DESENVOLVIMENTO DA AUDIÇÃO E LINGUAGEM NUM CASO DE HIDROCEFALIA PÓS HEMORRÁGICA

Publicado em 30/03/2024 - ISBN: 978-65-272-0381-0

Título do Trabalho
DESENVOLVIMENTO DA AUDIÇÃO E LINGUAGEM NUM CASO DE HIDROCEFALIA PÓS HEMORRÁGICA
Autores
  • Maria Vitória Bezerra
  • Anny Kelly de Lima Silva
  • Diana Babini Lapa de Albuquerque Britto
  • Sheila Cristina Silva de Melo
  • Luciana Pimentel Fernandes de Melo
  • Karina Paes Advincula
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Audiologia Clínica e Equilibriometria
Data de Publicação
30/03/2024
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/simfono-1-simposio-de-fonoaudiologia-da-usm-407876/779149-desenvolvimento-da-audicao-e-linguagem-num-caso-de-hidrocefalia-pos-hemorragica
ISBN
978-65-272-0381-0
Palavras-Chave
HIDROCEFALIA,MONITORAMENTO, AUDIÇÃO
Resumo
Introdução: A Triagem Auditiva Neonatal Universal encontra-se dentro do programa de saúde auditiva e tem como principal papel de promoção à saúde, detecção e intervenção perante a perda auditiva em neonatos e lactentes, sendo considerado uma etapa importante para a identificação precoce das alterações auditivas, oferecendo, assim, marcos do desenvolvimento da criança. O Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva descreve alguns fatores como sendo considerados Indicadores de Risco para Deficiência Auditiva. Esses indicadores são divididos em congênitos ou perinatais e perinatais ou tardios. Todos os neonatos ao nascerem, com ou sem indicador de risco, precisam realizar os exames recomendados entre as primeiras 24 ou 48 horas de nascido, além de que os bebês com indicadores de risco devem passar por um monitoramento auditivo pelos primeiros três anos de vida. Pode-se perceber a importância do monitoramento auditivo nessas crianças, uma vez que esse monitoramento irá identificar possíveis alterações auditivas tardias, e consequentemente, possibilitará em uma intervenção precoce, tanto da audição, como da linguagem. O Ministério da saúde afirma que o acompanhamento do desenvolvimento auditivo e de linguagem das crianças com indicadores de risco se faz necessário, pois busca observar os principais marcos do desenvolvimento da criança para detectar e encaminhá-las precocemente, caso necessário, para um atendimento especializado. Objetivo: descrever o caso de uma paciente portadora de hidrocefalia pós-hemorrágica grau III e seu desenvolvimento da audição e da linguagem. Métodos: Trata-se de um estudo do tipo prospectivo, do tipo transversal e observacional aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos sob parecer nº6.071.305. As informações contidas neste trabalho foram obtidas por meio de revisão do prontuário, registro fotográfico dos métodos diagnósticos, aos quais o paciente foi submetido e revisão da literatura. Resultados: Paciente M.H.C.C, sexo feminino, quatro meses de idade cronológica e zero meses de idade corrigida, nasceu de 24 semanas, muito baixo peso, pequena pra idade gestacional, permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva por três meses e fez uso de aminoglicosídeos (gentamicina) por um período superior há seis dias. A paciente teve hipóxia perinatal, apresentou hidrocefalia pós-hemorrágica grau III, uma vez que ela teve hemorragia intracraniana de grau III com moderada dilatação dos ventrículos laterais e afilamento do corpo caloso. A mãe da bebê fez uso de álcool durante o período gestacional. Ainda na maternidade, a paciente realizou as emissões otoacústicas evocadas transientes, com resultado de “passa” bilateralmente. A paciente foi encaminhada para o serviço de monitoramento auditivo de uma clínica-escola de Recife. Lá foi realizado novamente as emissões otoacústicas evocadas transientes, a avaliação instrumental, o potencial evocado auditivo de tronco encefálico, o Instrumento de rastreio da comunicação de crianças de 0 a 36 meses e avaliação da aquisição e desenvolvimento da linguagem oral. Como resultados, a paciente apresentou resultado de “passa” bilateralmente nas emissões otoacústicas evocadas transientes, presença de reflexo cócleo-palpebral. No Potencial evocado auditivo de tronco encefálico, a paciente apresentou limiares eletrofisiológicos em 40 dBNAn bilateralmente e aumento dos intervalos interpicos I/V, o que é esperado para a faixa etária de quatro meses. A primeira avaliação instrumental foi realizada com quatro meses, onde a paciente apresentou respostas reflexas e de atenção ao som, adequadas para o desenvolvimento auditivo para a faixa etária. Já com sete