FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: POTENCIALIDADES, DESAFIOS E RESISTÊNCIA

Publicado em 26/09/2021 - ISBN: 978-65-5941-340-9

Título do Trabalho
FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: POTENCIALIDADES, DESAFIOS E RESISTÊNCIA
Autores
  • patricia castro de oliveira e silva
  • Jimena de Garay Hernández
  • Fabiane de Souza Vieira
Modalidade
Grupo de Trabalho
Área temática
Eixo 2 – Estado, violência e autoritarismo no contexto mundial-globalizado
Data de Publicação
26/09/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/sbpp/364566-formacao-em-psicologia-e-direitos-humanos--potencialidades-desafios-e-resistencia
ISBN
978-65-5941-340-9
Palavras-Chave
Psicologia, Formação, Direitos Humanos, Psicologia Crítica, Conservadorismo
Resumo
A Psicologia no Brasil é instituída em 1962 e desde então vem crescendo de maneira contundente. Hoje são 858 cursos de graduação e 100 programas de pós-graduação, mestrado e doutorado, indicando a dimensão do campo. Justamente, por esse crescimento exponencial de cursos de formação e, portanto, do número de psicólogas e psicólogos, é preciso refletirmos sobre a essa formação, no que diz respeito ao compromisso ético-estético-político com a transformação social, com uma prática libertária que contribua para a potência de vida, de todas as vidas. Uma psicologia capaz de agir sobre situações políticas e sociais de extrema desigualdade, exploração e violência que vem se agravando, em especial, a partir da eleição do atual presidente, e que no cenário pandêmico, chega a um ápice desolador, por conta da política de governo neoliberal e genocida. No Brasil, a Psicologia nasce enquanto ciência e profissão, alinhada aos interesses dos grupos sociais dominantes, utilizando-se de referenciais teóricos e práticos para controle e dominação de populações vulnerabilizadas e subalternizadas (Coimbra, 1989; Patto, 2013; Cruz e Guareschi, 2004). Somente no final da década de 70 e nas décadas de 80 e 90, vemos surgir uma psicologia social crítica a partir dos movimentos como a Psicologia da Libertação (Martin-Baró, 2009) Psicologia Social Comunitária (Montero, 1984), Psicologia Sócio-Histórica (Lane, 1984) quando então, aflora em algumas vertentes o compromisso com uma prática revolucionária. A Psicologia assume o compromisso com uma atuação pautada na promoção e defesa de Direitos Humanos, que na América Latina, em função do triste histórico de uma série de governos ditatoriais, tradicionalmente inclui direitos econômicos, sociais e culturais. O neoliberalismo inaugurou novas instituições violadoras de direitos, e por isso, é necessária a articulação de mais entidades na defesa de direitos. No Brasil, vivemos um cotidiano de violações de direitos que sofrem, em especial, as chamadas minorias sociais. Nesse sentido, a Psicologia tem muito a contribuir para o enfrentamento dessas violações e desigualdades. No entanto, nossa formação ainda segue fortemente influenciada por teorias consideradas clássicas, de influência estadunidense e europeias, mais voltadas para a clínica individual. Assim, temos uma formação que individualiza processos de sofrimento absolutamente produzidos no campo histórico-político-social. No cenário atual, de ascendente mercantilização de educação superior por grandes grupos empresariais alinhados as políticas neoliberais e ultraconservadoras do atual governo; de desinvestimento na educação pública e desmonte da pesquisa e ciência, de perseguição a docentes e pesquisadoras/es que atuam no campo de Direitos Humanos, é imprescindível nos debruçarmos sobre a formação em psicologia, buscando conhecer os desafios e as linhas de fuga, as estratégias de resistência encontradas por pesquisadoras/es, docentes e discentes para a tessitura de uma psicologia política. As narrativas construídas por uma formação balizada nas perspectivas euro-estadunidenses se pretendem universais e terminam por invisibilizar discussões importantes como a influência dos processos de colonização na formação das sociedades e, ainda, silenciam discussões sobre gênero, sexualidade e racismo. A formação profissional, tema de nossa proposta, vem sendo atravessada pelo contexto sócio-político de nosso tempo. Temos como exemplo o chamado “Movimento Escola Sem Partido” que visa retirar dos espaços de formação temas que discutam as interseccionalidades, especialmente no que diz respeito às questões de gênero, sexualidade e política sob o argumento de trazer neutralidade para os espaços de formação. A investida ultraconservadora resultou , nos últimos anos, na criação de projetos de lei que pretendiam criminalizar docentes que tratassem dos temas relacionados a gênero e, para este feito, uma série de práticas que pretendiam “flagrar” esses educadores foram incentivadas para recolher informações e provas para possíveis denúncias (PRATA & SOUZA,2018). Docentes passaram a ter suas aulas gravadas, nas escolas e universidades, têm sido censuradas/os, denunciadas/os