DO PAPEL DO FEMININO NA NARRATIVA DA VIOLÊNCIA E DO TRAUMA NA LITERATURA INDIGENISTA DO SÉCULO XX: UM ESTUDO DO AVATAR DE INFORMANTE NATIVO NA OBRA BOLIVIANA RAZA DE BRONCE

Publicado em 23/09/2022 - ISSN: 1984-7610

Título do Trabalho
DO PAPEL DO FEMININO NA NARRATIVA DA VIOLÊNCIA E DO TRAUMA NA LITERATURA INDIGENISTA DO SÉCULO XX: UM ESTUDO DO AVATAR DE INFORMANTE NATIVO NA OBRA BOLIVIANA RAZA DE BRONCE
Autores
  • Paulo Rodrigo Pereira da Silva
Modalidade
Resumo
Área temática
GT 04 – Abordagens decoloniais nas literaturas das Américas e da África
Data de Publicação
23/09/2022
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/selluftm/487317-do-papel-do-feminino-na-narrativa-da-violencia-e-do-trauma-na-literatura-indigenista-do-seculo-xx--um-estudo-do-a
ISSN
1984-7610
Palavras-Chave
Literatura, Feminino, Avatar de informante nativo, Representação do trauma e da violência.
Resumo
O termo informante nativo é utilizado por Spivak (2010) para identificar o sujeito híbrido emergente, que se constitui como sendo um mestiço entre o metropolitano e o autóctone, que se configura na auto-representação cultural e é caracterizado como um ser subalterno desprovido de vontade e/ou autonomia que funciona como aquele que confere normatividade à narrativa dos modos de produção. Na literatura, este informante nativo está configurado como um avatar que atua na representação do ser humano e das condições sociais a que este está assujeitado no âmbito estético em uma perspectiva colonial. Desta forma, ao utilizar da prosa literária, este avatar de informante nativo assume duas abordagens sendo o primeiro representado pelo informante nativo evidente, geralmente retratado sob o ponto de vista masculino de alguém que é explorado pelos agentes do imperialismo estando, porém evidentes no texto as classes a que este sujeito explorado pertence como grupo demo minorias sociais a exemplo dos povos indígenas, os mestiços não-crioulos, os negros, entre outros. Ainda há a figura do informante nativo excluído que nos dias atuais é representado como sendo a “mulher pobre do Sul Global” (SPIVAK, 2010), com ênfase neste trabalho a figura indígena feminina da literatura indigenista na América Latina. Na obra boliviana Raza de Bronce do escritor Alcídes Arguedas, a figura da personagem Wuata-Wuara atua como informante nativo que relata as condições de exploração e subalternidade a que os índios bolivianos aymarás estiveram submetidos, sendo esta personagem o avatar que descreve as questões de poder, identidades e relações históricas da colonialidade centradas na distribuição geocultural do capitalismo mundial (QUIJANO, 2000) que, na mesorregião supracitada, esteve direcionado ao controle do trabalho, da natureza e seus produtos, fator este que demonstra o processo de expropriação das terras indígenas em detrimento da manutenção dos privilégios das classes oligárquicas; do domínio social imposto pelo controle do sexo, seus produtos e da própria reprodução da espécie, demonstrando que muitos dos grupos sociais mestiços mantinham como política a colonialidade do poder além da imposição da autoridade e seus instrumentos de coerção para garantir a reprodução do modelo colonial mantido pelos grupos crioulos que responsáveis pelo controle social, político e militar nos diferentes projetos de Estado-Nação latino-americanos que mantinham os povos indígenas na condição de subalternos, explorados e marginalizados. Desta forma, a personagem Wuata-Wuara atua como informante dos aspectos de opressão dos povos indígenas no contexto latino-americano elevando a prosa literária indigenista do início do século XX a condição testemunhal de narrativa de violência e trauma coletivos, através de um discurso que atua como um sistema que estrutura determinado imaginário social a partir do poder e controle (RIBEIRO, 2012) impostos por grupos oligárquicos crioulos. Desta forma e mediante as concepções de Djamila Ribeiro (2012), o indigenismo integra ao mesmo tempo um espaço de fala híbrido constituído pela visão de alguém que não é natural daquele local de fala, mas buscar falar em nome daquele grupo que, devido ao contexto social e cultural a que os indígenas na América Latina fazendo uso da literatura através de seus avatares de informante nativo, como assim o faz Árguedas (2001) na referida obra ao utilizar da literatura como local híbrido de fala para relatar as condições geradas pelo colonialismo eurocêntrico e dos males que se interseccionam a este modelo e que se constroem como discursos de silenciamento através da violência e terror sofridos pelos colonizados pelo sistema capitalista patriarcal, branco, cristão e masculino.
Título do Evento
VIII SELL - Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários
Título dos Anais do Evento
Programação e Resumos do Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, Paulo Rodrigo Pereira da. DO PAPEL DO FEMININO NA NARRATIVA DA VIOLÊNCIA E DO TRAUMA NA LITERATURA INDIGENISTA DO SÉCULO XX: UM ESTUDO DO AVATAR DE INFORMANTE NATIVO NA OBRA BOLIVIANA RAZA DE BRONCE.. In: Programação e Resumos do Simpósio Internacional de Estudos Linguísticos e Literários. Anais...Uberaba(MG) UFTM, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/selluftm/487317-DO-PAPEL-DO-FEMININO-NA-NARRATIVA-DA-VIOLENCIA-E-DO-TRAUMA-NA-LITERATURA-INDIGENISTA-DO-SECULO-XX--UM-ESTUDO-DO-A. Acesso em: 25/07/2025

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