ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA EM FELINO SUBMETIDO À CIRURGIA ORTOPÉDICA: RELATO DE CASO

Publicado em 27/01/2021 - ISSN: 2237-4949

Título do Trabalho
ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA EM FELINO SUBMETIDO À CIRURGIA ORTOPÉDICA: RELATO DE CASO
Autores
  • Alyandara Caruso Bittencourt
  • Gustavo Nunes de Santana Castro
Modalidade
Resumo expandido
Área temática
Anestesiologia
Data de Publicação
27/01/2021
País da Publicação
Brasil
Idioma da Publicação
Português
Página do Trabalho
https://www.even3.com.br/anais/samvet2020/313495-anestesia-total-intravenosa--em-felino-submetido-a-cirurgia-ortopedica--relato-de-caso
ISSN
2237-4949
Palavras-Chave
ATIV, infusão contínua, fármacos adjuvantes
Resumo
¹BITTENCOURT, Alyandara Caruso; ² Castro, Gustavo Nunes de Santana ¹ Graduanda, Medicina Veterinária,UFRRJ; ² Doutorando, PPGMV/UFRRJ Palavras chave: ATIV, infusão contínua, fármacos adjuvantes Introdução A anestesia total intravenosa (ATIV) é uma técnica das mais utilizadas em pequenos animais atualmente, motivada pela introdução de novos fármacos de ações mais rápidas, além do aperfeiçoamento dos equipamentos de anestesia, como por exemplo, as bombas de infusão. O propofol tornou-se o agente anestésico geral de eleição na ATIV para indução e manutenção anestésica (MATA et al., 2010), pois possui ação ultracurta e metabolismo rápido (DUKE, 1995). Entretanto, o propofol não tem ação analgésica e seus efeitos adversos são dose-dependentes. Os felinos possuem diversas particularidades em relação à metabolização de fármacos, com respostas clínicas específicas a alguns agentes (ILKIW et al., 1996). Na maioria das espécies o propofol é rapidamente metabolizado e não há acúmulo no organismo, porém, em felinos há a dificuldade de metabolização. Acredita-se que os felinos apresentam dificuldade de metabolização hepática por possuir baixas concentrações de algumas enzimas, como glucoroniltransferase, que resulta em prolongamento da meia-vida do propofol e, consequentemente, interfere no período de recuperação anestésica (SOUZA, 2003; HALL; CLARKE, 1991). Portanto, recomenda-se associar outros fármacos como adjuvantes como opioides, anestésicos dissociativos e os agonistas a-2 adrenérgicos com o objetivo de diminuir sua dose e minimizar seus efeitos adversos (GRIMM et al., 2015). O fentanil é um agonista opióide µ, de curta duração, que além de promover analgesia possui menos chances de causar náuseas e vômitos do que a morfina. A cetamina altera o estado de consciência através da dissociação dos sistemas talamocortical e límbico, além de também possuir ação analgésica (GRIMM et al., 2015). Enquanto que a dexmedetomidina é um agonista alfa-2-adrenérgico que possui como finalidade a sedação, analgesia e relaxamento muscular. O presente trabalho teve como objetivo relatar um caso de anestesia total intravenosa produzida pela infusão contínua de propofol associado ao fentanil, dexmedetomidina e cetamina em um felino submetido à cirurgia ortopédica. Relato de Caso Um felino, macho, inteiro, pelo curto brasileiro, de 2 anos de idade, ASA 2, foi submetido ao procedimento cirúrgico de amputação do membro pélvico direito após traumatismo. Na avaliação pré-anestésica o animal apresentava-se extremamente agressivo, o que dificultava a manipulação e o preparo. Sendo assim, na medicação pré-anestésica optou-se pela dexmedetomidina na dose de 5 mcg/kg e cetamina (2 mg/kg), ambos via intramuscular. Na indução foi utilizado fentanil (2,5 mcg/kg) e propofol (1 mg/kg) por via intravenosa. A manutenção anestésica foi feita totalmente por via intravenosa com propofol (0,05 mg/kg/min). Com o intuito de assegurar uma analgesia no transoperatório foi realizada uma infusão contínua de adjuvantes analgésicos com a dexmedetomidina (1 mcg/kg/h), cetamina (0,5 mg/kg/h) e fentanil (2,5 mcg/kg/h). Em seguida, foi realizado o bloqueio periglótico com lidocaína (0,2 ml) e o paciente foi intubado com sonda endotraqueal número 2,5 onde foi fornecido oxigênio a 100%. O procedimento anestésico foi realizado em aproximadamente 1 hora e 10 minutos. A infusão contínua de fentanil foi interrompida após 50 minutos do início da anestesia, enquanto que a infusão contínua de dexmedetomidina, cetamina e propofol foi finalizada após 60 minutos do início do procedimento anestésico. Os parâmetros avaliados por monitor multiparamétrico, como frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), pressão arterial (mensurada por método não invasivo) média (PAM), pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD), saturação