MEMÓRIA COMO ESTÍMULO PARA RESISTÊNCIA EM O CONTO DA AIA, DE MARGARET ATWOOD (1985), E VOX, DE CHRISTINA DALCHER (2018)

Publicado em 23/09/2022 - ISSN: 1984-7610

Título do Trabalho
MEMÓRIA COMO ESTÍMULO PARA RESISTÊNCIA EM O CONTO DA AIA, DE MARGARET ATWOOD (1985), E VOX, DE CHRISTINA DALCHER (2018)
Autores
  • Carolina Moreira Gomes Palhares Silva
  • NATALIA FONTES DE OLIVEIRA
Modalidade
Resumo
Área temática
GT 07 – A cultura da violência contra mulheres entre linguagem, experiência e ficção
Data de Publicação
23/09/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/selluftm/487856-memoria-como-estimulo-para-resistencia-em-o-conto-da-aia-de-margaret-atwood--(1985)-e-vox-de-christina-dalcher
ISSN
1984-7610
Palavras-Chave
Autoria feminina, Literatura de expressão inglesa, Resistência, Memória, O conto da aia, Vox
Resumo
Abordaremos a memória enquanto fonte de resistência às violências impostas às personagens femininas de O conto da aia, de Margaret Atwood (1985), e Vox, de Christina Dalcher (2018). Traçaremos uma breve exposição de momentos em que a memória se torna força em épocas nas quais regimes totalitários tentam ao máximo apagá-la. O marco teórico-metodológico da análise é a crítica literária feminista.  A memória é construída socialmente e depende de uma perspectiva ideológica ou sociocultural. Assim como a cultura, é também dinâmica e está em constante transformação (SANTOS, 2012). Lembrar do passado é conhecer o presente e, não à toa, é comum que regimes totalitários tentem apagar a memória: um povo sem memória é mais facilmente convencido, controlado e destruído (GAGNEBIN, 2006). Nas narrativas distópicas, textos que apresentam espaços e tempos em que direitos são diminuídos e a população é controlada, memória e história são também manipuladas (MOYLAN, 2000). A partir da reescrita da história e da limitação da expressão, as personagens não são mais capazes de garantir que memórias são suas ou se foram provocadas pelo discurso ideológico vigente. Confusas, sem saber o que é real, se tornam impotentes. Com a memória, é possível entender o que aconteceu e vislumbrar um futuro utópico. A memória tem papel fundamental em O conto da aia e em Vox. Juntamente com a linguagem, é reprimida pelo Estado e acionada em momentos de fraqueza e de coragem. Escritas com mais de três décadas de diferença, as obras tratam de tempos em que os direitos básicos, principalmente das mulheres, são cerceados. Nelas está presente uma das características principais das distopias críticas: a atenção para a rapidez com que direitos são extintos. A memória, nos dois romances, é ferramenta narrativa essencial, tanto para nos apresentar o antigo e o novo mundo, quanto para evidenciar sentimentos de saudade, culpa, arrependimento, esperança e resistência. O conto da aia traz a perspectiva de Offred, uma aia que vive em Gilead, antigos Estados Unidos, regido por um Estado teocrático e totalitário que dividiu a sociedade em castas. Com a infertilidade humana, muitas famílias passaram a não conseguir ter filhos biológicos. Para resolver o problema, mulheres férteis e desvirtuadas, como as adúlteras, divorciadas, lésbicas e prostitutas, foram obrigadas a ter seus corpos explorados para dar filhos aos comandantes. As aias concebem em rituais forçados chamados cerimônias e são obrigadas a engravidar, ou sofrem consequências. Em Vox, que se passa também nos Estados Unidos, o governo autoritário e religioso interfere gradualmente nas escolas, nos trabalhos e nos direitos. As mulheres perdem seus espaços públicos, são submetidas ao cuidado do lar e da família e proibidas de falar mais do que cem palavras diárias. Passando desse número, contadores de pulso emitem choques elétricos e aumentam a intensidade a cada palavra. A obra gira em torno de Jean, uma neurolinguista que, antes, estudava a afasia, distúrbio relacionado à compreensão ou expressão de linguagem. O tempo todo, nas duas obras, as narradoras-personagens mesclam presente e passado, configurado pela memória. Elas se queixam de não terem previsto o que estava adiante, mesmo com suas amigas chamando atenção o tempo todo para a situação. Essas amigas são parte fundamental das memórias de Offred e Jean, estando constantemente em suas lembranças, num misto de saudade, preocupação e culpa.
Título do Evento
VIII SELL - Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários
Título dos Anais do Evento
Programação e Resumos do Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Carolina Moreira Gomes Palhares; OLIVEIRA, NATALIA FONTES DE. MEMÓRIA COMO ESTÍMULO PARA RESISTÊNCIA EM O CONTO DA AIA, DE MARGARET ATWOOD (1985), E VOX, DE CHRISTINA DALCHER (2018).. In: Programação e Resumos do Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários. Anais...Uberaba(MG) UFTM, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/selluftm/487856-MEMORIA-COMO-ESTIMULO-PARA-RESISTENCIA-EM-O-CONTO-DA-AIA-DE-MARGARET-ATWOOD--(1985)-E-VOX-DE-CHRISTINA-DALCHER. Acesso em: 10/05/2025

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