“O PAPEL DO CIRURGIÃO-DENTISTA NO DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DE SJÖGREN: RELATO DE CASO”

Publicado em 18/12/2020 - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
“O PAPEL DO CIRURGIÃO-DENTISTA NO DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DE SJÖGREN: RELATO DE CASO”
Autores
  • Larissa Sad
  • Lorena Esteves Corrêa
  • Bruno Augusto Benevenuto De Andrade
  • THAYANNE BRASIL BARBOSA CALCIA
Modalidade
Trabalhos Científicos
Área temática
Exemplo de Área Temática
Data de Publicação
18/12/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp/281767-o-papel-do-cirurgiao-dentista-no-diagnostico-da-sindrome-de-sjogren--relato-de-caso
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Síndrome de Sjögren, Xerostomia, Xeroftalmia, Diagnóstico Diferencial
Resumo
A Síndrome de Sjögren (SS) é uma condição autoimune, na qual o corpo produz autoanticorpos afetando principalmente as glândulas salivares e lacrimais. É frequentemente relatada como síndrome sicca, associada a sintomas de boca e olhos secos, além de, ocasionalmente, secura nasal, vaginal e cutânea. Pode impactar diretamente na qualidade de vida dos pacientes acometidos, que passam a ter diversos problemas relacionados aos sintomas anteriormente descritos, como dificuldade de deglutir, por exemplo. De acordo com os Critérios para Classificação da SS, ela pode ser primária, quando não relacionada a nenhuma outra causa identificável, ou secundária, quando resulta de outra doença autoimune, como artrite reumatoide, por exemplo. Ainda neste documento, diversos critérios foram propostos para nortear seu diagnóstico, dentre eles a biópsia de glândula salivar menor. Assim, considerando a importância dessa condição, o presente trabalho destina-se a relatar um caso de SS diagnosticado a partir da associação de dados da anamnese e da realização de biópsia em lábio no Ambulatório Escola da UNIFASE. Paciente do gênero feminino, 72 anos, procurou o serviço de Odontologia do Ambulatório Escola da UNIFASE com a queixa de secura ocular e bucal com tempo de evolução de aproximadamente quatro anos. Na ocasião, a paciente relatou ter bastante dificuldade de deglutir, o que impactava diretamente sua alimentação diária. Além disso, relatava dor na região da parótida, com inchaço persistente da glândula e sintomatologia dolorosa associada. A presente condição já havia sido alvo de investigação em outros serviços. Segundo exames apresentados pela paciente, foi realizada extensa pesquisa, com resultados negativos para diferentes linhas de investigação, como HIV, HTLV, CMV, EBV, além de anticorpos anti-Ro, anti-La, anti-mitocôndria e fator reumatoide. Ainda, a paciente foi submetida a testes usualmente realizados para diagnóstico de Sjögren, hipótese diagnóstica até então: o teste de Schirmer e o Rosa-bengala, ambos com resultado negativo, considerando os critérios para diagnóstico desta condição. Ainda, na ocasião investigou-se a glândula parótida por meio de ultrassonografia, com ausência de alterações neste exame de imagem. Finalmente, foi realizada biópsia incisional de parótida, com resultado inconclusivo. Ao exame físico extraoral, a paciente apresentou aumento difuso unilateral da glândula parótida. Ao exame intraoral, observou-se aspecto de boca seca, com saliva escassa e espumosa. Não foi observada drenagem purulenta através do ducto parotídeo. No teste de sialiometria não estimulada, obteve-se 0,01 ml por minuto, o que é compatível com os critérios de classificação de SS. A paciente não apresentava outras queixas de saúde no momento, relatando ser hipertensa controlada e fazer uso de losartana diariamente. Com base nos achados da anamnese e exame físico, optou-se por realizar biópsia excisional de glândulas salivares menores do lábio inferior, com o intuito de confirmar a hipótese diagnóstica de SS. Foram removidos três espécimes glandulares, que foram acondicionados em formol a 10% e encaminhados para análise anatomopatológica. Neste exame, observou-se atrofia dos ácinos glandulares, lipossubstituição do parênquima glandular, dilatação ductal (ectasia), além de dois focos de infiltrado inflamatório crônico linfocitário. Considerando os achados microscópicos, junto ao autorrelato de sintomas de olhos e boca seca e a sialometria não estimulada, confirmou-se o diagnóstico de SS primária, já que, até o momento, não se tem conhecimento de doença autoimune subjacente. A conduta terapêutica inicial foi a prescrição de substituto salivar (saliva artificial) e encaminhamento ao reumatologista. Por tratar-se de uma condição com impacto em diferentes sistemas, a paciente permanecerá sob acompanhamento multiprofissional. A SS é uma doença incidente em aproximadamente 0,5% da população, acometendo pacientes do gênero feminino em proporção de 9:1 em relação ao masculino. Frequentemente, acomete mais de um membro da família, podendo, portanto, ter componente genético em sua patogênese (NEVILLE et al., 2016). Em nosso caso, relatamos a presença de SS em paciente com características compatíveis ao que é descrito na literatura. A paciente, mulher de meia-idade, relatou que uma de suas filhas já havia sido previamente diagnosticada com SS. Curiosamente, nos reportou, ainda, que tal diagnóstico só havia sido possível após realização de biópsia de glândula salivar menor, já que a pesquisa de anticorpos e testes oftalmológicos mostraram-se negativos. Assim, o presente relato torna a vislumbrar a importância desse procedimento realizado pelo cirurgião dentista. Após 3 meses de xerostomia e xeroftalmia, torna-se factível a hipótese desta síndrome, ao descartarmos possíveis diagnósticos diferenciais, como infecção por HIV e CMV, por exemplo. Assim, para confirmação da hipótese é necessário considerar os diferentes critérios para estabelecer o diagnóstico final da condição, baseando-se na história de sintomas de secura bucal e ocular, presença de anticorpos anti-RO e anti-LA, evidência de acometimento glandular e análise histopatológica de glândula salivar menor. Na presença de quatro dos critérios, sendo um deles a alteração no histopatológico ou a positividade para anticorpos, o diagnóstico é concluído (VITALI e DEL PAPA, 2016). Assim, a atuação do cirurgião-dentista tem papel-chave nesse processo. Além disso, uma vez diagnosticada, a condição requer supervisão odontológica a fim de mitigar sintomas, como a sensação de boca seca e a incidência de cáries e infecções secundárias por Candida, reflexo da diminuição da saliva. Por tratar-se de uma condição que impacta sobremaneira a qualidade de vida dos pacientes acometidos, concluímos que o cirurgião-dentista tem um importante papel na promoção de saúde em pacientes acometidos pela SS, ao possibilitar seu diagnóstico e contribuir para amenizar seus sintomas.
Título do Evento
XXVI Semana Científica UNIFASE/FMP
Título dos Anais do Evento
Anais da Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SAD, Larissa et al.. “O PAPEL DO CIRURGIÃO-DENTISTA NO DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DE SJÖGREN: RELATO DE CASO”.. In: Anais da Semana Científica. Anais...Petrópolis(RJ) Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP/281767-O-PAPEL-DO-CIRURGIAO-DENTISTA-NO-DIAGNOSTICO-DA-SINDROME-DE-SJOGREN--RELATO-DE-CASO. Acesso em: 09/06/2025

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