parcial de oxigênio (SpO2), concentração de dióxido de carbono ao final da expiração (EtCO2) e temperatura retal (TR) não tiveram alterações significativas no decorrer do processo. O paciente se manteve estável, sem a necessidade de resgate analgésico. A qualidade e profundidade anestésica foram avaliadas periodicamente durante a manutenção anestésica. A recuperação anestésica ocorreu de forma tranquila, e em 20 minutos o animal estava consciente e sem apresentar sinais de dor pós-operatória. Discussão Tendo em vista os efeitos adversos do uso isolado e contínuo de propofol em pacientes felinos, deve-se buscar um protocolo anestésico balanceado, como a anestesia total intravenosa com infusão contínua de propofol associado ao fentanil, dexmedetomidina e cetamina. Na rotina anestésica de pequenos animais submetidos à cirurgia ortopédica de amputação de membro pélvico é comumente realizado o bloqueio locorregional, mais especificamente o bloqueio peridural, que promove analgesia preempitiva e preventiva. Acredita-se que a escolha da anestesia regional ao invés da ATIV em felinos se deve a sua particularidade em relação à dificuldade de metabolização de fármacos por conjugação, como o que ocorre na ATIV. Embora seja uma técnica com poucos trabalhos envolvendo felinos, a infusão contínua de fármacos pode minimizar o requerimento de fármacos anestésicos, promovendo inconsciência e analgesia com maior estabilidade cardiovascular, recuperação mais tranquila e agradável. Essa técnica tem uma ampla gama de indicações e altos índices de sucesso. No caso relatado, a cetamina em doses subanestésicas, atua principalmente inibindo de maneira não competitiva os receptores N-metil D-Aspartato (NMDA), e ainda, em infusão contínua apresenta o potencial de diminuição da dor somática. A adição da dexmedetomidina ao protocolo anestésico permite a diminuição do uso de anestésicos gerais e opioides. Desse modo, busca-se o uso de fármacos de rápida ação, curta duração e rápida biotransformação, além da ausência de efeito cumulativo. Os protocolos com associações de anestésicos reduzem os efeitos indesejados tornando a técnica mais segura. A associação do propofol com opioides é considerada satisfatória em gatos, pois permite a diminuição da dose total de propofol e não prolonga a recuperação anestésica, podendo ainda ser associado à dexmedetomidina com o objetivo de diminuir a dose final do opióide, e a cetamina como agente analgésico. Conclusão A anestesia total intravenosa utilizando um protocolo balanceado foi uma técnica segura para o felino em questão. Portanto, ressalta-se a importância de protocolos de ATIV com propofol associados a fármacos adjuvantes, visando a reduzir a necessidade de infusão de anestésico geral para causar inconsciência, diminuindo a dose dos fármacos e promovendo uma manutenção anestésica de qualidade e uma recuperação rápida e segura. Referências Bibliográficas DUKE, Tanya. A new intravenous anesthetic agent: propofol. The Canadian Veterinary Journal, v. 36, n. 3, p. 181, 1995. GRIMM, K. A. et al. (Ed.). Veterinary anesthesia and analgesia: the fifth edition of Lumband Jones.John Wiley& Sons, 2015. 1072 p. Hall LH & Clarke KW (1991) Medicação pré-anestésica. In: Hall LH & Clarke KW (Eds) VeterinaryAnaesthesia. London, Bailliére Tindall. P.50 ILKIW, J.E. et al. The behaviourofhealthyawakecatsfollowingintravenousand intramuscular administrationofmidazolan. Journal of Veterinary Pharmacology and Therapeutics, v.19, n.3, p.205-216, 1996. MATA, LukiyaBirungi Silva Campos et al. Anestesia por infusão contínua de propofol associado ao remifentanil em gatos pré-tratados com acepromazina. Revista Ceres, v. 57, n. 2, p. 198-204, 2010. Souza A P. et al. Anestesia por infusão contínua e doses fracionadas de propofol em gatos pré-tratados com acepromazina. ARS Veterinária, v. 19:119-125, 2003.
Título do Evento
VI SAMVET 2020 - Semana Acadêmica da Pós-Graduação em Medicina Veterinária - SamVet / VI Mostra de Trabalhos da Medicina Veterinária
Título dos Anais do Evento
Anais SamVet 2020
Nome da Editora
Even3
Meio de Divulgação
Meio Digital

Como citar

BITTENCOURT, Alyandara Caruso; CASTRO, Gustavo Nunes de Santana. ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA EM FELINO SUBMETIDO À CIRURGIA ORTOPÉDICA: RELATO DE CASO.. In: Anais SamVet 2020. Anais...Seropédica(RJ) UFRRJ, 2020. Disponível em: https//www.even3.com.br/anais/SamVet2020/313495-ANESTESIA-TOTAL-INTRAVENOSA--EM-FELINO-SUBMETIDO-A-CIRURGIA-ORTOPEDICA--RELATO-DE-CASO. Acesso em: 13/05/2025

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