e muitas/o foram processadas/os em decorrência desses dispositivos persecutórios de vigilância e punição, que objetivam garantir o cerceamento, no campo da Educação, de quaisquer conteúdos críticos e libertários. Nesse sentido, o grupo de trabalho “Formação em Psicologia e Direitos Humanos: potencialidades, desafios e resistências” se alinha ao Eixo 2 – Estado, violência e autoritarismo no contexto mundial-globalizado, buscando agregar trabalhos que problematizem a formação em Psicologia num cenário nacional ultraconservador, neoliberal e violento com toda narrativa e existência não normativa. Pensar a formação no cenário político atual de censura, perseguição política, ofensivas antidemocráticas, discursos autoritários e violência, é absolutamente necessário, no sentido de reafirmarmos o compromisso com a (re)construção de uma psicologia ética-estética-política. Assim, buscamos conhecer pesquisas e relatos de experiência que discorram sobre a (re)construção de uma psicologia crítica de atuação efetivamente comprometida com Direitos Humanos. Assim, nos interessamos por produções que discutam a formação e prática de uma psicologia crítica e decolonial, que problematizem a formação para uma clínica individual-individualizante, que pensem uma psicologia antirracista, que tragam gênero e sexualidade na formação e na prática implicada contra a todo tipo de violência e que problematizem os atravessamentos dos marcadores sociais de diferença na formação, na atuação docente e na prática psi comprometida com a promoção e defesa de Direitos Humanos. Buscamos identificar movimentos teórico-metodológicos, experiências e estratégias de resistência aos atravessamentos das narrativas conservadoras e fascistas na formação em psicologia, de modo a construir conhecimentos científicos que possam auxiliar a fortalecer espaços democráticos voltados à promoção dos direitos humanos e promoção da superação das desigualdades sociais. Objetivamos também, com este grupo de trabalho, a formação de uma rede de pesquisadoras e pesquisadores de atuação no campo da Psicologia Crítica comprometida com a formação em Direitos Humanos, com a análise crítica dos marcadores sociais de diferença e, em especial, com uma formação e prática, onde psicólogas e psicólogos assumam seu papel no enfrentamento da desigualdade e de toda forma de violência. REFERÊNCIAS COIMBRA, Cecília Maria B.. As funções da instituição escolar: análise e reflexões. Psicol. cienc. prof., Brasília , v. 9, n. 3, p. 14-16, 1989 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931989000300006&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 31 maio 2021. CRUZ, Lílian; GUARESCHI, Neuza. Sobre a psicologia no contexto da infância: da psicopatologização à inserção política. Aletheia, Canoas , n. 20, p. 77-90, dez. 2004 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942004000200009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 31 maio 2021 Lane, S. T. M. A Psicologia social e uma nova concepção de homem para a "Psicologia". In S. T. M. Lane, & W. Codo (Orgs.), Psicologia social: o homem em movimento (pp. 10-19). São Paulo: Brasiliense. 198 Martín-Baró, I. Para uma psicologia da libertação. In R. S. L. Guzzo, & F. Lacerda Jr. (Orgs), Psicologia social para a América Latina: O resgate da Psicologia da libertação (pp. 101-120), Campinas, SP: Alínea, 2009. (Obra original publicada em 1986) Montero, Maritza. La psicología comunitaria: orígenes, principios y fundamentos teóricos. Revista latinoamericana de Psicología, 16(3),387-400, 1984. PATTO, Maria Helena Souza. O ensino a distância e a falência da educação. Educação e Pesquisa [online]. 2013, v. 39, n. 2 [Acessado 31 Maio 2021] , pp. 303-318. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1517-97022013000200002>. Epub 23 Maio 2013. ISSN 1678-4634. https://doi.org/10.1590/S1517-97022013000200002. PRATA, ARS & SOUZA, PSM “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia: análise das consequências da efetivação de programas como “Escola Sem Partido” in ARS Prata, PSM SOUZA - Cadernos da Defensoria Pública do Estado Direito das Mulheres, (p.77-85), 2018
Título do Evento
XI Simpósio Brasileiro de Psicologia Política | Ofensivas anti-democráticas, colonialidade, experiências de subjetivação política e a crise da democracia no Brasil
Título dos Anais do Evento
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Psicologia Política
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SILVA, patricia castro de oliveira e; HERNÁNDEZ, Jimena de Garay; VIEIRA, Fabiane de Souza. FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: POTENCIALIDADES, DESAFIOS E RESISTÊNCIA.. In: Anais do XI Simpósio Brasileiro de Psicologia Política. Anais...Belo Horizonte(MG) Online, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/sbpp/364566-FORMACAO-EM-PSICOLOGIA-E-DIREITOS-HUMANOS--POTENCIALIDADES-DESAFIOS-E-RESISTENCIA. Acesso em: 30/06/2025

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