INCURSÕES DE UMA NUTRICIONISTA RESIDENTE DA ATENÇÃO BÁSICA PELA SAÚDE MENTAL: QUAIS OS DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE TAIS ÁREAS EM PROL DO FORTALECIMENTO DO SUS?

Publicado em 04/11/2021 - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
INCURSÕES DE UMA NUTRICIONISTA RESIDENTE DA ATENÇÃO BÁSICA PELA SAÚDE MENTAL: QUAIS OS DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE TAIS ÁREAS EM PROL DO FORTALECIMENTO DO SUS?
Autores
  • Suelen Franco
  • Leticia Almeida
  • Rogério da Silva Ferreira
  • Gisele Nunes de Almeida
Modalidade
Praticas Educativas Inovadoras
Área temática
Exemplo de Área Temática
Data de Publicação
04/11/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp2021/403082-incursoes-de-uma-nutricionista-residente-da-atencao-basica-pela-saude-mental--quais-os-dialogos-possiveis-entre-t
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Atenção Básica, Saúde Mental, Nutrição, Interdisciplinaridade, Política Nacional de Humanização.
Resumo
INTRODUÇÃO: A alimentação carrega dimensões afetivas e simbólicas, que vão além de valores nutricionais. As Reformas Sanitária e Psiquiátrica, a Constituição Federal de 1988 e a criação do SUS são marcos importantes para a garantia da saúde e alimentação. Contudo, embora reconhecida a dimensão subjetiva abarcada na alimentação, o direito não garante esse espaço. A formação de profissionais do campo de Alimentação e Nutrição também não contempla tais temáticas. Assim, este trabalho se propõe a explorar a Saúde Mental (SM) como área capaz de encampar a dimensão subjetiva da alimentação, na atuação da nutricionista, junto as equipes dos serviços e aos usuários. OBJETIVOS: Apresentar reflexões emergentes na vivência do estágio eletivo em um serviço de SM de uma residente do Programa Multiprofissional em Atenção Básica (PRM-AB). DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS: A vivência formativa da residente, tem sido permeada por inquietações provenientes da percepção dos diálogos com SM apresentados nas demandas, dos pacientes e da equipe. Nesta construção, tem sido possível visualizar diálogos entre SM e nutrição. Durante a vivência do 2o ano do PRM-AB na Unifase, a residente buscou na possibilidade de realizar estágio eletivo um caminho entre seu campo de atuação e suas inquietações. O campo eleito para realizar o estágio foi um Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e Drogas 3 (CAPS AD 3) zona oeste-RJ. A escolha do campo aconteceu a partir da identificação com a perspectiva de atuação da nutricionista da equipe, que extrapola o olhar sanitário. O estágio foi composto por participação em supervisões clínicas de equipe e de casos, atendimento e discussões de caso, reuniões de equipe e de passagem de turno, atendimentos intersetoriais, supervisão de preceptoria e estudos teóricos. ANÁLISE DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM: Durante o estágio foi possível perceber semelhanças entre as realidades apresentadas pelos usuários do serviço, com os da Atenção Básica (AB): vulnerabilidade expressa majoritariamente em pobreza, violência, direitos negados, racismo e sexismo. Entretanto, os processos de trabalho da equipe são modulados de maneira diferente, até porque o CAPS AD 3 apresenta uma proposta de trabalho diferente da AB. Ainda, é interessante a reflexão sobre alguns pontos que poderiam agregar a lógica de trabalho na AB: Maior horizontalidade nas relações profissionais, pois independente da categoria profissional assumem a mesma carga de responsabilidade para com o usuário e seus pontos apresentados nas discussões são igualmente considerados; discussão constante de casos entre pares, de maneira que receba a maior quantidade de olhares possíveis, favorecendo a construção de apostas terapêuticas mais assertivas e consistentes. Em relação ao cuidado com o usuário, ao meu