MEMBRANA OCULAR PERSISTENTE EM FELINO DOMÉSTICO

Publicado em 27/01/2021 - ISSN: 2237-4949

Título do Trabalho
MEMBRANA OCULAR PERSISTENTE EM FELINO DOMÉSTICO
Autores
  • Ryshely Sonaly De Moura Borges
  • Francisco Herbeson Aquino Silva
  • RAYLANNE LETICIA PESSOA SOUSA
  • Darlla Whaianny Fernandes de Lima
  • Ana Karoline Rocha Vieira
  • Eraldo Barbosa Calado
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Cirurgia
Data de Publicação
27/01/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/samvet2020/314192-membrana-ocular-persistente-em-felino-domestico
ISSN
2237-4949
Palavras-Chave
olho, anomalia congênita, gato
Resumo
Introdução O olho é uma inegável ferramenta adaptativa dos animais vertebrados, dele advém a visão, sentido primordial para sobrevivência e interação com o meio externo (WILLIAMS, 2010). Para tanto, possui estrutura complexa, e mecanismos de participação conjunta entre fatores físicos, químicos e biológicos a fim de exercer sua função adequadamente (MILLER, 2008). Anormalidades congênitas podem ser estruturais e/ou funcionais de tecidos, órgãos e sistemas, de caráter hereditário ou etiologia infecciosa, tóxica, química, ou ainda, por agressões físicas ou deficiências nutricionais (BROWN, 2007). Más formações podem ocorrer esporadicamente sem que haja envolvimento de uma causa específica (RADOSTITS et al., 2007). Achados dessa ordem em felinos parecem ser ainda menos frequentes que na espécie canina (BUOTE; REESE, 2006). Contudo, a literatura nacional consultada acerca de enfermidades oculares em gatos se revelou escassa, e não é diferente o que ocorre a nível de traduções das principais fontes estrangeiras; dessa forma, o relato de casos na rotina veterinária relacionados à oftalmologia são essenciais para contribuir com o somatório das informações, compartilhando vivências e condutas eficientes à resolução de oftalmopatias congênitas em felinos domésticos. Relato de caso Foi atendido no Hospital Veterinário Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia da UFERSA um felino doméstico, fêmea, 5 meses de idade, SRD, com 3,2 kg de massa corpórea. Durante a anamnese, o tutor relatou presença de membrana ocular recobrindo olho esquerdo, desde seu nascimento. Em atendimento clínico/oftálmico anterior devido acúmulo de secreção ocular e epífora, foi prescrito pomada tobramicina tópica, na qual obteve resposta recidivante, após o fim do período prescrito. Durante o exame físico, o paciente estava alerta, mucosas róseas, estado nutricional ideal, desidratação menor que 5%, sem ectoparasitas. Linfonodo submandibular esquerdo levemente aumentado. Pulso femoral forte e tempo de preenchimento capilar de 2 segundos. Narinas úmidas e sem secreções. Quanto ao sistema oftálmico, observou-se a presença de um tecido que, macroscopicamente, possuía aspecto característico da conjuntiva de membrana nictante. Sendo, diagnosticada persistência de membrana ocular em canto lateral de olho esquerdo (Figura 1A), foi preconizada conduta cirúrgica para resolução, tendo em vista a existência de acúmulo de secreção ocular, epífora e obstrução do campo de visão. Antes do procedimento cirúrgico, foram realizados exames pré-cirúrgicos hematimétricos e bioquímicos séricos, executados no laboratório do HOVET. Em hemograma, foi vista alteração em taxa de hematócrito sendo de 48% (referência: 24-35%); em bioquímica sérica, a fosfatase alcalina estava em 214UI.L-1 (referência: 20-126 UI.L-1). O paciente foi submetido a jejum sólido de 12 horas e jejum hídrico de 6 horas. Como medicação pré-anestésica foi aplicado cetamina (5 mg.kg-1), midazolam (0,3 mg.kg-1) e tramadol (3 mg.kg-1) todos por via intramuscular profunda. A indução anestésica foi feita com propofol (4mg.kg-1) e fentanil (3 mg.kg-1) por via intravenosa. A manutenção anestésica