CONTRASSEXUALIDADE: UM ENSAIO SOBRE A REALIDADE DE PESSOAS TRANS E TRAVESTIS NUMA SOCIEDADE HETERONORMATIVA

Publicado em 13/07/2025 - ISBN: 978-65-272-1588-2

Título do Trabalho
CONTRASSEXUALIDADE: UM ENSAIO SOBRE A REALIDADE DE PESSOAS TRANS E TRAVESTIS NUMA SOCIEDADE HETERONORMATIVA
Autores
  • Lourrana Graziely Ferreira Vieira
  • Cauã santos da silva
Modalidade
Resumo Expandido para Publicação em Anais
Área temática
GT 08 - Raça, gênero e sexualidade: crítica decolonial, subversão epistêmica e insurgências sociopolíticas
Data de Publicação
13/07/2025
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/sinjuve-semanaciso-univasf-554279/1180841-contrassexualidade--um-ensaio-sobre-a-realidade-de-pessoas-trans-e-travestis-numa-sociedade-heteronormativa
ISBN
978-65-272-1588-2
Palavras-Chave
Teoria queer, dominação carismática, raciocínio lógico dedutivo, transexualidade, heteronormatividade
Resumo
RESUMO Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de análises teórico-empíricas e pesquisas bibliográficas sobre a realidade de pessoas transexuais e travestis em uma sociedade heteronormativa, tomando como exemplo o Brasil. O objetivo desta pesquisa é trazer, de maneira mais "palpável", a realidade de corpos marginalizados e suas vivências, da forma mais concisa, direta e realista possível, a fim de causar desconforto e constrangimento aos leitores/ouvintes e simular, indiretamente, a maneira como essas pessoas são tratadas no cotidiano. O texto está dividido em três partes, resumidamente, em três bases teóricas e na correlação entre essas obras, para uma compreensão mais profunda do assunto e para demonstrar como obras de autores com vertentes diferentes podem ser interligadas em uma única temática, ao mesmo tempo que se conciliam com a realidade patriarcal brasileira. Os resultados previstos nesta pesquisa incluem a simulação do desconforto vivenciado por essas pessoas, com a ideia de aproximar o leitor dessa realidade, indiretamente, visto que a situação dessas pessoas não pode ser completamente explicada e simplificada da forma mais pura e direta possível — a não ser por quem a vive na pele. INTRODUÇÃO A teoria queer, longe de ser apenas um conceito marginalizado, é uma ferramenta crítica essencial para desconstruir as noções binárias de gênero e sexualidade, revelando como essas categorias são construções sociais e históricas. No Brasil, onde a heteronormatividade e o patriarcado ditam as normas de existência, corpos trans e travestis enfrentam violências cotidianas: desde a exclusão do mercado de trabalho até a objetificação sexual e o extermínio físico – reflexo de uma sociedade que consome suas imagens em pornografia, mas nega sua humanidade. Este artigo investiga essa contradição, analisando como a teoria queer, em diálogo com autores como Max Weber, Paul Preciado e Mary Haight, desmonta os mecanismos de poder que naturalizam a marginalização. Recorrendo também a Chalmers, discutimos como estereótipos – como a associação automática entre identidade trans e prostituição – são sustentados por premissas falsas, mas socialmente validadas. A pesquisa, de caráter qualitativo e bibliográfico, alia fundamentação teórica a dados empíricos, como o caso da deputada Erika Hilton, para evidenciar a resistência desses corpos em um contexto hostil. O objetivo é não apenas explicar, mas também provocar: ao simular o desconforto vivido por essas pessoas, convidamos o leitor a questionar as estruturas que perpetuam a violência, reforçando a teoria queer como caminho para uma sociedade verdadeiramente plural. ANÁLISE E COMENTÁRIO DO CONTEÚDO A teoria queer, frequentemente estigmatizada por sua origem pejorativa (já que "queer" foi historicamente um termo ofensivo contra a comunidade LGBTQIAPN+), revela-se um marco teórico essencial para desnaturalizar as estruturas de gênero e sexualidade. Surgida nos anos 1980 nos EUA como crítica aos estudos sociológicos tradicionais, ela expõe a sexualidade como uma construção histórica e política, vinculada a relações de poder que transcendem noções biológicas essencialistas. Autores como Foucault (1976), Butler (1990) e Preciado (2000) demonstram como a heteronormatividade opera como regime de controle, marginalizando corpos que escapam ao binômio masculino/feminino. Essa análise é corroborada por Durkheim (1895), ao afirmar que a ciência deve desafiar preconceitos — o que a teoria queer faz ao questionar a "naturalidade" dos padrões de gênero. No contexto brasileiro, a existência de corpos trans e travestis evidencia a violência desse sistema. Preciado, por exemplo, desmonta o "genitalismo" — a redução das identidades às genitálias —, mostrando como ele sustenta a objetificação desses corpos, restringindo-os a espaços como a prostituição (que atinge 90% dessa população, segundo dados de 2018) ou a pornografia. Essa realidade é paradoxal: enquanto o Brasil lidera o ranking de assassinatos de pessoas trans, também consome massivamente sua imagem sexualizada. A lógica por trás desse paradoxo é desvelada por Weber (1924) e Chalmers (1993): estereótipos como "toda pessoa trans é prostituta" baseiam-se em premissas falsas, mas socialmente validadas por uma estrutura heteronormativa que legitima apenas identidades binárias. A dominação patriarcal, analisada por Weber através dos "tipos ideais", manifesta-se na patologização de corpos dissidentes — como ocorreu com o termo "homossexualismo" até 1990 — e na exclusão sistemática, que expulsa pessoas trans de seus lares e do mercado de trabalho. A deputada Erika Hilton, primeira mulher trans negra eleita no Congresso, simboliza a resistência a essa ordem, mas também a persistência da transfobia, como evidenciam os ataques de parlamentares como Nikolas Ferreira. Em síntese, a teoria queer não apenas desestabiliza normas sociais, mas expõe a contradição de uma sociedade que consome corpos trans enquanto os nega como sujeitos de direitos. A análise crítica das premissas que sustentam essa violência — articulando queer theory, sociologia weberiana e epistemologia — revela a urgência de desmontar a lógica heteronormativa, que perpetua desigualdades sob um véu de "naturalidade". A resistência de figuras como Hilton, contudo, aponta para a possibilidade de reconfigurar esses padrões, ainda que em meio a um cenário de profunda violência estrutural. CONSIDERAÇÕES FINAIS Por fim, a pesquisa traz uma observação de que a realidade das vidas transexuais e travestis é enquadrada em uma limitação forçosa de padronização, prejudicial para sua coexistência. Diante dessa padronização, muitos fatores sobre a estrutura social do Brasil entram em forte colapso. A comercialização dos corpos trans e travestis, sua escassez no mercado de trabalho e a marginalização do indivíduo - a ponto de torná-lo mais um número em estatísticas drásticas de mortes por homofobia e transfobia - além de reações e ações que, por muitas vezes, não são visíveis por ocorrerem em contextos familiares que nem sempre são mencionados publicamente. A sobrevivência e importância do corpo transexual, além do incômodo que ele traz diante de suas vivências, são histórias que, muitas vezes, foram apagadas pela violência da sociedade heteronormativa com a ideia de esconder essa "quebra de padrão". As obras aqui mencionadas, por mais antigas que sejam, ainda permanecem com uma forte relação com a contemporaneidade, e a conexão entre elas reforça o quão importantes são as análises teóricas e empíricas partindo do contexto sociocultural, e como essa análise afeta o todo, seja indireta ou diretamente.
Título do Evento
II SIMPÓSIO INTERNACIONAL JUVENTUDES E EDUCAÇÃO - SINJUVE & XI SEMANA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - UNIVASF
Cidade do Evento
Juazeiro
Título dos Anais do Evento
Dossiê Conjunto de Produções Acadêmicas da 2ª Edição do Simpósio Internacional sobre Juventudes e Educação e 11ª Edição da sSemana de Ciências Sociais/UNIVASF
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

VIEIRA, Lourrana Graziely Ferreira; SILVA, Cauã santos da. CONTRASSEXUALIDADE: UM ENSAIO SOBRE A REALIDADE DE PESSOAS TRANS E TRAVESTIS NUMA SOCIEDADE HETERONORMATIVA.. In: Dossiê Conjunto de Produções Acadêmicas da 2ª Edição do Simpósio Internacional sobre Juventudes e Educação e 11ª Edição da sSemana de Ciências Sociais/UNIVASF. Anais...Juazeiro(BA) Complexo Multieventos/UNIVASF, 2025. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/sinjuve-semanaciso-univasf-554279/1180841-CONTRASSEXUALIDADE--UM-ENSAIO-SOBRE-A-REALIDADE-DE-PESSOAS-TRANS-E-TRAVESTIS-NUMA-SOCIEDADE-HETERONORMATIVA. Acesso em: 09/08/2025

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