A FOTOGRAFIA COMO TÉCNICA DOCUMENTAL ESTATAL: INSERÇÃO, PRODUÇÃO E ACUMULAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO.

Publicado em 21/06/2021 - ISBN: 978-65-991726-4-9

Título do Trabalho
A FOTOGRAFIA COMO TÉCNICA DOCUMENTAL ESTATAL: INSERÇÃO, PRODUÇÃO E ACUMULAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO.
Autores
  • Bruno de Andrea Roma
Modalidade
Comunicação
Área temática
4. Gêneros não textuais
Data de Publicação
21/06/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/simposiointernacionaldearquivos/289282-a-fotografia-como-tecnica-documental-estatal--insercao-producao-e-acumulacao-no-estado-de-sao-paulo
ISBN
978-65-991726-4-9
Palavras-Chave
Documento fotográfico, Fotografia, Arquivo, Cultura Visual, Arquivo Público.
Resumo
Durante o século XIX, simultaneamente à apresentação da fotografia para a sociedade e ao desenvolvimento da arquivística como a conhecemos, o Estado passa a se capilarizar numa complexa rede de controle, individualizando sujeitos e vigiando seus corpos. Michel Foucault chama essa rede de ‘microfísica do poder’ e aos mecanismos que a compõe de ‘tecnologia do poder’. Ao analisar a inserção do dispositivo fotográfico na Inglaterra, o historiador inglês John Tagg constata sua precoce adoção pelas instituições descritas por Foucault como braços do poder estatal: a prisão, o hospital, a escola pública, a delegacia de polícia, o hospício etc. Nesse sentido, J. Tagg considera a fotografia um importante mecanismo da ‘tecnologia do poder’, viabilizador da individualização e vigilância que o Estado passa a exercer nesse período. Essa constatação é importante porque desnaturaliza o poder de veracidade da fotografia, demonstrando que esse poder não está na imagem, mas nas instituições que a mobilizam. Não podemos deixar de associar a esse processo uma reconfiguração da lógica documental pública, que passa a permitir um controle mais individualizado dos sujeitos, movimento que denominamos de ‘prontuarização da vida’ em função da prevalência desse recurso documental. Se assim como Tagg investigássemos a penetração da fotografia nas instâncias públicas do estado de São Paulo, perceberíamos que essa inserção guarda profundas semelhanças com o que se observou na Inglaterra. A fotografia não apenas está presente na organização dos expedientes de segurança e educação pública, como integra uma extensa rede de órgãos e instituições ligadas às políticas sanitárias que se estabeleceram nesse estado entre o último quartel do século XIX e o princípio do século XX: Preventórios, sanatórios, hospitais de isolamento, colônias de hansenianos, asilos e desinfetórios se espalham por todo o estado e é possível localizar a fotografia como técnica documental utilizada por muitos deles. Produzidas no cumprimento de funções administrativas, de forma sistemática e muitas vezes seriada, inseridas nas mais variadas espécies documentais, como relatórios ou processos, ou ainda como documentos autônomos, destacamos a natureza arquivística dessa documentação. No entanto, se para essa investigação recorrêssemos ao acervo do Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP), constataríamos a impossibilidade de fazê-lo plenamente. Acontece que a maior parte dos documentos que nos permitiriam mensurar a precocidade e extensão da utilização do dispositivo fotográfico não está no Arquivo Público. As fotografias que deveriam estar no Arquivo Público acabam encontrando permanência em museus, bibliotecas, centros de documentação ou até mesmo com particulares ou sequer são entregues por seus produtores quando da promoção de recolhimentos em instituições públicas. Dessa maneira são alijadas das condições necessárias para sua contextualização como documento em regime de arquivo. Persiste, diante disso, indagarmos os motivos pelos quais esse fenômeno acontece. Há aproximadamente duas décadas a fotografia em contexto arquivístico tem mobilizado um campo próprio de reflexão no Brasil. À luz desse debate e ainda com as contribuições que nossa pesquisa procura apresentar a este campo, podemos considerar ao menos quatro motivos para esse transtorno: A excessiva valorização artística e histórica do recurso fotográfico, que promove o transbordamento de noções de avaliação oriundas de outros campos do conhecimento para a prática arquivística; A ausência dos expedientes fotográficos nos organogramas das instituições, o que também prejudica o processo de avaliação arquivística; Lacunas metodológicas para o tratamento de fotografias em arquivos, cujo vácuo com muita frequência é preenchido por noções de conservação preventiva; Dificuldade para o estabelecimento de políticas públicas para os arquivos.
Título do Evento
Simpósio Internacional de Arquivos
Título dos Anais do Evento
Arquivo, Documento e Informação em Cenários Híbridos: anais do Simpósio Internacional de Arquivos
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ROMA, Bruno de Andrea. A FOTOGRAFIA COMO TÉCNICA DOCUMENTAL ESTATAL: INSERÇÃO, PRODUÇÃO E ACUMULAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO... In: Arquivo, documento e informação em cenários híbridos: anais do Simpósio Internacional de Arquivos. Anais...Sao Paulo(SP) Eventus, 8, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/simposiointernacionaldearquivos/289282-A-FOTOGRAFIA-COMO-TECNICA-DOCUMENTAL-ESTATAL--INSERCAO-PRODUCAO-E-ACUMULACAO-NO-ESTADO-DE-SAO-PAULO. Acesso em: 16/07/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes