O ESCRITÓRIO TÉCNICO DE AGRICULTURA BRASIL-EUA (ETA): COOPERAÇÃO TÉCNICA E REDES DE CONHECIMENTO NO DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS DE ASSITÊNCIA AGRÍCOLA NO BRASIL (1953-1961)

Publicado em 25/11/2022 - ISBN: 978-65-5941-910-4

Título do Trabalho
O ESCRITÓRIO TÉCNICO DE AGRICULTURA BRASIL-EUA (ETA): COOPERAÇÃO TÉCNICA E REDES DE CONHECIMENTO NO DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS DE ASSITÊNCIA AGRÍCOLA NO BRASIL (1953-1961)
Autores
  • Lucas da Silva Guardiano
Modalidade
Trabalho avulso
Área temática
História das Relações Internacionais e da Política Externa
Data de Publicação
25/11/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/spabri2022/500751-o-escritorio-tecnico-de-agricultura-brasil-eua-(eta)--cooperacao-tecnica-e-redes-de-conhecimento-no-desenvolvimen
ISBN
978-65-5941-910-4
Palavras-Chave
Cooperação técnica agrícola Brasil-EUA, Guerra Fria, ETA, Ponto IV
Resumo
Este trabalho visa expor os resultados preliminares da tese de mestrado, a qual analisa o papel da cooperação técnica dos EUA no desenvolvimento da agricultura do Brasil. O foco reside em compreender a atuação do Escritório Técnico de Agricultura Brasil-EUA (ETA) no contexto de Guerra Fria entre 1953 e 1961. O ETA foi criado em 1953 pelo Ministério da Agricultura brasileiro junto da Divisão de Agricultura e Recursos Naturais (Agriculture and Natural Resources Division, ANR) do Ponto IV. O Ponto IV era um programa dos EUA, que articulava a cooperação técnica como um meio de promover o desenvolvimento no “Terceiro Mundo”, a fim de que a pobreza e as tensões sociais nesses países não gerassem condições propícias ao comunismo no contexto da Guerra Fria. Assim, a segurança estratégica dos EUA também passava pelo desenvolvimento internacional (LATHAM, 2011, p.11). Já a ANR promovia atividades de cooperação técnica voltadas à produção e desenvolvimento agropecuário, fornecendo principalmente pessoal aos projetos parceiros. A cooperação técnica não possuía o aporte massivo de recursos que o governo brasileiro esperava pós-Segunda Guerra por parte dos EUA (HILTON, 1981; RABE, 1988; PATERSON,1973). Mesmo assim, análises mais recentes propõem que o impacto qualitativo deste programa não pode ser desprezado (MACECKURA, 2013). Dessa maneira, possuímos três objetivos no estudo da cooperação na agricultura entre Brasil e EUA nesse período: entender como programas de cooperação técnica durante a Guerra Fria impactaram na estruturação de projetos de desenvolvimento e instituições correlacionadas na agricultura brasileira entre 1953 e 1961; compreender quais grupos agrícolas brasileiros apropriaram-se da cooperação para projetos e interesses próprios; determinar quais gêneros agrícolas foram privilegiados num contexto em que a alimentação para subsídio do desenvolvimento e industrialização estavam em pauta no Brasil. Metodologicamente, entendemos o estudo da cooperação técnica focados na formação de redes de conhecimento entre o Brasil e os EUA na área agrícola. Inderjet Parmar propõe entender a construção da hegemonia estadunidense através do conhecimento e técnicas promovidas por intelectuais e instituições ligadas as associações filantrópicas dos EUA, tais quais a Rockfeller e Ford no Pós Segunda Guerra (PARMAR, cap.1). Contudo, matizações devem ser feitas para não cairmos em análises dicotômicas. Assim, partindo das concepções de Cecília Azevedo, entendemos que devemos abarcar estratégias discursivas, relações de poder e práticas materiais empreendidas no estudo do encontro “pós-colonial”, e que vão além de relações dicotômicas de “Centro/periferia”, “dominador/dominado”, nessas redes de conhecimento (AZEVEDO, 2007, p.21 APUD SILVA, 2013, p.1696). Essas redes de conhecimento transnacionais, geram um magnetismo do conhecimento e instituições de saber do “centro hegemônico” na “periferia”, todavia em lógicas muito mais complexas e tênues que apenas uma sobreposição do conhecimento do centro pelo local (SALVATORE, 2000, P.7). Para este trabalho esses apontamentos se referem as “técnicas agrícolas” em circulação e discussão nas associações e instituições analisadas e que basearam as políticas públicas brasileiras em relação à agricultura no final da década 1950. Quanto ao corpus de fontes, esse foi constituído em duas frentes. Na primeira, centrada no lado estadunidense, utilizamos relatórios da ANR produzidos entre 1954 e 1958 colhidos no National Archives Resources Center (NARA). Na frente brasileira, utilizamos o acervo online do jornal “O Estado de São Paulo” (para apreensão da percepção sobre o ETA), bem como manuais agrícolas presentes na base de dados da EMBRAPA (Empresa brasileira de pesquisa agropecuária) entre 1953 e 1961. Entende-se que o ETA procurou subsidiar projetos voltados aos gêneros do mercado interno brasileiro como a produção de batata, leite e gado, e a estruturação de programas de treinamento agrícola em matérias mais gerais, como irrigação e conservação do solo, para o ordenamento e desenvolvimento agrícola brasileiro. Mais que o aporte de recursos, o foco residia em criar canais de informação entre produtores rurais e instituições assistência agrícola. O principal impacto dessa cooperação bilateral deu-se através da estruturação de instituições para assistência rural, conhecidas como associações de crédito e assistência rural. Essas vinham sendo propostas desde o final da década de 1950 por outros atores estadunidenses, como a Associação Americana Internacional para Desenvolvimento Econômico e Social de Nelson Rockfeller (American International Association for Economic and Social Development, AIA), mas ganharam predominância a partir do subsídio técnico do ETA. Tanto no subsídio de projetos, como na criação de associações, as regiões Nordeste e Sul do Brasil foram privilegiadas e se apropriaram das redes de conhecimento oferecidas pelo ETA.
Título do Evento
Seminário de Pós-Graduação da Associação Brasileira de Relações Internacionais
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GUARDIANO, Lucas da Silva. O ESCRITÓRIO TÉCNICO DE AGRICULTURA BRASIL-EUA (ETA): COOPERAÇÃO TÉCNICA E REDES DE CONHECIMENTO NO DESENVOLVIMENTO DE POLÍTICAS DE ASSITÊNCIA AGRÍCOLA NO BRASIL (1953-1961).. In: Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais. Anais...São Paulo(SP) IRI-USP, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spabri2022/500751-O-ESCRITORIO-TECNICO-DE-AGRICULTURA-BRASIL-EUA-(ETA)--COOPERACAO-TECNICA-E-REDES-DE-CONHECIMENTO-NO-DESENVOLVIMEN. Acesso em: 27/08/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes