VISIBILIDADE E POLÍTICA NUM CULTO EVANGÉLICO

Arian Oliveira Costa

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Trabalho

Título do Trabalho

VISIBILIDADE E POLÍTICA NUM CULTO EVANGÉLICO

Autores

Arian Oliveira Costa

Modalidade

Resumo Expandido para Publicação em Anais

Área temática

GT02 -Democracia, Participação Política e Internet

Data de Publicação

13/07/2025

País da Publicação

Brasil

Idioma da Publicação

Português

Página do Trabalho

https://www.even3.com.br/anais/sinjuve-semanaciso-univasf-554279/1177898-visibilidade-e-politica-num-culto-evangelico

ISBN

978-65-272-1588-2

Palavras-Chave

Religião, Política, Visibilidade, Poder, Culto.

Resumo

RESUMO O presente trabalho tem como objetivo discutir o modo como religião e política encontram-se conectadas no culto de ações de graças pela vida do pastor Silas. Imagem e vídeo foram tomados como objeto de análise, sem se afastar da operação etnográfica, dialogando com o conceito de espetáculo em Guy Debord, visibilidade em Brian Creench e a glorificação do poder em Giorgio Agamben. 1. INTRODUÇÃO As conexões entre a política e a comunicação foram potencializadas com advento da internet. Segundo Castells (2005), o mundo passou por uma transformação estrutural com a difusão das tecnologias de informação, o que acelerou a sociedade em rede ultrapassando os limites geográficos, interligando relações e espalhando ideias que formam e identificam indivíduos dentro de seu conjunto. Creench (2020) considera que os fenômenos visuais são reivindicações de objetividade ao construir sua força retórica em torno do fato incontestável. As imagens mais do que reproduzir relações entre ideologia e poder, constitui práticas, técnicas de ver e produzir que são incorporadas ao exercício do poder. Este trabalho pretende compreender a relação entre Jair Bolsonaro e os evangélicos, por meio da observação do “Culto de ações de graças pela vida do pastor Silas”. A reunião foi transmitida online e está disponível https://www.youtube.com/watch?v=tMwSfpmi9N4&t=5566s, sendo esta a minha paisagem etnográfica (Cesarino, 2020). Os evangélicos desde a eleição para Assembleia Constituinte de 1988 participam ativamente da política (Pierucci, 1987). Entretanto, a explosão demográfica do evangelismo, em grande parte do movimento neopentecostal, trouxe consigo a crença de que a política deveria ser uma área dominada e modelada pelos valores cristãos (Júnior, et al 2021), tal fato, fortaleceu o engajamento sócio-político não só deste viés religioso, como dos evangélicos de modo geral. O espetáculo de Guy Debord (2005) e a crítica de Giorgio Agamben (2011), serão utilizados para problematizar a relação entre religião e política. 2. ANÁLISE E COMENTÁRIO DO CONTEÚDO O culto de aniversário do pastor Silas Malafaia é um evento cuja visibilidade aproxima religião e política. Guy Debord (2005) afirma que o espetáculo está presente em toda sociedade, o ter e o parecer tomaram totalmente as relações sociais, de modo que o natural e autêntico se tornaram nada mais que ilusão. A retórica e crença cristã do ex-presidente, do ponto de vista debordiano, funciona como um mecanismo espetacular, ao conceder visibilidade a um candidato alinhado aos valores e moral evangélicos. Cesarino (2020), coloca o populismo como um mecanismo operado por um líder carismático, oriundo de um contexto de insatisfação que utiliza a ruptura como meio para a transformação. Desse modo, este movimento reacomoda a estrutura política e conecta grupos que anterioramente não se encontravam ligados. As discussões de Giorgio Agamben sobre o nexo que conecta os rituais ao poder político, toma o paradigma trinitário, como um laboratório para desvendar a articulação e funcionamento entre Reino e Governo. A tese é que a glória é o “arcano central do poder” (Agamben, 2011, p. 7). A glorificação do poder, está fundada em um tipo de democracia que tem na aclamação seu elemento visivelmente constitutivo. Cesarino (2021), afirma que o neoliberalismo autoritário brasileiro possui uma infraestrutura digital que convergem