olhar, que é localizado no saber da nutrição, se sobressaiu a comida como um recurso multifacetado, visto que pode ser uma ferramenta terapêutica, que corrobora com a redução de danos, o estreitamento de vínculo, a mitigação da insegurança alimentar; que pode ser uma ferramenta de barganha clínica; ou até mesmo de opressão, visto que muitas relações de poder e disputa giram em torno da comida. Por exemplo, um usuário ser ameaçado por um profissional da equipe de ficar sem a refeição, por apresentar comportamentos considerados inadequados. Ou uma cena recorrente é doces e biscoitos, alimentos que não compõem as refeições oferecidas no serviço, se tornarem ferramentas que auxiliam na intermediação de abordagens com usuários em momentos de crise. Situações essas que podem passar despercebidas pela equipe, mas despertam o olhar da nutricionista imersa neste cenário sobre o impacto da comida no acompanhamento do usuário e a importância de pautar tal tema com a equipe, contribuindo para que alimentação seja conduzido como um recurso terapêutico ao invés de ser conduzido pautada no senso comum, que adere-se as dinâmicas de poder e não reflete sobre seus significados. Percebo que a diferenciação entre as áreas de atuação se deva ao fato da AB estar habituada a ferramentas de trabalho pragmáticas, protocolares e concretas, enquanto que para SM é caro as tecnologias leves, as singularidades, demandando debruçar-se sobre questões teóricas e conceituais. CONTRIBUIÇÃO PARA FORMAÇÃO DE NOVAS COMPETÊNCIAS: A experiência do estágio eletivo na SM auxiliou a dar contorno a algo já intuído ao longo do percurso formativo da residente, que é a possibilidade da alimentação ser um recurso terapêutico, mas que concretização de tal como um ato de cuidado se faz necessário ampliar a discussão entre os pares sobre os aspectos subjetivos da alimentação, discussão que passa pela nutrição, e também outros campos de saberes, como a SM. Ainda, na mesma medida que se faz necessário ampliar, se faz necessário estreitar a aproximação com as equipes sobre a temática. Aprimorar os processos de trabalho, abrindo possibilidades para que este aconteça de maneira mais fluida, como adotar a prática de buscar os colegas de cenário para discutir casos, mesmo que de áreas de formação diferentes, pode ser um despertar para novas práticas de produção de cuidado relacionadas com alimentação e nutrição. Logo, a PRM-AB é um espaço privilegiado para as práticas e possibilidades discutidas neste trabalho, pois conta com diferentes campos de saberes, tendo proposta formativa voltada para a construção de um olhar sensível e crítico dos profissionais diante da realidade, que gera potencial de criação de práticas inovadoras, que emergem da práxis. CONCLUSÃO: A vivência e reflexões da experiência apresentadas neste trabalho vão ao encontro da realização da Política Nacional de Humanização do SUS, que aborda a valorização da prática profissional nos seus processos de trabalho, e a clínica ampliada, recurso teórico que busca se contrapor à fragmentação do cuidado. Acontecimento possível dado o espaço para a prática da interdisciplinaridade nos processos formativos.
Título do Evento
XXVII Semana Científica UNIFASE/FMP
Cidade do Evento
Petrópolis
Título dos Anais do Evento
Anais da Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

FRANCO, Suelen et al.. INCURSÕES DE UMA NUTRICIONISTA RESIDENTE DA ATENÇÃO BÁSICA PELA SAÚDE MENTAL: QUAIS OS DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE TAIS ÁREAS EM PROL DO FORTALECIMENTO DO SUS?.. In: Anais da Semana Científica. Anais...Petrópolis(RJ) Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP2021/403082-INCURSOES-DE-UMA-NUTRICIONISTA-RESIDENTE-DA-ATENCAO-BASICA-PELA-SAUDE-MENTAL--QUAIS-OS-DIALOGOS-POSSIVEIS-ENTRE-T. Acesso em: 25/07/2025

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