a interseccionalidade. Para isso, desenvolverá a compreensão da interseccionalidade como teoria social crítica (COLLINS, 2019), como ferramenta analítica (CRENSHAW, 1989; 1990) e como teoria e práxis crítica (COLLINS; BILGE, 2016). Bem como, aprofundará o reconhecimento de que a interseccionalidade surgiu das articulações teóricas e práticas de mulheres negras, indígenas e chicanas do norte e do sul global (COLLINS; BILGE, 2016; KYRILLOS, 2020), tendo sido nomeada pela jurista negra estadunidense Kimberlé Crenshaw (1989). Para alcançar a proposta de aproximar a interseccionalidade e as RI utilizamos o conceito de poder como eixo central. Desde as primeiras contribuições de teóricas feministas de RI, tem sido vastamente analisado e documentado que o campo de atuação e a disciplina e suas epistemologias tradicionais, são fundadas a partir de um viés de gênero (TICKNER, 1988; 1997; ENLOE, 2014). Gênero, em uma forçosa síntese, “[...] é um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos e o gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder” (SCOTT, 1995, p. 21) . Em outras palavras, o gênero conceitua a distribuição desigual de recursos, poder e prestígio entre as categorias binárias de mulheres e homens, bem como a forma como essa desigualdade estrutura e organiza a vida em distintas sociedades. Mas de fato, não é apenas o gênero que estrutura o campo das RI, assim como, ele não se constitui como um elemento de desigualdade isolado – como muito já sinalizaram Maria Lugones (LUGONES, 2008; 2014) e Rita Segato (2012) que, apesar de divergências em suas interpretações, apontam que na América Latina o gênero como conhecemos hoje se constituiu necessariamente a partir das relações coloniais e raciais sobre os corpos e territórios da região. Portanto, quando utilizamos a interseccionalidade como uma ferramenta analítica e referencial teórico, ela nos subsidia para compreender como as RI é não apenas gendrada (TICKNER, 1997; ENLOE, 2014) e fundada no racismo estrutural e epistêmicos (SILVA, 2021), mas necessariamente produzida e reprodutora das diversas formas de desigualdades de poder que se coproduzem no constante imbricamento de racismo, sexismo, colonialidade e capitalismo. Em outras palavras, ela nos ajudará a ter outra aproximação com um tema central de RI: o poder. Assim, essa pesquisa se constitui em sintonia com as sensibilidades analíticas das abordagens decoloniais e demonstrará a importância da interseccionalidade como chave de leitura para repensar, fortalecer e complexificar as agendas de pesquisas feministas em RI. Nesse sentido, são apresentados alguns dos elementos que tornam a interseccionalidade um conceito chave para entender as desigualdades de gênero, raça e localidade na América Latina e no Sistema Internacional. Referências COLLINS, P. H. Interseccionality as Critical Social Theory. 1. ed. Durhan and London: Duke University Press, 2019. COLLINS, P. H.; BILGE, S. Intersectionality. 1. ed. Cambridge: Polity Press, 2016. v. 1 CRENSHAW, K. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics. University of Chicago Legal Forum, v. 1989, p. 139, 1989. CRENSHAW, K. Mapping the Margins: Intersectionality, Identity Politics, and Violence against Women of Color. Stanford Law Review, v. 43, p. 1241, 1991 1990. ENLOE, C. Bananas, Beaches and Bases - Making feminist sense of international politics. 2. ed. California: University of California Press, 2014. KYRILLOS, G. M. Uma Análise Crítica sobre os Antecedentes da Interseccionalidade. Revista Estudos Feministas, v. 28, n. 1, 2020. LUGONES, M. Colonialidad y género. Tabula Rasa, n. 09, p. 73–101, 1 jul. 2008. LUGONES, M. Rumo a um feminismo descolonial. Revista Estudos Feministas, v. 22, n. 3, p. 935–952, dez. 2014. SCOTT, J. W. Gênero?: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, v. 20, n. 2, p. 71–99, 1995. SEGATO, R. L. Gênero e colonialidade: em busca de chaves de leitura e de um vocabulário estratégico descolonial. e-cadernos CES, n. 18, 1 dez. 2012. SILVA, K. D. S. A surdez e a cegueira seletivas para as dinâmicas raciais nas Relações Internacionais. RIL Brasília, v. 58, n. 229, p. 37–55, mar. 2021. TICKNER, J. A. Hans Morgenthaus’s Principles of Political Realism: a feminist reformulation. Millennium, v. 17, n. 3, p. 429–440, 1988. TICKNER, J. A. You Just Don’t Understand: Troubled Engagements Between Feminists and IR Theorists. International Studies Quarterly, v. 41, n. 4, p. 611–632, dez. 1997.
Título do Evento
Seminário de Pós-Graduação da Associação Brasileira de Relações Internacionais
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

KYRILLOS, Gabriela M.. CONTRIBUIÇÕES INTERSECCIONAIS PARA REPENSAR AS AGENDAS DE PESQUISAS FEMINISTAS EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS.. In: Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais. Anais...São Paulo(SP) IRI-USP, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spabri2022/504604-CONTRIBUICOES-INTERSECCIONAIS-PARA-REPENSAR-AS-AGENDAS-DE-PESQUISAS-FEMINISTAS-EM-RELACOES-INTERNACIONAIS. Acesso em: 16/12/2025

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