A MENSAGEM INESCRITÍVEL DE CLARICE LISPECTOR

Publicado em 23/09/2022 - ISSN: 1984-7610

Título do Trabalho
A MENSAGEM INESCRITÍVEL DE CLARICE LISPECTOR
Autores
  • Ana Maria Vasconcelos Martins de Castro
Modalidade
Resumo
Área temática
Comunicações Avulsas
Data de Publicação
23/09/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/selluftm/487833-a-mensagem-inescritivel-de-clarice-lispector
ISSN
1984-7610
Palavras-Chave
Água viva. Gesto. Gagueira. Linguagem
Resumo
O crítico Eduardo Viveiros de Castro, em seu estudo “Rosa e Clarice, a fera e o fora” (2018), aponta que, ressecando o próprio código, a linguagem clariceana se desgasta “de modo a transmitir uma mensagem inescritível”. O adjetivo "inescritível", com o qual Viveiros de Castro caracteriza a escrita clariceana, significa tanto aquilo que é "difícil ou impossível de ser descrito por ser extremamente fora do comum ou altamente complexo" quanto algo "digno de grande admiração ou espanto; espantoso, extraordinário, pasmoso". Essa escrita em enigma, altamente complexa e igualmente espantosa, é percebida já na ocasião da publicação do primeiro romance de Clarice Lispector, Perto do coração selvagem (1943), quando Antonio Candido afirmou que se tratava de uma “tentativa impressionante para levar a nossa língua canhestra a domínios pouco explorados”. Assim, este trabalho pretende abordar como o esgarçamento da linguagem, força motriz de sua obra, torna-se o modo clariceano de “inexprimir o exprimível” – para citar a epígrafe barthesiana sobre a tarefa do escritor, tão bem escolhida por Olga de Sá (1993) para abrir seu estudo sobre a autora. Partindo das noções de gagueira como procedimento literário (Deleuze) e gesto como isso que toma o lugar de um intervalo suprimido, uma possibilidade que a fratura assume, não de recompor-se em inteireza, mas de apresentar-se enquanto tal, tornando visível uma medialidade impossível (Agamben), percorreremos o esgarçamento da linguagem próprio da escrita de Clarice Lispector em direção a um estranhamento radical. É através dessas fissuras do texto que Clarice questiona como passar para o leitor, por meio da linguagem, aquilo que não é nomeável (o it de Água viva, por exemplo). No inquietante “Como se chama?”, texto da seção “Fundo de gaveta” de A legião estrangeira (1964), lemos: “o único modo de chamar é perguntar: como se chama? Até hoje só consegui nomear com a própria pergunta. Qual é o nome? E este é o nome”. Onipresente na obra clariceana, o esgarçamento da linguagem será aqui pensado como gesto dessa escrita gaguejante – um modo mesmo de mostrar, face à ruína da tarefa de dizer, aquilo que a falibilidade do nome não alcança.
Título do Evento
VIII SELL - Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários
Título dos Anais do Evento
Programação e Resumos do Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CASTRO, Ana Maria Vasconcelos Martins de. A MENSAGEM INESCRITÍVEL DE CLARICE LISPECTOR.. In: Programação e Resumos do Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários. Anais...Uberaba(MG) UFTM, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/selluftm/487833-A-MENSAGEM-INESCRITIVEL-DE-CLARICE-LISPECTOR. Acesso em: 28/06/2025

Trabalho

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