RELATO DE CASO: ENCEFALITE AUTO IMUNE ANTI - RNMDA

Publicado em 06/04/2023 - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
RELATO DE CASO: ENCEFALITE AUTO IMUNE ANTI - RNMDA
Autores
  • Débora Machado
  • LUIS EDUARDO SANTOS FONTES
  • MARIANA MEDEIROS AGUIAR
  • Alice Annie Dos Santos Firme
Modalidade
Relatos de Caso
Área temática
Medicina
Data de Publicação
06/04/2023
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2022/547468-relato-de-caso--encefalite-auto-imune-anti---rnmda
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Encefalite auto imune anti recpetor NMDA, receptores de glutamato, tumores, sintomas neuropsiquiátricos
Resumo
INTRODUÇÃO: A Encefalite autoimune anti-receptor N-metil-D-aspartato (rNMDA), atualmente, é considerada uma das causas mais comuns de encefalite, e é responsável por mais de 1% das internações de adultos jovens em ambientes de terapia intensiva, e em cerca de 70% dos doentes o curso clínico é precedido por pródromos não específicos, como cefaléia, febre, ou sintomas de infecções de vias aéreas superiores. Sobre a patogênse desse subtipo de EAI, ocorre a produção de autoanticorpos IgG, no soro ou líquor, contra a subunidade NR1 do receptor NMDA, que é o principal receptor glutamatérgico e apresenta mediação importante de funções como cognição, memória e plasticidade neuronal. Sua inibição, ou destruição, está relacionada com o declinio dessas funções congitivas e neurológicas, como observado nos quadros de EAI antiNMDA, entre outros sintomas. RELATO DE CASO: Paciente, 17 anos, masculino, sem comorbidades prévias, usuário esporádico de maconha, com relato de vacinação contra COVID-19 com 1 dose (Astrazeneca) e apos 3 semanas iniciou quadro gripal com odinofagia e febre, sendo realizada antibioticoterapia ambulatorial, evoluindo com episódios de ausência, déficit de memória recente e crises convulsivas tônico-clônicas, sendo levado por familiares à UPA, onde apresentou rebaixamento de nível de consciência e foi realizada intubação orotraqueal (IOT) e Tomografia Computadorizada (TC) de Crânio sem alterações. Paciente foi transferido para o HAC com suspeita de meningite bacteriana/ encefalite viral, sendo realizada punção liquórica, e iniciado empiricamente antimicrobianos com Ceftriaxone e Vancomicina. No mesmo dia da internação apresentou agitação intensa e extubação acidental. Realizou RM de crânio sem alterações. Evoluiu com movimentos coreatetoicos, acatisia e novamente apresentou rebaixamento do sensório sendo reintuibado. Resultado do líquor cefalorraquidiano, sem alterações. Apresentava crises convulsivas frequentes, já com medicação anticonvulsivante otimizada e sedação em níveis altos. Realizou eletroencefalograma (EEG) que evidenciou moderados sinais de disfunção de caráter lesional à esquerda e depressão dos ritmos de base. Foi solicitado parecer da neurologia que orientou pesquisa de encefalite autoimune e no 24º dia de internação, foi iniciada pulsoterapia com Metilprednisolona 1g/dia por 4 dias, e coletada amostra sérica para pesquisa de encefalite autoimune anti-NMDAr. No 37º dia, a pesquisa de encefalite autoimune foi positiva para anti-NMDAr (NR1 e NR2), Realizada também pesquisa de doença paraneoplásica com TC de tórax, abdome e pelve e US de bolsa escrotal sem alterações. No 40° dia foi iniciada terapia com imunoglobulina por 5 dias, sem melhora do quadro de crises convulsivas e agitação. Sendo assim, foi orientado pela neurologia terapia com repetir pulsoterapia com Metilprednisolona e solicitar compra de Ciclofosfamida que chegou no 80° dia de internação e fez 2 doses com intervalo 21 dias entre elas. Sem melhora do quadro foi optado por nova terapia imunossupressores com Rituximabe, 4 doses e o paciente começou a apresentar melhora evolutiva importante, sendo capaz de direcionar o olhar de acordo com o chamado, obedecia comandos simples, sem crises convulsivas, conseguindo evoluir com desame de sedação e ventilação mecânica. No 233º dia de internação, após troca da TQT para cânula metálica, paciente apresentou sangramento arterial importante pelo orifício da cânula, e após medidas clínicas e cirurgicas para conter o sangramento, paciente evoluiu para choque hipovolêmico refratário e evoluiu para óbito. DISCUSSÃO: A encefalite autoimune anti-receptor NMDA é uma desordem que está relacionada a produção de autoanticorpos IgG contra a subunidade NR1 do receptor, que ao se ligar a essa região provoca internalização do receptor e disfunção neuronal.O curso da doença pode ser dividido em 5 estágios: estágio prodrômico, estágio de sintoma mental, estágio de não resposta, estágio de hipermotilidade e estágio de recuperação. O diagnóstico se dá através de critérios clínicos e laboratoriais elaborados e publicados por Graus, classificando como provável encefalite anti- rNMDA e encefalite anti – rNMDA definitiva. É considerada como provável, caso haja instalação há menos de 3 meses de pelo menos quatro dos seis grupos principais de sintomas que são: comportamento anormal ou disfunção cognitiva, prejuízo no discurso, crises epilépticas, distúrbios do movimento, rebaixamento do nível de consciência e disfunção autonômica, e pelo menos um dos exames complementares alterados: EEG anormal e/ou LCR com pleocitose ou bandas oligoclonais, associado a exclusão de outros distúrbios. Já o diagnóstico definitivo é feito na presença de um ou mais sintomas citados acima e do título positivo de anticorpos2 IgG contra a subunidade GluN1 do receptor NMDA no liquor ou soro, após exclusão razoável de outros distúrbios. CONCLUSÃO: A EAI anti-NMDA é uma causa de sintomas neuropsiquiátricos identificada recentemente e potencialmente tratável em adultos e crianças, mais prevalente no sexo feminino, e classicamente associada a teratoma ovariano. Como visto, possuiu manifestações clínicas clássicas, que mesmo na ausência de exames complementares específicos capazes de gerar o diagnóstico definitivo, podem gerar o diagnóstico de suspeição, agilizando o início da terapêutica imunossupressora, melhorando o prognóstico da doença, uma vez que de acordo com o escore NEOS (anti-NMDAR Encephalitis One-Year Functional Status), um dos preditores de pior status funcional é o atraso no tratamento maior que quatro semanas. Dessa forma, considerando a gravidade e prognóstico da doença, é necessário estar atento às manifestações clinicas, visando um diagnóstico precoce e início de terapia adequada.
Título do Evento
XXVIII Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais da Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

MACHADO, Débora et al.. RELATO DE CASO: ENCEFALITE AUTO IMUNE ANTI - RNMDA.. In: Anais Semana Científica. Anais...Petrópolis(RJ) Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto, 2022. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2022/547468-RELATO-DE-CASO--ENCEFALITE-AUTO-IMUNE-ANTI---RNMDA. Acesso em: 12/05/2025

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