se deu por anestesia geral inalatória com sevofluorano (1,3 CAM) diluído em oxigênio a 100%, num sistema respiratório aberto, em circuito de Baraka. Para a analgesia preemptiva, além da fentanila, utilizou-se dipirona (25 mg.kg-1) por via intravenosa; considerando o clearance e controle da infecção, trinta minutos antes da cirurgia foi aplicado cefalotina (30 mg.kg-1) por via intravenosa; e realizado bloqueio anestésico local com lidocaína a 2% (9 mg.kg-1), sem vasoconstrictor, nas pálpebras superior e inferior esquerdas. Após bloqueio periorbital em pálpebras, realizou-se antissepsia da periórbita com clorexidine degermante e clorexidine alcoólico, seguiu-se preparo do campo cirúrgico. A membrana persistente foi elevada com auxílio de pinça anatômica e a diérese (Figura 1B) feita com tesoura Potts-Smith com Introdução O olho é uma inegável ferramenta adaptativa dos animais vertebrados, dele advém a visão, sentido primordial para sobrevivência e interação com o meio externo (WILLIAMS, 2010). Para tanto, possui estrutura complexa, e mecanismos de participação conjunta entre fatores físicos, químicos e biológicos a fim de exercer sua função adequadamente (MILLER, 2008). Anormalidades congênitas podem ser estruturais e/ou funcionais de tecidos, órgãos e sistemas, de caráter hereditário ou etiologia infecciosa, tóxica, química, ou ainda, por agressões físicas ou deficiências nutricionais (BROWN, 2007). Más formações podem ocorrer esporadicamente sem que haja envolvimento de uma causa específica (RADOSTITS et al., 2007). Achados dessa ordem em felinos parecem ser ainda menos frequentes que na espécie canina (BUOTE; REESE, 2006). Contudo, a literatura nacional consultada acerca de enfermidades oculares em gatos se revelou escassa, e não é diferente o que ocorre a nível de traduções das principais fontes estrangeiras; dessa forma, o relato de casos na rotina veterinária relacionados à oftalmologia são essenciais para contribuir com o somatório das informações, compartilhando vivências e condutas eficientes à resolução de oftalmopatias congênitas em felinos domésticos. Relato de caso Foi atendido no Hospital Veterinário Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia da UFERSA um felino doméstico, fêmea, 5 meses de idade, SRD, com 3,2 kg de massa corpórea. Durante a anamnese, o tutor relatou presença de membrana ocular recobrindo olho esquerdo, desde seu nascimento. Em atendimento clínico/oftálmico anterior devido acúmulo de secreção ocular e epífora, foi prescrito pomada tobramicina tópica, na qual obteve resposta recidivante, após o fim do período prescrito. Durante o exame físico, o paciente estava alerta, mucosas róseas, estado nutricional ideal, desidratação menor que 5%, sem ectoparasitas. Linfonodo submandibular esquerdo levemente aumentado. Pulso femoral forte e tempo de preenchimento capilar de 2 segundos. Narinas úmidas e sem secreções. Quanto ao sistema oftálmico, observou-se a presença de um tecido que, macroscopicamente, possuía aspecto característico da conjuntiva de membrana nictante. Sendo, diagnosticada persistência de membrana ocular em canto lateral de olho esquerdo (Figura 1A), foi preconizada conduta cirúrgica para resolução, tendo em vista a existência de acúmulo de secreção ocular, epífora e obstrução do campo de visão. Antes do procedimento cirúrgico, foram realizados exames pré-cirúrgicos hematimétricos e bioquímicos séricos, executados no laboratório do HOVET. Em hemograma, foi vista alteração em taxa de hematócrito sendo de 48% (referência: 24-35%); em bioquímica sérica, a fosfatase alcalina estava em 214UI.L-1 (referência: 20-126 UI.L-1). O paciente foi submetido a jejum sólido de 12 horas e jejum hídrico de 6 horas. Como medicação pré-anestésica foi aplicado cetamina (5 mg.kg-1), midazolam (0,3 mg.kg-1) e