METÁSTASES CARDÍACA E PULMONAR DE ADENOCARCINOMA MAMÁRIO - RELATO DE CASO

Publicado em 27/01/2021 - ISSN: 2237-4949

Título do Trabalho
METÁSTASES CARDÍACA E PULMONAR DE ADENOCARCINOMA MAMÁRIO - RELATO DE CASO
Autores
  • Mariana Berriel Alves
  • Priscila das Mercês de Sena Juliasse
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Clínica de Animais de Companhia
Data de Publicação
27/01/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/samvet2020/314829-metastases-cardiaca-e-pulmonar-de-adenocarcinoma-mamario---relato-de-caso
ISSN
2237-4949
Palavras-Chave
Palavras chave: neoplasia, ecodopplercardiograma, cardiologia, animais de companhia.
Resumo
METÁSTASES CARDÍACA E PULMONAR DE ADENOCARCINOMA MAMÁRIO – RELATO DE CASO ¹ALVES, Mariana Berriel; ²JULIASSE, Priscila das Mercês de Sena ¹Aluna de Medicina Veterinária, UFRRJ; ²Médica Veterinária, Mestre em Ciências Clínicas, UFRRJ Palavras chave: neoplasia, ecodopplercardiograma, cardiologia, animais de companhia. Introdução Com o maior tempo médio de vida dos animais, é crescente a incidência de doenças relacionadas à senilidade. Na medicina veterinária, neoplasias cardíacas primárias e metastáticas são raramente diagnosticadas, especialmente em cães (HEADLEY et al., 2009). A incidência de tumores mamários malignos ultrapassa os 50% nas cadelas, sendo adenocarcinoma o de maior prevalência (CIRILLO, 2008). Sua localização mais comum corresponde às glândulas abdominais e inguinais, possivelmente por serem as de maior parênquima mamário (DE NARDI et al., 2008). O presente trabalho tem por objetivo descrever um caso de metástase cardíaca, oriunda de tumor mamário em cadela. Relato de Caso Em junho de 2013, foi atendida, em uma clínica veterinária, uma cadela, Poodle, de 4,9 kg, 15 anos e com neoplasia mamária, relatada pela tutora. No exame físico, evidenciouse nodulações mamárias em mamas abdominal cranial e caudal do lado esquerdo, e inguinal direita. Para realizar cirurgia, foi solicitado hemograma, bioquímica sérica de perfil hepático e renal e, para estadiamento clínico, fez-se radiografia de tórax, que revelou parênquima pulmonar com padrão intersticial, difusamente associado ao espessamento da parede de alguns brônquios. No mês seguinte, foi realizada a mastectomia parcial bilateral simultânea à ovariosalpingohisterectomia e a paciente foi liberada com prescrição pós-cirúrgica, obtendo bom pós-operatório. Por opção da tutora, não foi realizada histopatologia da peça cirúrgica. Em março de 2016, em novo atendimento, foi relatado que, a partir de outubro de 2015 surgiram nódulos em mamas torácicas craniais esquerda e direita, no momento ulcerados. Além disso, possuía histórico de emagrecimento progressivo, apatia, hiporexia, cansaço fácil e discreta dispneia expiratória. Em exame físico, observou-se abaulamento abdominal sem sensibilidade dolorosa, mucosas hipocoradas e temperatura retal 38,5°C. Na ausculta cardiopulmonar, frequência e ritmo cardíacos normais e sopro sistólico em foco tricúspide de grau III/VI (GOMPF, 2002). Apresentou também, sibilo em campos pulmonares, em ambos os hemitórax. A pressão arterial sistólica sistêmica era de 90 mmHg, abaixo da normalidade (ref.: 120mmHg), segundo Ancierno (2018). Com a realização de hemograma e dosagens de creatinina, glicose e ALT, notabilizou-se discreta anemia (11,1 – ref.: 12-18 g/dL), hematócrito 34% (ref.: 37-55%) e trombocitopenia (144.000 - ref.: 150.000-500.000); leucocitose (20.200 - ref.: 6.000-17.000/µL) com linfopenia (202 – ref.: 1.000-4.800/µL) e neutrofilia (95 – ref.:6077/µL) sem desvio à esquerda; creatinina (2,6 mg/dl - ref.: 0,5-1,5); ALT (70,5 - ref.:10-65 UI/L). O animal foi encaminhado à radiologia, que revelou parênquima pulmonar com padrão intersticial estruturado e nódulos dispersos, o maior com cerca de 1,3 cm, sugerindo neoplasia. O ecodopplercardiograma indicou neoformação hiperecoica heterogênea, em átrio direito de 2 