ESTUDOS SOBRE EXPRESSÕES DO AUTORITARISMO: “BOLSONARISMO” E A NOVA EXTREMA-DIREITA NO BRASIL

Publicado em 26/09/2021 - ISBN: 978-65-5941-340-9

Título do Trabalho
ESTUDOS SOBRE EXPRESSÕES DO AUTORITARISMO: “BOLSONARISMO” E A NOVA EXTREMA-DIREITA NO BRASIL
Autores
  • Fernanda Maria Munhoz Salgado
  • SALVADOR ANTÔNIO MIRELES SANDOVAL
  • Péricles de Souza Macedo
Modalidade
Grupo de Trabalho
Área temática
Eixo 4 – Populismo, identidade, colonialidade e crise da democracia
Data de Publicação
26/09/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/sbpp/356220-estudos-sobre-expressoes-do-autoritarismo--bolsonarismo-e-a-nova-extrema-direita-no-brasil
ISBN
978-65-5941-340-9
Palavras-Chave
autoritarismo, extrema-direita, bolsonarismo
Resumo
Historicamente, a Psicologia Política surge enquanto campo de conhecimento e pesquisa que reflete na sua trajetória os mais significativos fenômenos humanos dos séculos XIX e XX, chegando a ser uma das áreas de conhecimento mais aplicadas nas sociedades contemporâneas. No que tange seus estudos sobre identidades autoritárias e movimentos sociais ligados a espectros políticos extremistas, a abordagem psicopolítica tem contribuído para desvelar tanto os aspectos de perfis de personalidades vinculadas a figuras políticas, até compreender seus efeitos na participação política e na construção de consciências políticas de suas bases. Dentre os trabalhos desenvolvidos acerca do autoritarismo, os estudos de Adorno (1950) sobre personalidades autoritárias baseados nas experiências do nazismo foram um marco histórico neste tema. Vinculados a uma análise mais psicológica dos estudos em Psicologia Política, o autor identifica algumas características que compõem o perfil autoritário, tais como: adesão ao convencional; submissão às ordens; agressão àqueles que não se adequam ao convencionalismo; crenças e valores figurados no perfil de um herói através de superstições e estereótipos; repressão sexual; anti-introspecção; uma preocupação exagerada entre força e resistência; disposição para acreditar que coisas perigosas acontecem no mundo; hostilidade e difamação generalizada. Entretanto, os estudos de Adorno bem como outros autores que utilizam abordagens psicológicas em seus estudos, não se aprofundam na investigação de elementos da identidade coletiva do autoritarismo. Mesmo os estudos que debruçaram-se em abordagem sociológicas também apresentavam lacunas sobre a compreensão de aspectos relacionais entre indivíduo e grupo. Basicamente, os estudos sobre o comportamento político tradicionais aprofundaram-se em dois elementos: índices de preferências partidárias e análises “sectarizadas” a aspectos psicológicos. O primeiro, em algumas vezes, preteria os componentes psicossociais dos indivíduos pesquisados; o segundo firmava suas análises a aspectos psicológicos, produzindo escalas de mensuração sobre o autoritarismo, valores democráticos, alienação política etc. A utilização de ambas as abordagens de maneira separada demonstra uma problemática crucial nas maneiras de abordar o fenômeno de participação política: não consideram o sujeito no processo social. O aprimoramento dos estudos sobre o fenômeno do comportamento político autoritário dentro dos estudos da Psicologia Política têm se estruturado a partir de novas investigações que convocam a intersecção entre abordagens psicológicas e sociológicas. Segundo Sandoval (1997), os elementos que integram o comportamento político têm como determinantes aspectos sociológicos e psicossociais. Neste sentido, “o que pode ser diferenciado são os tipos de comportamento a serem estudados, os contextos em que se desenvolvem e seus significados para a mudança social e individual”. (SANDOVAL, 1997, p.18). Portanto, é explícito a importância da interdisciplinaridade como ferramenta para aproximar as vertentes psicossociais e sociológicas como ponto de partida da produção de conhecimentos da Sociologia do comportamento político e da Psicologia Política. No que tange os estudos sobre o autoritarismo, a aproximação destas vertentes se torna crucial para análises de elementos menos superficiais de caracterização da participação e consciência política dos indivíduos e grupos identificados enquanto autoritários. Deve-se então compreender os aspectos psicossociais expressos por comportamentos políticos ao mesmo tempo em que se leva em consideração as variáveis sociológicas inerentes ao contexto de onde estes comportamentos acontecem. Dos fenômenos mais estudados sobre expressões da personalidade autoritária e seus efeitos perantes às massas, as experiências com o regime nazista na Alemanha forneceram dados como bases comparativas para análise, salientando obviamente os devidos recortes históricos da época. As características da personalidade de Hitler foram usadas de parâmetro para evidenciar especificidades nas expressões autoritárias, tanto no âmbito individual quanto no coletivo. A história de um ex-militar que decide entrar para política, se aproveitando da revolta da