tramadol (3 mg.kg-1) todos por via intramuscular profunda. A indução anestésica foi feita com propofol (4mg.kg-1) e fentanil (3 mg.kg-1) por via intravenosa. A manutenção anestésica se deu por anestesia geral inalatória com sevofluorano (1,3 CAM) diluído em oxigênio a 100%, num sistema respiratório aberto, em circuito de Baraka. Para a analgesia preemptiva, além da fentanila, utilizou-se dipirona (25 mg.kg-1) por via intravenosa; considerando o clearance e controle da infecção, trinta minutos antes da cirurgia foi aplicado cefalotina (30 mg.kg-1) por via intravenosa; e realizado bloqueio anestésico local com lidocaína a 2% (9 mg.kg-1), sem vasoconstrictor, nas pálpebras superior e inferior esquerdas. Após bloqueio periorbital em pálpebras, realizou-se antissepsia da periórbita com clorexidine degermante e clorexidine alcoólico, seguiu-se preparo do campo cirúrgico. A membrana persistente foi elevada com auxílio de pinça anatômica e a diérese (Figura 1B) feita com tesoura Potts-Smith com Introdução O olho é uma inegável ferramenta adaptativa dos animais vertebrados, dele advém a visão, sentido primordial para sobrevivência e interação com o meio externo (WILLIAMS, 2010). Para tanto, possui estrutura complexa, e mecanismos de participação conjunta entre fatores físicos, químicos e biológicos a fim de exercer sua função adequadamente (MILLER, 2008). Anormalidades congênitas podem ser estruturais e/ou funcionais de tecidos, órgãos e sistemas, de caráter hereditário ou etiologia infecciosa, tóxica, química, ou ainda, por agressões físicas ou deficiências nutricionais (BROWN, 2007). Más formações podem ocorrer esporadicamente sem que haja envolvimento de uma causa específica (RADOSTITS et al., 2007). Achados dessa ordem em felinos parecem ser ainda menos frequentes que na espécie canina (BUOTE; REESE, 2006). Contudo, a literatura nacional consultada acerca de enfermidades oculares em gatos se revelou escassa, e não é diferente o que ocorre a nível de traduções das principais fontes estrangeiras; dessa forma, o relato de casos na rotina veterinária relacionados à oftalmologia são essenciais para contribuir com o somatório das informações, compartilhando vivências e condutas eficientes à resolução de oftalmopatias congênitas em felinos domésticos. Relato de caso Foi atendido no Hospital Veterinário Jerônimo Dix-Huit Rosado Maia da UFERSA um felino doméstico, fêmea, 5 meses de idade, SRD, com 3,2 kg de massa corpórea. Durante a anamnese, o tutor relatou presença de membrana ocular recobrindo olho esquerdo, desde seu nascimento. Em atendimento clínico/oftálmico anterior devido acúmulo de secreção ocular e epífora, foi prescrito pomada tobramicina tópica, na qual obteve resposta recidivante, após o fim do período prescrito. Durante o exame físico, o paciente estava alerta, mucosas róseas, estado nutricional ideal, desidratação menor que 5%, sem ectoparasitas. Linfonodo submandibular esquerdo levemente aumentado. Pulso femoral forte e tempo de preenchimento capilar de 2 segundos. Narinas úmidas e sem secreções. Quanto ao sistema oftálmico, observou-se a presença de um tecido que, macroscopicamente, possuía aspecto característico da conjuntiva de membrana nictante. Sendo, diagnosticada persistência de membrana ocular em canto lateral de olho esquerdo (Figura 1A), foi preconizada conduta cirúrgica para resolução, tendo em vista a existência de acúmulo de secreção ocular, epífora e obstrução do campo de visão. Antes do procedimento cirúrgico, foram realizados exames pré-cirúrgicos hematimétricos e bioquímicos séricos, executados no laboratório do HOVET. Em hemograma, foi vista alteração em taxa de hematócrito sendo de 48% (referência: 24-35%); em bioquímica sérica, a fosfatase alcalina estava em 214UI.L-1 (referência: 20-126 UI.L-1). O paciente foi