meses, na segunda avaliação instrumental, ela apresentou localização direta da fonte sonora nos planos laterais de maneira assistemática e atenção ao som percutido acima e abaixo, estando imcompatíveis desenvolvimento auditivo para a faixa etária. Por fim, em relação ao Instrumento de rastreio da comunicação de crianças de 0 a 36 meses, a paciente apresentou alteração no desenvolvimento da comunicação para a idade cronológica e atenção para a idade corrigida. Na avaliação fonoaudiológica, a paciente reagiu aos sons do dia a dia, demonstrou interesse por brinquedos coloridos, fez contato visual, sorriu, demonstrou atenção, vocalizou um som (bububu) onde a responsável relatou que tudo a paciente vocaliza o mesmo som e se nina (aaaa) quando quer dormir. A fonoaudióloga realizou orientações para estimulação da criança em relação ao desenvolvimento da linguagem e da audição e retorno em três meses. Discussão: A hidrocefalia é o acúmulo de líquido cefalorraquidiano no cérebro, podendo afetar diversas áreas cerebrais. As consequências variam de acordo com a localização específica desse acúmulo e a extensão do dano causado pelo aumento da pressão. Portanto, isso pode influenciar o funcionamento das áreas como: linguagem (córtex pré-frontal, área de Broca), aprendizagem (área temporal) e controle motor (área frontal). Essa condição pode explicar as análises da avaliação instrumental, como a demonstração de interesse por sons e a dificuldade na busca pela fonte sonora, indicando possíveis desafios motores de lateralização. Outro aspecto que pode afetar a orientação auditiva são os ruídos do ambiente hospitalar, uma vez que essas crianças podem permanecer por um tempo prolongado em Unidades de Terapia Intensiva. Já na avaliação da linguagem, atrasos podem ser atribuídos às sequelas da hidrocefalia, afetando o desenvolvimento neurobiológico, possivelmente agravado pela falta de estímulos familiares. A causa da hidrocefalia da paciente M.H.C.C foi consequência de uma hemorragia grau III, sendos os graus 3 e 4 são os mais graves e que podem resultar em danos cerebrais crônicos, trazendo como consequência dificuldades na aprendizagem, na audição, distúrbios mentais, alteração no desenvolvimento da linguagem e entre outros impactos. Dessa forma, a paciente pode sim sofrer impactos e dificuldades em sua linguagem, como abordado anteriormente, o que pode justificar a ausência de vocalizações encontradas durante a aplicabilidade do Instrumento de rastreio da comunicação de crianças de 0 a 36 meses. Além disso, outro ponto importante são os indicadores de risco para a deficiência auditiva. Eles desempenham um papel crucial para detectar precocemente alterações na audição e desenvolvimento global nos primeiros meses de vida. Existe uma hipótese que sugere que tais indicadores podem revelar sinais iniciais de alterações na linguagem, especialmente em crianças com a presença desses indicadores. A intervenção precoce nestes casos é essencial para otimizar o desenvolvimento linguístico e global da criança. Portanto, é fundamental que neonatos e lactentes com indicadores de risco para a deficiência auditiva realizem o monitoramento auditivo, visando reduzir agravos à saúde e promover a adequada aquisição e desenvolvimento de linguagem. Por fim, a prática clínica atual leva em consideração as alterações auditivas que a pressão intracraniana aumentada pode causar. Considerando que essa perda auditiva pode variar de moderada a grave, e a prevalência de perda auditiva é alta, este sinal clínico importante e simples pode ser sub-reconhecido e sub-utilizado. Sendo assim, torna-se necessária a realização de investigações mais frequentes, incluindo testes audiológicos periódicos em pacientes com suspeita de pressão intracraniana aumentada, e consequentemente, em pacientes com hidrocefalia. Conclusão: A hidrocefalia pós-hemorrágica grau III pode causar atrasos no desenvolvimento auditivo e de linguagem.
Título do Evento
SIMFONO - 2º Simpósio de Fonoaudiologia da USM
Cidade do Evento
Recife
Título dos Anais do Evento
1º Simpósio de Fonoaudiologia da UniSãoMiguel
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BEZERRA, Maria Vitória et al.. DESENVOLVIMENTO DA AUDIÇÃO E LINGUAGEM NUM CASO DE HIDROCEFALIA PÓS HEMORRÁGICA.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/simfono-1-simposio-de-fonoaudiologia-da-usm-407876/779149-DESENVOLVIMENTO-DA-AUDICAO-E-LINGUAGEM-NUM-CASO-DE-HIDROCEFALIA-POS-HEMORRAGICA. Acesso em: 06/06/2025

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