O FRACASSO DO PROJETO DE SOCIEDADE NEOLIBERAL NO CHILE

Publicado em 25/11/2022 - ISBN: 978-65-5941-910-4

DOI
10.29327/1131788.6-1  
Título do Trabalho
O FRACASSO DO PROJETO DE SOCIEDADE NEOLIBERAL NO CHILE
Autores
  • Fernanda Milena Alves Machado
Modalidade
Trabalho avulso
Área temática
Economia Política Internacional
Data de Publicação
25/11/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/spabri2022/500849-o-fracasso-do-projeto-de-sociedade-neoliberal-no-chile
ISBN
978-65-5941-910-4
Palavras-Chave
Chile; neoliberalismo; desigualdade social; movimentos sociais.
Resumo
Este trabalho tem como objetivo realizar uma investigação do modelo econômico-político instituído no Chile desde a formulação da constituição vigente, relacionar os aspectos sociais alavancados pelos movimentos sociais durante a última década à conjuntura política, que culminaram na canalização das reivindicações pela constituinte chilena. As heranças da ditadura e do neoliberalismo refletiram nas condições materiais e subjetivas de vida da população chilena, sobretudo no que tange a garantia de direitos sociais pela transformação do papel do Estado como um ator subsidiário, o que provocou a insurgência de diversos movimentos sociais reivindicando a renovação desse papel para preencher as enormes brechas existentes. No Chile, o neoliberalismo surge após o golpe de Pinochet no Chile, o qual foi patrocinado pelas elites de negócios e apoiado por corporações dos Estados Unidos, pela CIA e pelo secretário de Estado Henry Kissinger. As razões do apoio eram a ameaça que o governo democraticamente eleito de Salvador Allende representava pelo seu caráter abertamente socialista (HARVEY, 2008). Os resultados do golpe foram a repressão, através da violência, de todos os movimentos sociais, das organizações de esquerda além do desmantelamento de todas as formas de organização popular (HARVEY, 2008). Os impactos dessas políticas neoliberais implementadas pelo Chicago Boys são bastante controversos ao que discurso político de sucesso aponta, a medida em que durante um período a economia apresentou crescimento, entre 1978 e 1980 a taxa de crescimento ao ano foi de 8% e a inflação sofreu uma redução de mais de 500% entre 1973 e 1981. A entrada de capital externo serviu de um lado para cobrir os déficits, mas levou a uma aceleração no déficit na conta de serviços, a dívida externa cresceu de 4,7 bilhões em 1976 para 17,1 bilhões em 1982, elevação da taxa de juros para segurar a dívida externa, capital externo utilizado para financiar o consumo interno e a especulação financeira e imobiliária, fuga do capital volátil pela impossibilidade de saldar as dívidas, crise cambial em 1982, retração do PIB em 14% no ano de 1982, aumento de 26% da taxa de desemprego, alavancagem do processo de desubstituição das importações, elevação da concentração de renda e queda dos salários entre 1970 e 1987 (CARCANHOLO, 2004). Além dos efeitos na economia,Gonzalez (2018) aponta também os impactos da ditadura e do modelo econômico implementado no que tange a aspectos subjetivos. Sendo assim, a autora defende que, ao longo da ditadura, os sujeitos passaram a construir uma nova subjetividade, que se co-constituem como uma sociedade profundamente mercantilizada, na qual o consumismo e o individualismo são as principais características. E através do assalariamento da força de trabalho do campo, eliminação de subsídios a preços de produtos essenciais, eliminação da gratuidade de serviços públicos e um funcionamento mais amplo do mercado laboral, se reconhece de maneira mais expressiva a transformação do intercâmbio capitalista e uma mudança na posição de consumo dos sujeitos em que passam a conceber a lógica mercantil em todas as dinâmicas, tomando o consumismo e o individualismo como características principais (GONZALEZ, 2018). E apesar do plebiscito de 1988 marcar o fim de uma era de terror e o retorno à democracia, esses elementos permanecem na sociedade à medida que os governos que fizeram a transição à democracia são responsáveis por praticar uma política de caráter consensual com os militares. Nesse sentido, depois de 17 anos vivendo com a ditadura, a população passa por uma política de consensos, que não quebra de fato com as políticas neoliberais implementadas durante a ditadura e passa a adotar uma nova subjetividade de adaptação em termos de comportamento, com um mal-estar interiorizado e um ânimo de resignação (GONZALEZ, 2018). Metodologia Análise teórica e revisão bibliográfica dos autores que tratam das heranças políticas e econômicas da ditadura militar chilena e do modelo neoliberal implementado na mesma época, da subsidiariedade do Estado contraposta em relação à responsabilização do indivíduo frente a diversas lacunas sociais que são entendidas aqui como direitos sociais. Além disso, pretende-se utilizar as contribuições teóricas a respeito dos contramovimentos da América Latina em relação aos avanços do capitalismo e por fim, demonstrar os principais aspectos da constituição vigente em contraposição às demandas alavancadas pelas manifestações. O método de abordagem utilizado será o dedutivo, o método de procedimento será o histórico-estruturalista, uma vez que tal referencial se apoia na assertiva de que a conjuntura presente se consolida a partir de uma relação direta com os acontecimentos e fatos passados. Para isso, o levantamento bibliográfico e documental serão as fontes de dados e informações. Conclusão A implantação da Cartilha Neoliberal durante a ditadura de Pinochet, após o golpe contra o governo de Salvador Allende, está diretamente atrelada ao contexto atual em que a população se organiza para elaborar uma nova Constituição, porque a Constituição vigente foi criada durante a ditadura militar e sob as insígnias do neoliberalismo que se institucionalizaram com o que ficou conhecido como Consenso de Washington. As heranças neoliberais geraram consequências para a população chilena que perpassam um período de mais de trinta anos, levando a que as condições de reprodução material de vida fossem precarizadas ao ponto em que a população não tem acesso sequer a direitos humanos básicos, como a alimentação, o trabalho e a dignidade. Em conclusão, a hipótese é a de que a herança do modelo econômico neoliberal implementado durante a ditadura militar é responsável pela precarização das condições de vida da população chilena, pelas lacunas no que tange ao acesso e garantia a direitos sociais e pela transformação do papel do Estado a um mero ator subsidiário. Referências CARCANHOLO, Marcelo Dias. A falsa via chilena: lógica, contradições e limites do modelo. Sociedade Brasileira de Economia Política, v. 15, p. 34-61, 2004. GONZÁLEZ GONZÁLEZ, Gabriela. Neoliberalismo y salud mental en Chile:¿ está el modelo volviéndonos locos?: perspectivas históricas en torno al aumento del malestar subjetivo. 1973-2018. 2018. HARVEY, David. O neoliberalismo: história e implicações. Loyola, 2008.
Título do Evento
Seminário de Pós-Graduação da Associação Brasileira de Relações Internacionais
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital
DOI

Como citar

MACHADO, Fernanda Milena Alves. O FRACASSO DO PROJETO DE SOCIEDADE NEOLIBERAL NO CHILE.. In: Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais. Anais...São Paulo(SP) IRI-USP, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spabri2022/500849-O-FRACASSO-DO-PROJETO-DE-SOCIEDADE-NEOLIBERAL-NO-CHILE. Acesso em: 23/06/2025

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