AS RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIA E O PROBLEMA DA DEMOCRACIA NAS VISÕES DE RUY MAURO MARINI E THEOTÔNIO DOS SANTOS: O ESTADO DE CONTRA-INSURGÊNCIA E O FASCISMO DEPENDENTE

Publicado em 25/11/2022 - ISBN: 978-65-5941-910-4

Título do Trabalho
AS RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIA E O PROBLEMA DA DEMOCRACIA NAS VISÕES DE RUY MAURO MARINI E THEOTÔNIO DOS SANTOS: O ESTADO DE CONTRA-INSURGÊNCIA E O FASCISMO DEPENDENTE
Autores
  • Thiago Logatto
Modalidade
Trabalho avulso
Área temática
Economia Política Internacional
Data de Publicação
25/11/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/spabri2022/500606-as-relacoes-de-dependencia-e-o-problema-da-democracia-nas-visoes-de-ruy-mauro-marini-e-theotonio-dos-santos--o-es
ISBN
978-65-5941-910-4
Palavras-Chave
Teoria marxista da dependência, Fascismo dependente, Estado de contra-insurgência
Resumo
Este trabalho tem como objeto de pesquisa a contradição entre a dependência e o processo democrático de acordo com a compreensão de autores vinculados à teoria marxista da dependência (TMD), e faz parte de uma pesquisa, ainda em desenvolvimento, voltada para compreender os padrões de dependência e a sua conturbada relação com a democracia no século XXI. Não obstante o debate sobre a crise da democracia tenha ganhado força, especialmente, por conta da ascensão de lideranças autoritárias e de inclinações fascistas em países com regimes democrático-liberais já consolidados e, a princípio, insuspeitos, trata-se de uma questão de absoluta relevância para os países latino-americanos, cuja história é marcada por rupturas democráticas, guinadas autoritárias e violência política, e que também estão inseridos no contexto mais amplo da crise das democracias contemporâneas. Os objetivos da pesquisa foram expor as bases da TMD, bem como seus principais conceitos – fundamentalmente as transferências de valor e a superexploração do trabalho –, e explorar a compreensão dos autores a respeito dos desdobramentos políticos da dependência. A TMD, de origem latino-americana, consagrou-se como uma chave interpretativa cujo propósito era voltar-se para questões sociais, políticas e econômicas fundamentais da região a partir de uma concepção crítica e radical. Apesar do seu relativo esquecimento no final do século XX, há, desde então, um crescente movimento de resgate das concepções formuladas por Theotônio dos Santos, Ruy Mauro Marini e Vânia Bambirra, reconhecidos por terem sido os fundadores da vertente marxista da teoria da dependência. Na interpretação dos seus fundadores, o conceito de dependência é amplo e permite compreender não apenas a posição periférica dos países dependentes na economia mundial com suas respectivas implicações econômicas, mas também a sua articulação com as classes sociais nos planos nacionais. Por isso, esses autores entendem que, dada a posição periférica desses países e a associação entre os interesses das suas burguesias aos das burguesias dos países centrais, estabelece-se uma relação de compromisso cujo fim é a manutenção da dependência por meio da superexploração do trabalho. Como consequência, a dependência “exigia uma alta taxa de exploração da força de trabalho, uma forte concentração econômica e uma intensa centralização de capital [...]. O conteúdo excludente e marginalizador desse modelo de crescimento econômico” combinava-se com “a necessidade de um regime de força que pudesse conter as reações das classes sociais por ele prejudicadas” (SANTOS, 2016, p. 131). Portanto, a instituição de um regime de superexploração do trabalho levava, na compreensão de Dos Santos e de seus companheiros teóricos, à contradição entre a dependência e o processo democrático. A fim de delimitar a pesquisa, realizou-se um mapeamento bibliográfico de textos produzidos no âmbito da TMD, entre as décadas de 1960 e 1970, buscando sistematizar a percepção dos autores referidos a respeito dessa contradição. Embora ela permeie o conteúdo analisado de maneira contínua, encontraram-se, nos apontamentos de Dos Santos a respeito do “fascismo dependente”, bem como nas noções de “Estado de contra-insurgência” e “Estado de quarto-poder”, por Marini, as formulações mais acabadas acerca dos tensionamentos envolvendo a dependência e a democracia. Entende-se que essa relação contraditória atinge seu grau mais extremo no decorrer da onda de golpes militares na América Latina durante as duas décadas em que os textos foram produzidos, sendo esses golpes, na percepção dos autores, experiências concretas dos desdobramentos políticos de um capitalismo fundado na superexploração. Para Dos Santos, o fascismo dependente seria a forma pela qual o fascismo se manifesta no capitalismo dependente: suas bases nacionalistas e expansionistas entram em contradição com a sua subordinação ao capital internacional, o que debilita a legitimidade ideológica do movimento fascista e a sua capacidade de mobilização das bases, e, por outro lado, lhe impõe a necessidade de rivalizar com o capital estrangeiro. O resultado é um regime altamente contraditório, que se debilita devido às suas contradições internas, e que acaba sendo obrigado a levar adiante uma ação repressiva interminável (DOS SANTOS, 2018). Já para Marini, o Estado de contra-insurgência refere-se à forma assumida pelos Estados latino-americanos para garantir os interesses do grande capital, marcado pela forte centralização da institucionalidade nas forças armadas. Seu objetivo seria a destruição física das oposições de esquerda e, posteriormente, a consolidação de Estados de quarto poder – entendidos pelo autor como democracias liberais restringidas, que conservam elementos do Estado de contra-insurgência, com o exercício de um papel de vigilância, controle e direção do aparato estatal pelas forças armadas (MARINI, 1995). Referências Bibliográficas BAMBIRRA, V. O capitalismo dependente latino-americano. 4ª. ed. Florianópolis: Insular, 2019. DOS SANTOS, T. La cuestión del fascismo en América Latina: debate con Ruy Mauro Marini, Agustín Cueva y Pio Garcia. Cuadernos Políticos, México D.F., v. 18, p. 13-33, 1979. DOS SANTOS, T. Imperialismo y dependencia. Caracas: Fundación Biblioteca Ayacucho, 2011. DOS SANTOS, T. 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Sobre superexploração e capitalismo dependente. Caderno CRH, Salvador, v. 31, n. 84, p. 483-500, Set./Dez. 2018.
Título do Evento
Seminário de Pós-Graduação da Associação Brasileira de Relações Internacionais
Cidade do Evento
São Paulo
Título dos Anais do Evento
Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

LOGATTO, Thiago. AS RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIA E O PROBLEMA DA DEMOCRACIA NAS VISÕES DE RUY MAURO MARINI E THEOTÔNIO DOS SANTOS: O ESTADO DE CONTRA-INSURGÊNCIA E O FASCISMO DEPENDENTE.. In: Anais do Seminário de Graduação e Pós-graduação em Relações Internacionais. Anais...São Paulo(SP) IRI-USP, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/spabri2022/500606-AS-RELACOES-DE-DEPENDENCIA-E-O-PROBLEMA-DA-DEMOCRACIA-NAS-VISOES-DE-RUY-MAURO-MARINI-E-THEOTONIO-DOS-SANTOS--O-ES. Acesso em: 27/05/2025

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