submetido a jejum sólido de 12 horas e jejum hídrico de 6 horas. Como medicação pré-anestésica foi aplicado cetamina (5 mg.kg-1), midazolam (0,3 mg.kg-1) e tramadol (3 mg.kg-1) todos por via intramuscular profunda. A indução anestésica foi feita com propofol (4mg.kg-1) e fentanil (3 mg.kg-1) por via intravenosa. A manutenção anestésica se deu por anestesia geral inalatória com sevofluorano (1,3 CAM) diluído em oxigênio a 100%, num sistema respiratório aberto, em circuito de Baraka. Para a analgesia preemptiva, além da fentanila, utilizou-se dipirona (25 mg.kg-1) por via intravenosa; considerando o clearance e controle da infecção, trinta minutos antes da cirurgia foi aplicado cefalotina (30 mg.kg-1) por via intravenosa; e realizado bloqueio anestésico local com lidocaína a 2% (9 mg.kg-1), sem vasoconstrictor, nas pálpebras superior e inferior esquerdas. Após bloqueio periorbital em pálpebras, realizou-se antissepsia da periórbita com clorexidine degermante e clorexidine alcoólico, seguiu-se preparo do campo cirúrgico. A membrana persistente foi elevada com auxílio de pinça anatômica e a diérese (Figura 1B) feita com tesoura Potts-Smith com lâminas curvadas. Seguiu-se a instilação de 3 gotas de norepinefrina (0,1ml) da apresentação comercial (1:1000) diluída em 1mL-1 de solução salina isotônica, para possível hemostasia pós cirúrgica imediata. Finalizada a exérese sem hemorragia ou necessidade de suturas (Figura 1C). Resultados e Discussão Relatos de persistência de membrana são raros mas, quando descritos, esta está geralmente vinculada a outras estruturas, principalmente pupila (BUOTE; REESE, 2006). Entretanto, neste estudo isso não foi observado e, segundo relato do tutor, a membrana esteva presente no animal desde seu nascimento trazendo danos ou complicações à visão do animal. Por este motivo, optou-se por remoção cirúrgica da membrana ocular persistente, sendo o procedimento cirúrgico executado sem intercorrências, não havendo recidiva e complicações no pós-operatório. A persistência da membrana por tempo prolongado, e estendendo-se por sobre a córnea, pode contribuir com acúmulo de bactérias localmente. No felino deste relato, macroscopicamente, a membrana persistente apresentava coloração avermelhada, semelhantes à mucosa da membrana nictante, não foi observado sinais de irritação local ou inflamação em estruturas adjacentes. Apesar do paciente apresentar ponto com pequena opacificação na área equatorial central da córnea, ao teste com tira de fluoresceína não foi evidenciada úlcera de córnea, apenas leve processo inflamatório com infiltração de líquidos devido ao constante atrito na córnea. O tratamento cirúrgico foi o preconizado, tendo em vista que, apesar de não haver processo infeccioso, sua característica progressiva de atritamento à córnea provocava dor ao animal. Conclusão A exérese cirúrgica da membrana ocular persistente foi eficiente para desobstruir o campo de visão do paciente, promover a prevenção de acúmulos de sujidades e bactérias, e pode-se inferir que a progressão de uma possível úlcera de córnea pode ser evitada neste paciente. O uso local de alíquota de norepinefrina contribuiu com a hemostasia e preveniu a necessidade de suturas.
Título do Evento
VI SAMVET 2020 - Semana Acadêmica da Pós-Graduação em Medicina Veterinária - SamVet / VI Mostra de Trabalhos da Medicina Veterinária
Título dos Anais do Evento
Anais SamVet 2020
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BORGES, Ryshely Sonaly De Moura et al.. MEMBRANA OCULAR PERSISTENTE EM FELINO DOMÉSTICO.. In: Anais SamVet 2020. Anais...Seropédica(RJ) UFRRJ, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SamVet2020/314192-MEMBRANA-OCULAR-PERSISTENTE-EM-FELINO-DOMESTICO. Acesso em: 27/06/2025

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