na e com a direita alternativa, a partir de elementos messiânicos, apocalípticos, conspiracionistas e negacionistas. Zeitzoff (2018), argumenta que as mídias sociais desempenham um papel importante na política e nos conflitos. Políticos, líderes e ativistas de modo geral, utilizam as plataformas digitais como meio de comunicação e mobilização. Cunha (2017), afirma não ser mais possível compreender as religiões do mundo contemporâneo sem levar em consideração suas relações com as mídias e como estas funcionam na difusão de ideias, discursos, propagandas e apoios. O culto foi transmitido na plataforma Youtube, sendo utilizado como estratégia política a fim de promover aprovação e formar a opinião que definisse o voto evangélico favorável ao candidato à presidência da república que supostamente possuía as bandeiras deste nicho. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A visibilidade é um elemento importante para compreender a relação entre Jair Bolsonaro e os evangélicos. Ao ir do palanque para o púlpito, Bolonaro assumi a retórica deste nicho, buscando aproximação, ao tempo, em que anuncia ser o único capaz de atender as expectativas de um grupo cada vez mais atuante na esfera política. Por outro lado, a atuação do pastor Silas Malafaia, é reforçar a a imagem de que o ex presidente teme a Deus e serve a igreja, tornando-o candidato de Deus. O recorte foi suficiente para constatar que a identificação dos evangélicos com Jair Bolsonaro passa tanto pela crença, quanto pela defesa das “pautas conservadoras”, todavia, a imagem de cristão e a notoriedade do pastor, os une em torno do poder. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGAMBEN, Giorgio. O Reino e a Glória. Tradução de Selvino J. Assmann. São Paulo, Boitempo, 2011. CASTELLS, Manuel et al. “A sociedade em rede: do conhecimento à política. A sociedade em rede: do conhecimento à acção política”, p. 18-30, 2005. CESARINO, Letícia. “Como vencer uma eleição sem sair de casa: a ascensão do populismo digital no Brasil”. Internet & sociedade, v. 1, n. 1, p. 91-120, 2020. ________________. “As ideias voltaram ao lugar? Temporalidades não lineares no neoliberalismo autoritário brasileiro e sua infraestrutura digital”. Caderno CRH, v. 34, p. e021022, 2021. CUNHA, M. do N. Política, mídia e religião: o ativismo progressista entre evangélicos brasileiros por meio do Facebook e do Twitter. C&S – São Bernardo do Campo, v. 39, n. 3, p. 217-244, set./dez. 2017. DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Tradução de Francisco Alves e Afonso Monteiro. Lisboa, Edições Antipáticas, 2005. JÚNIOR, Paulo Gracio; GOULART, Mayra; FRIAS, Paula. “’Os humilhados serão exaltados’: ressentimento e adesão evangélica ao bolsonarismo”. Cadernos Metrópole, São Paulo, v. 23, n. 51, p. 547-579, maio/ago., 2021. PIERUCCI, Antônio Flavio. “As bases da nova direita”. Novos Estudos Cebrap, São Paulo, n.19, pp. 26‑45, dez., 1987. RIBEIRO, José da Silva. “Antropologia visual, práticas antigas e novas perspectivas de investigação”. Revista de Antropologia, São Paulo, USP, v. 48, nº 2, 2005. ZEITZOFF, Thomas. How social media is changing conflict. Journal of Conflict Resolution, v. 61, n. 9, p. 1970-1991, 2017.

Título do Evento: II SIMPÓSIO INTERNACIONAL JUVENTUDES E EDUCAÇÃO - SINJUVE & XI SEMANA DE CIÊNCIAS SOCIAIS - UNIVASF
Cidade do Evento: Juazeiro
Título dos Anais do Evento: Dossiê Conjunto de Produções Acadêmicas da 2ª Edição do Simpósio Internacional sobre Juventudes e Educação e 11ª Edição da sSemana de Ciências Sociais/UNIVASF
Nome da Editora: Even3
Meio de Divulgação: Meio Digital

Como citar

COSTA, Arian Oliveira. VISIBILIDADE E POLÍTICA NUM CULTO EVANGÉLICO.. In: Dossiê Conjunto de Produções Acadêmicas da 2ª Edição do Simpósio Internacional sobre Juventudes e Educação e 11ª Edição da sSemana de Ciências Sociais/UNIVASF. Anais...Juazeiro(BA) Complexo Multieventos/UNIVASF, 2025. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/sinjuve-semanaciso-univasf-554279/1177898-VISIBILIDADE-E-POLITICA-NUM-CULTO-EVANGELICO. Acesso em: 31/08/2025