população com os problemas políticos e econômicos do país para impor um discurso ressaltando o patriotismo, a religião e o fim da corrupção, compõem o perfil da personagem que encarna o líder nazista. Porém, facilmente poderíamos atribuir este papel a diversos outros roteiros, inclusive contemporâneos, sobre as expressões do autoritarismo em diversos contextos e países. Atualmente, a ascensão de uma nova direita no Brasil nos apresenta elementos de extrema relevância para uma análise psicopolítica do autoritarismo. Algumas características que compõem a estrutura deste grupo social se assemelham com experiências de governos com políticas autoritárias verificadas no passado, tais como: pautas de costumes (religião cristã, anti-aborto, ideologia de gênero); agenda anti-corrupção associadas exclusivamentes ao PT (Partido dos Trabalhadores); campanha armamentista; forte apelo para intervenção militar; guerra cultural frente a grupos minorizados; e a presença de uma figura mítica e herórica, que carrega superstições e estereótipos, personificada no atual presidente da república. A mobilização da nova direita no Brasil ganha contorno reais com a ascensão da campanha à presidência de Jair Messias Bolsonaro em 2018 e se efetiva com sua vitória, assumindo o governo federal definitivamente em 2019. Porém, a agenda política da nova direita no Brasil, que culminou no acesso a presidência da república, vem se estruturando há tempos. Por isso, compreender os processos históricos, bem como as caracteristicas sociológicas e psicossociais de manutenção e monitoramento de sua agenda necessita ser pauta principal para todos os estudos em Psicologia Política que almejam se aprofundar sobre as expressões do autoritarismo no Brasil no momento atual. Sendo assim, este grupo de trabalho tem por objetivo fomentar debates a partir de expressões do autoritarismo no Brasil atual, representados principalmente na figura do presidente Jair Messias Bolsonaro e em seus seguidores. Tem-se como pressuposto que o “bolsonarismo” enquanto movimento social representa atualmente um grupo de pessoas no país que se identificam dentro do espectro da “extrema direita”. Entretanto, constatam-se uma ampla diversidade de comportamentos políticos associados à agenda determinada por Bolsonaro, e que nem sempre são consensuais. Suas formas de participação, crenças e valores, variam e apresentam ambivalências quando comparadas com a agenda bolsonarista “oficial”. Compreender as expressões e os efeitos políticos do populismo, figuradas na identidade do presidente e que provocam mobilizações coletivas pautadas na agenda bolsonarista se faz necessária e urgente, principalmente no que tange às ameaças frente a estrutura democrática de governança do país As discussões promovidas no GT circundarão os debates sobre o autoritarismo desenvolvidos atualmente, com análises psicopolíticas de participação e consciência política sobre o bolsonarismo enquanto movimento social. Pretende-se discutir desde aspectos psicossociais tais como valores compartilhados, crenças e elementos específicos da personalidade do presidente e seus seguidores, até as características de mobilização deste grupo e sua identidade coletiva. Os trabalhos acolhidos precisarão apresentar um percurso teórico-metodológico que analisa os aspetos psicopolíticos das características de autoritarismo que compõem desde a “personalidade bolsonarista” bem como segmentos dos seguidores bolsonaristas. Buscam-se estudos que debruçaram suas análises em amostras de dados sobre a participação social, a formação da consciência política e a estruturação de grupos sociais autoritários, ditos “pró-bolsonaro”, a fim de elucidar esta nova forma de expressão da extrema-direita no país. Referências: * ADORNO, T.W. et al. The authoritarian personality. Nova York: Harper, 1950. *SANDOVAL, Salvador A. M. Comportamento político como campo interdisciplinar de conhecimento: A reaproximação da sociologia e da psicologia social. In: CAMINO, Leoncio, LHULLIER, Louise & SANDOVAL, Salvador A. M. Estudos sobre o comportamento político: Teoria e pesquisa. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1997, p. 13-23.
Título do Evento
XI Simpósio Brasileiro de Psicologia Política | Ofensivas anti-democráticas, colonialidade, experiências de subjetivação política e a crise da democracia no Brasil
Título dos Anais do Evento
Anais do XI Simpósio Brasileiro de Psicologia Política
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

SALGADO, Fernanda Maria Munhoz; SANDOVAL, SALVADOR ANTÔNIO MIRELES; MACEDO, Péricles de Souza. ESTUDOS SOBRE EXPRESSÕES DO AUTORITARISMO: “BOLSONARISMO” E A NOVA EXTREMA-DIREITA NO BRASIL.. In: Anais do XI Simpósio Brasileiro de Psicologia Política. Anais...Belo Horizonte(MG) Online, 2021. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/sbpp/356220-ESTUDOS-SOBRE-EXPRESSOES-DO-AUTORITARISMO--BOLSONARISMO-E-A-NOVA-EXTREMA-DIREITA-NO-BRASIL. Acesso em: 13/06/2025

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