cm, que gerava turbilhonamento sanguíneo. Foi detectado, por ultrassonografia, conteúdo hipoecoico em segmento intestinal e líquido livre em tórax. A efusão torácica foi classificada como hemorrágica, após análise. Passados sete dias, a paciente veio a óbito e foi realizada necropsia, que revelou histologia semelhante e metaplasia escamosa em nódulos cardíaco e pulmonar, confirmando metástase de origem primária à neoplasia mamária, devido ao tecido glandular presente. Discussão A castração antes do primeiro cio é indicada para reduzir as chances de neoplasias mamárias, associadas à posterior sensibilização hormonal (SORENMO, 2003). A paciente foi castrada com 13 anos, quando realizada a primeira mastectomia parcial. Nos exames radiográficos, foram detectados nódulos pulmonares maiores que 4-5 mm, sendo a sensibilidade deste exame em detectar metástase pulmonar estimada em 65-97%, quando realizadas, no mínimo, duas projeções (latero-lateral direita e ventrodorsal/dorsoventral) (SOAVE, 2008). Neste caso foi realizada radiografia torácica em ambas as projeções, e ficou sugerida a neoplasia metastática. A alteração hematológica identificada foi, possivelmente, decorrente da síndrome paraneoplásica e sequestro sanguíneo tumoral (BERGMAN, 2007). O ecodopplercardiograma evidenciou neoformação em átrio direito, que ocasionava o turbilhonamento sanguíneo, promotor do sopro. Isso corrobora com o descrito por Dias (2005), que citou o epicárdico como o local cardíaco acometido com maior frequência (75,5% dos casos). Nessas ocasiões, a determinação do tipo histológico do tumor cardíaco é importante para direcionar o tratamento mais eficaz (LIMA; CROTTI, 2004). A disseminação linfática tende a originar metástases pericárdicas e a hematogênica origina, preferencialmente, metástases miocárdicas (LIMA; CROTTI, 2004), assim como no presente caso. Conclusão A sintomatologia desta neoplasia e o avanço de suas metástases sobre estruturas cardíacas, implica em comprometimento hemodinâmico, o que dificulta o diagnóstico. Entretanto, conclui-se que o acompanhamento cardiológico de pacientes oncológicos é válido, visto que o prognóstico é reservado, devido à variabilidade de evolução do quadro. Para tanto, a assistência médico-veterinária possibilita uma sobrevida com mais qualidade. Referências Bibliográficas ANCIERNO, M.J.; BROWN, S.; COLEMAN A.E.; JEPSON, R.E.; PAPICH, M.; STEPIEN, R.L.; SYME, H.M.ACVIM consensus statement: Guidelines for the identification, evaluation, and management of systemic hypertension in dogs and cats. Journal of Veterinary Internal Medicine, v.32, p.1803-1822, 2018. BERGMAN, PJ. Paraneoplastic syndromes. In: WITHROW, S.J.; MACEWEN, E.G. (eds). Small Animal Clinical Oncology, 4rd edition, WB Saunders Company, 2007, p.35. CIRILLO, J.V. Tratamento quimioterápico das neoplasias mamárias em cadelas e gatas. Revista do Instituto de Ciência da Saúde, v.26, n.3, p.325-327, 2008. DE NARDI, A.B.; RODASKI, S.; ROCHA, N.S.; FERNANDES, S.C. Neoplasias Mamárias. In: DALECK, C. 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Sêmina - Ciências Agrárias, v.29, n. 2, p.399-406, 2008. SORENMO, K. Canine mammary gland tumors. Veterinary Clinics of North America, Small Animal Practice. v.33, n.3, p.573-596, 2003.
Título do Evento
VI SAMVET 2020 - Semana Acadêmica da Pós-Graduação em Medicina Veterinária - SamVet / VI Mostra de Trabalhos da Medicina Veterinária
Título dos Anais do Evento
Anais SamVet 2020
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

ALVES, Mariana Berriel; JULIASSE, Priscila das Mercês de Sena. METÁSTASES CARDÍACA E PULMONAR DE ADENOCARCINOMA MAMÁRIO - RELATO DE CASO.. In: Anais SamVet 2020. Anais...Seropédica(RJ) UFRRJ, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SamVet2020/314829-METASTASES-CARDIACA-E-PULMONAR-DE-ADENOCARCINOMA-MAMARIO---RELATO-DE-CASO. Acesso em: 04/05/2025

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