O ELOGIO DO DESEQUILÍBRIO: A AMPLIFICAÇÃO DA DISSONÂNCIA COGNITIVA COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA PARA O TRATAMENTO DA OBESIDADE

Publicado em - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
O ELOGIO DO DESEQUILÍBRIO: A AMPLIFICAÇÃO DA DISSONÂNCIA COGNITIVA COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA PARA O TRATAMENTO DA OBESIDADE
Autores
  • Daniel Beppler Meirelles
Modalidade
Revisão de Literatura
Área temática
SAÚDE E BEM-ESTAR
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2023/714551-o-elogio-do-desequilibrio--a-amplificacao-da-dissonancia-cognitiva-como-estrategia-terapeutica-para-o-tratamento-
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Dissonância cognitiva, obesidade, determinantes da obesidade
Resumo
A obesidade é uma doença crônica não transmissível, com taxas de prevalência em crescimento junto à população, associada a diversas outras doenças crônicas que afetam um número alarmante de pessoas ao redor do mundo. Definida como aumento da gordura corporal que compromete o bem-estar físico, psicológico e/ou social do indivíduo (BASDEVANT, 2004), a obesidade apresenta tanto causas externas, como socioculturais e ambientais, quanto internas, como psicológicas e biológicas. Sem desconsiderar a necessidade imperiosa de adotar uma abordagem pluridisciplinar para o tratamento mais eficaz do problema da obesidade, será focalizada nesse trabalho apenas a dimensão psicológica da doença, mais precisamente os aspectos atitudinais e comportamentais objeto do tratamento psicoterápico. A aplicabilidade da Teoria da Dissonância Cognitiva de Festinger (1975) a um contexto de combate à obesidade foi analisada, propondo novos possíveis métodos de intervenção que tomam como base seus conceitos. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é sugerir novas dinâmicas terapêuticas, por meio das quais, ao invés de se primar pela implementação imediata de um processo que visa a redução dos desconfortos vividos pelo paciente – o que supõe o tratamento convencional – ousa-se, em algumas circunstâncias, ampliá-los, transformando-os em potenciais ferramentas de auxílio no combate à questão geradora de tais sofrimentos para, posteriormente, gerenciar a redução da dissonância pela adaptação de comportamentos alvo. Conviria destacar que não se propõe aqui questionar os pressupostos da teoria, mas, inversamente, enaltecê-los, empregando-os, em casos específicos, de modo não exatamente usual, em prol do alcance de maior eficácia no tratamento psicoterápico. Para tanto, em termos metodológicos, procedeu-se, ainda na etapa exploratória da pesquisa, uma imersão no contexto em que a obesidade emerge e se mantém, como forma de identificar os determinantes sobre os quais o campo da psicologia tem poder de atuação. As palavras-chave utilizadas para a pesquisa nas bases "Google Scholar" e "Google" sobre o contexto da obesidade foram: obesidade e determinantes da obesidade. As demais referências foram tiradas de bibliografias utilizadas por programas curriculares do curso de psicologia do qual o autor deste trabalho foi aluno. A literatura acessada apontava o contexto multidisciplinar do qual a psicologia é integrante. Isso se deve aos determinantes psicológicos e biopsicológicos que exercem influência em processos cognitivos que estão na base dos comportamentos relacionados ao controle de aporte calórico e gasto energético dos indivíduos. Numa segunda etapa, foi feito um estudo sistemático e aprofundado da obra seminal em que Festinger (1975) enuncia sua Teoria da Dissonância Cognitiva. Almejava-se, com isso, entender os mecanismos e dinâmicas por ela definidos e desenvolver uma possibilidade de aplicação clínica nos moldes aqui propostos. A título de discutir criticamente as construções teóricas aqui lançadas, conviria destacar que essa teoria concentra seus preceitos em situações em que o indivíduo se depara com fatores cognitivos contraditórios, incômodos, que habitam sua psique, ocasião em que tentará agir de modo a diminuir ou eliminar essa incoerência e, por extensão, o sofrimento causado pelas tensões provocadas por tal desequilíbrio interior. Com efeito, de acordo com a Teoria da Dissonância Cognitiva, quando uma pessoa tem um comportamento que não está de acordo com suas cognições, ela sentirá uma tensão desconfortável chamada “dissonância”. É esse estado negativo que, segundo Vallerand, nos leva a uma mudança de comportamento (2006, p. 265). Segundo Festinger, as cognições têm importâncias diferentes, que ele chama de magnitudes: quão maior a magnitude de uma cognição (ou conjunto de cognições consoantes), maior tensão pode ser gerada. Ele salienta, por outro lado, que um indivíduo pode recorrer a outras soluções para reduzir essa tensão, tais como a mudança temporária de uma das cognições dissonantes ou o foco em boas razões para continuar com o comportamento dissonante. Posto isso, num contexto de combate à obesidade, sugere-se a adoção de uma estratégia terapêutica inovadora: identificar os elementos dos dois conjuntos discrepantes de cognições responsáveis pela dissonância; aferir a relevância das suas relações na configuração dessas dissonâncias; ponderar as proporções dessas relações tomando como base suas magnitudes; e, por fim, definir e implementar uma estratégia de aumento da quantidade de cognições dissonantes dos comportamentos que se deseja, tornando favorável a proporção de cognições consonantes com novos comportamentos que se deseja adquirir. Esse processo teria como resultado, a mudança de comportamentos envolvidos no aporte calórico e gasto energético, resultante da necessidade de reduzir a dissonância cognitiva propositalmente aumentada, estimulando o indivíduo a assumir o protagonismo na luta pela redução de peso, e, em consequência, pela melhoria de sua qualidade de vida, objetivo maior do tratamento psicoterápico. Pelo exposto, pode-se concluir que a teoria aqui trazida constitui uma ferramenta de elevado potencial para promover a adoção de novos comportamentos alimentares e/ou de gastos energéticos em indivíduos com sobrepeso ou obesidade. A amplificação da dissonância cognitiva em situações controladas pode fornecer novos prismas de autoconhecimento para o indivíduo que tornam possível a transformação de informações abstratas, fontes de descréditos, desânimo, impotência e desesperança, em perspectivas concretas da realidade vivida, permitindo assim o uso da criatividade para a elaboração de planos de ação realistas de acordo com suas capacidades e limitações, físicas, psicológicas, biológicas e socioculturais.
Título do Evento
XXIX Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MEIRELLES, Daniel Beppler. O ELOGIO DO DESEQUILÍBRIO: A AMPLIFICAÇÃO DA DISSONÂNCIA COGNITIVA COMO ESTRATÉGIA TERAPÊUTICA PARA O TRATAMENTO DA OBESIDADE.. In: . Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2023/714551-O-ELOGIO-DO-DESEQUILIBRIO--A-AMPLIFICACAO-DA-DISSONANCIA-COGNITIVA-COMO-ESTRATEGIA-TERAPEUTICA-PARA-O-TRATAMENTO-. Acesso em: 24/05/2025

Trabalho

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