A CRÍTICA À COLONIALIDADE NO POEMA “A ÁRVORE AMERICANA”, DE TRAJANO GALVÃO

Publicado em 23/09/2022 - ISSN: 1984-7610

Título do Trabalho
A CRÍTICA À COLONIALIDADE NO POEMA “A ÁRVORE AMERICANA”, DE TRAJANO GALVÃO
Autores
  • Ana Beatriz Moraes de Oliveira Paula
Modalidade
Resumo
Área temática
GT 04 – Abordagens decoloniais nas literaturas das Américas e da África
Data de Publicação
23/09/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/selluftm/488160-a-critica-a-colonialidade-no-poema-a-arvore-americana-de-trajano-galvao
ISSN
1984-7610
Palavras-Chave
Trajano Galvão, Literatura Maranhense, Crítica Pós-colonial.
Resumo
Trajano Galvão de Carvalho (1830-1864) foi um poeta maranhense inserido no contexto do Romantismo no Brasil, em pleno século XIX, quando o País passou por importantes marcos históricos, como o processo de Independência política e a abolição – gradativa – da escravatura. É salutar destacar que a Literatura Maranhense é oficialmente inaugurada em 1832, após a Independência do Brasil. Nas palavras de Moraes (1977), “somente a partir desse período o Maranhão passa a ter sua literatura e São Luís, conseqüentemente, inicia uma vida literária considerável. Já agora não são europeus, escrevendo memórias e observações sobre a terra e sua gente, mas poetas e prosadores maranhenses produzindo uma literatura que logo se fará digna da admiração nacional pela cultura e talento dos que a produzem.” (MORAES, 1977, p. 89). Ressaltamos, assim, nas esteiras de Bonnici (1998), que a Literatura Maranhense é pós-colonial, considerando o conceito de que “toda a produção literária dos povos colonizados pelas potências européias entre o século XV e XX” consiste em literatura pós-colonial (BONNICI, 1998, p. 9). Esta comunicação oral, então, tem como objetivo observar a perspectiva da crítica à colonialidade no poema “A árvore americana” (1852), contido na obra Sertanejas (1898), do maranhense Trajano Galvão, cujos versos apresentam uma linguagem bucólica, de exaltação à natureza e ao campo, denotando admiração pelo País e pela terra, mas sem deixar de imprimir um juízo acerca do contexto social. A voz poética em “A árvore americana” pinta a imagem de uma árvore frondosa e imponente que fora abatida pelos colonos, numa analogia com o Brasil e os indígenas, ambos devastados pelos colonizadores. Diz o eu-lírico: “E a planta crescia; – referve-lhe a seiva, / Qual sangue nas veias do jovem tupi; / E diz o colono: – “teus frutos e sombra / Não são mais das tribos – são só para mi.” (CARVALHO, 1898, p. 32). Utilizando estrofes e versos que se repetem, como num canto melodioso, o poema reforça a representação da pátria que nascera para ser grandiosa, mas que foi invadida, explorada, destruída. Apesar disso, o eu-lírico resgata, ainda, a visão patriótica heroica de reação ante os colonizadores. O percurso de análise poética orientado por Moisés (2008) conduz à percepção das metáforas presentes no poema. Encontramos, então, o próprio Brasil representado como a árvore americana, cuja história é contada em versos de linguagem bucólica, com momentos de apelo heroico e também com traços de denúncia social. Os colonizadores são metaforizados no poema como guerreiros vestidos de aço, que pousaram à raiz da árvore depois de encontrá-la chegando em uma esquadra feliz. Ao longo do poema, a face exploradora do colono é demonstrada, com a metaforização de tribos dizimadas, africanos “enxertados” no tronco da árvore e a quase destruição da árvore americana. O colonizador é, então, representado também pela metáfora de uma serpente raivosa que inocula veneno em suas presas. Por outro lado, a voz poética enuncia a reação dos “filhos nascidos à sombra das ramas” dessa árvore, numa alusão aos movimentos em prol do rompimento da relação política entre metrópole e colônia. Note-se que o poema A árvore americana data de 1852, trinta anos após a Independência do Brasil. A imagem, no poema, do “sangue de peitos briosos”, portanto, evoca a memória dos muitos brasileiros envolvidos nas revoltas e insurreições ocorridas no Brasil colonial, do fim do século XVIII a meados do século XIX. Pretende-se, então, observar as metáforas empregadas em “A árvore americana” (1852) na crítica ao processo de colonização do Brasil e – por que não expandir o escopo do poema? – das Américas.
Título do Evento
VIII SELL - Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários
Título dos Anais do Evento
Programação e Resumos do Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

PAULA, Ana Beatriz Moraes de Oliveira. A CRÍTICA À COLONIALIDADE NO POEMA “A ÁRVORE AMERICANA”, DE TRAJANO GALVÃO.. In: Programação e Resumos do Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários. Anais...Uberaba(MG) UFTM, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/selluftm/488160-A-CRITICA-A-COLONIALIDADE-NO-POEMA-A-ARVORE-AMERICANA-DE-TRAJANO-GALVAO. Acesso em: 21/06/2025

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