CARTILHA DA SAÚDE DA MULHER NEGRA: DO DESCASO À CONQUISTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Publicado em 18/12/2020 - ISSN: 2675-8563

Título do Trabalho
CARTILHA DA SAÚDE DA MULHER NEGRA: DO DESCASO À CONQUISTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Autores
  • Natália dos Santos Gonçalves
  • Lina Léa de Oliveira
  • Alexandre dos S. Pyrrho
  • Marcia Cristina Braga Nunes Varricchio
Modalidade
Práticas Extensionistas
Área temática
Exemplo de Área Temática
Data de Publicação
18/12/2020
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/scunifasefmp/279826-cartilha-da-saude-da-mulher-negra--do-descaso-a-conquista-de-politicas-publicas
ISSN
2675-8563
Palavras-Chave
Saúde da mulher negra, saúde da população negra, racismo institucional, movimento negro e doenças das mulheres negras
Resumo
Ao falar da saúde das mulheres negras é necessário retornar ao contexto socioeconômico e cultural do final do século XIX, início do século XX e tratar da saúde da população negra como um todo. Com o fim da escravatura, os governantes do período, pertencentes ao recente modelo republicano, encontraram alguns obstáculos em inserir no mundo um país miscigenado. Dessa forma, as autoridades da época voltaram suas políticas públicas à parcela da europeia da população. Ao avançar na história, durante o período sanitarista, os políticos do país e as autoridades sanitárias continuaram a excluir a população negra do quesito saúde, uma vez que não compreendiam a importância da questão racial no processo saúde-doença. Para que ocorressem pesquisas e construções de políticas de saúde voltadas a pessoas negras, era necessário o reconhecimento do racismo institucional vigente; porém, a falta de reconhecimento desse promovia a não-inserção da etnia na saúde. Ainda em relação à exclusão, as diferenças culturais e fenotípicas foram utilizadas como forma de manter os negros às margens da sociedade e, assim, deixá-los à parte do quesito saúde, mesmo durante o século XX. Entretanto, na década de 80 e 90, este quadro começou a mudar à medida que houve a instauração do SUS e seus princípios voltados à universalidade, à integralidade e à equidade. Diante desses direitos expostos pelo SUS e pela Constituição, estudiosos e membros do movimento negro passaram a exigir com mais vigor a necessidade de políticas de saúde específicas, uma vez que representavam cerca de metade da população, a maior parte dos usurários do SUS, além de ser o grupo que apresentava os piores indicadores sociais e de saúde. Como consequência dessa luta e da Marcha Nacional Zumbi dos Palmares em 1995, no ano de 1996, ocorreu a Mesa Redonda sobre a Saúde da População Negra, a qual foi realizada pelo Ministério da Saúde e pelo GTI – Grupo de Trabalho Interministerial para Valorização da População Negra –, e contou com a participação de cientistas, militantes da sociedade civil, médicos e técnicos do Ministério da Saúde. Esta reunião foi direcionada a estabelecer as principais áreas e demandas para a saúde da população negra, culminando na criação da Política Nacional para a Anemia Falciforme e de um manual de doenças que mais acometiam afrodescendentes. Quanto às doenças, foram alocadas em quatro blocos, sendo o primeiro relacionado à comorbidades ligadas a questões genéticas da etnia, o segundo ligado à comorbidades geradas por condições educacionais e sociais, o terceiro correlacionado à comorbidades formadas pela associação de determinantes genéticos e sociais e, por fim, o quarto relacionado aos processos fisiológicos que, quando acrescidos de condições de vida ruins, corroboram para que questões naturais possam impactar negativamente a saúde dos negros. Ao falar-se especificamente da saúde das mulheres negras, é preciso ressaltar que a Comissão de Determinantes Sociais em Saúde (2005) afirmou que o racismo e o sexismo fazem parte dos determinantes, os quais afetam a saúde e mantêm as vulnerabilidades associadas. Portanto, a equidade proposta pelo SUS tornou-se complexa de ser alcançada, visto que há a soma do racismo e do sexismo prevalentes atuando contra as conquistas sociais e de saúde das mulheres negras. Enquanto grupo social mais vulnerável, as mulheres negras necessitam de atenção à saúde não só voltada à questão étnica, mas também ao aspecto do gênero. Portanto, esta cartilha teve como objetivos explicar a história da luta da população negra pela saúde, dando um enfoque específico à saúde das mulheres negras, e, além disto, destacar as principais comorbidades que as acometem: Anemia Falciforme, Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, Miomatose, Síndromes Hipertensivas na gravidez, Depressão, Tuberculose e Aborto Séptico – comorbidades citadas e baseadas nas 3 edições da Política Nacional de Saúde Integral à População Negra e no Manual de Doenças, por Razões Étnicas, Mais Importantes na População Brasileira Afro-Descendente. Ademais, vale ressaltar que tal cartilha tem como público-alvo as mulheres negras e também os profissionais de saúde os quais as atendem. Foi produzida por estudante de medicina, estudiosa do Saber Negro e professores universitários, totalizando 4 participantes. Durante a construção e a elaboração deste trabalho foi essencial pautar os momentos históricos mais importantes para a conquista da saúde da população negra, em especial das mulheres negras, bem como a escolha das comorbidades com maior incidência nesse estrato populacional de acordo com suas causas genéticas, sociais e associativas. Para tal, foi usado a busca em fontes bibliográficas na plataforma PubMed, usando os seguintes descritores: “saúde da população negra”, “saúde da mulher negra”, “racismo institucional”, “movimento negro” e “doenças das mulheres negras”. Com autorização do coletivo negro estadual de médicos e estudantes negros, está sendo repassado um questionário semiestruturado junto a TCLE, a fim de avaliar a pertinência desta discussão, bem como das informações levantadas, para incremento de sua efetividade perante ao público-alvo e a reformulação, se necessário. Destarte, construir esta cartilha permitiu aprimorar meus conhecimentos acerca do percurso das mulheres negras em busca de sua saúde, o que tornou a experiência muito enriquecedora do ponto de vista da saúde, bem como do aspecto social e cultural. Outrossim, permitiu entender o quanto é necessário que os profissionais de saúde deem a devida importância à etnia e ao gênero, a fim de garantir a equidade. Por meio desta cartilha, é possível assegurar a chegada da informação ao público-alvo, garantindo que essas mulheres tenham conhecimento do seu direito a receber um atendimento integral, e que os profissionais de saúde as atendam levando em conta as necessidades de saúde intraespecíficas de grupo, ao qual pertencem, há mais de 20 anos já delineado pelo SUS.
Título do Evento
XXVI Semana Científica UNIFASE/FMP
Título dos Anais do Evento
Anais da Semana Científica
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

GONÇALVES, Natália dos Santos et al.. CARTILHA DA SAÚDE DA MULHER NEGRA: DO DESCASO À CONQUISTA DE POLÍTICAS PÚBLICAS.. In: Anais da Semana Científica. Anais...Petrópolis(RJ) Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SCUNIFASEFMP/279826-CARTILHA-DA-SAUDE-DA-MULHER-NEGRA--DO-DESCASO-A-CONQUISTA-DE-POLITICAS-PUBLICAS. Acesso em: 16/07/2025

Trabalho

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