CORPOS INEXISTENTES: A SAÚDE TRANS NA EDUCAÇÃO MÉDICA

Publicado em - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
CORPOS INEXISTENTES: A SAÚDE TRANS NA EDUCAÇÃO MÉDICA
Autores
  • Maria Regina Bortolini de Castro
  • Gabriella Flores de Oliveira Silva
  • Gabriel Leal Dantas Ferraz Bezerra
  • Maria Julia do Nascimento Cordeiro da Cunha
  • Nathália Silveira Soares
  • Paula Machado Denizot
Modalidade
Pesquisa Científicas
Área temática
EDUCAÇÃO E INCLUSÃO
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2023/716992-corpos-inexistentes--a-saude-trans-na-educacao-medica
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Educação Médica, Currículo, Saúde LGBT, Saúde de Pessoas Trans
Resumo
A constituição federal de 1988 define, em seu primeiro artigo, a cidadania como um fundamento do Estado Democrático de Direito. A cidadania plena, no entanto, só é possível de ser alcançada a partir da aplicabilidade dos direitos sociais, entre eles, a saúde. Processos de discriminação e estigmatização social sobre Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais, Queers, Intersexuais e Assexuais (LGBTQIA+ impõe a essa população um estado de subcidadania. Não raro, especialmente travestis e transexuais tem seu direito à saúde comprometido por não terem sua identidade de gênero e orientação sexual respeitada, serem alvos de análises patologizantes, terem seu nome social negado ou serem imediatamente associados a estigmas, como prostituição e infecções sexualmente transmissíveis (RIGOLON, CARLOS, OLIVEIRA, SALIM; 2020). A ausência de um ensino específico a respeito da saúde da população transexual/transgênera configura um elemento basilar da perpetuação das inequidades de saúde em relação a esses indivíduos, uma vez que impede que médicos desenvolvam, ainda durante o período de formação, competências adequadas para atender às necessidades de saúde dessa população (RAIMONDI, HERCOWITZ, CIASCA & JUNIOR, 2021). Esta investigação buscou analisar os currículos das universidades públicas que compõem a região do sudeste brasileiro em relação ao ensino de temáticas voltadas à saúde da população trans. Para isso foi utilizada uma metodologia quanti-qualitativa, com análise documental. Na primeira etapa foi feita a identificação das instituições, seleção e definição do escopo do estudo. Foram analisadas matrizes/grades curriculares dos cursos de medicina disponibilizados no site das universidades, através do portal e-mec (emec.mec.gov.br) pertencente ao Ministério da Educação (MEC), para o período de julho de 2021 e julho de 2022. A segunda etapa envolveu o levantamento das disciplinas e extração das ementas. Para busca das unidades curriculares inicialmente foram utilizados os termos “LGBT” (e suas versões mais inclusivas), “Trans” (ou termos afins, como transexualidade) “Sexualidade” “Gênero” “Sexo” ou “Minorias”. Após a definição das disciplinas que constituiriam a base do estudo, foi feita análise da ementa curricular de cada unidade. Buscou-se verificar como os conteúdos eram abordados, classificando-os entre “biologizantes”, cuja abordagem biomédica centra-se especialmente em doenças e seus tratamentos, e “humanísticos”, que abordam conteúdos relacionados aspectos psicossociais da saúde trans, sobre direitos, diversidade e políticas públicas relacionadas à temática. Dentre as 18 instituições federais, foram catalogadas um total 842 unidades curriculares, que corresponde à soma das unidades curriculares obrigatórias e as optativas disponíveis que possuem, em seu nome, os termos “LGBT” (e suas versões mais inclusivas), “Trans” “Sexualidade” “Gênero” “Sexo” ou “Minorias”. Apenas 5 dentre as 18 universidades federais disponibilizavam alguma unidade relacionada à temática, totalizando 9 unidades curriculares com esses termos foram encontradas, sendo que nenhuma delas é de caráter obrigatório, todas eram de caráter eletivo ou optativo, e apenas uma é voltada especificamente para a população LGBTQIA+. Há muitas possibilidades em relação ao estudo da população trans, suas especificidades e demandas em saúde. Algumas possibilidades são abordadas por Raimondi, Hercowitz, Ciasca, (2021) no livro “Saúde LGBTQIA+: práticas de cuidado transdisciplinar”. No entanto, a abordagem mais recorrente é a que trata dos processos de hormonização, cirurgia de redesignação de gênero e ISTs, numa leitura reducionista da saúde trans, longe do princípio da integralidade preconizado no SUS, que considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades, ou mesmo dos plenos direitos sexuais e reprodutivos como preconiza a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Conclui-se que mais uma vez fica evidente importância do enfrentamento a esse cenário de formação, considerando as consequências do negligenciamento da saúde trans na formação médica para a assistência adequada à saúde dessa população específica. É urgente reconhecer a diversidade de existências, valorando uma formação humanística que ultrapasse os limites da abordagem biomédica e contribua para a formação de profissionais mais sensíveis e competentes para os cuidados de pessoas trans.
Título do Evento
XXIX Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

CASTRO, Maria Regina Bortolini de et al.. CORPOS INEXISTENTES: A SAÚDE TRANS NA EDUCAÇÃO MÉDICA.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2023/716992-CORPOS-INEXISTENTES--A-SAUDE-TRANS-NA-EDUCACAO-MEDICA. Acesso em: 19/05/2025

Trabalho

Even3 Publicacoes